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    Um bom restaurante consegue manter o padrão mesmo quando o chef não está por lá. Pra mim, isso é regra. Um chef tem que saber treinar bem a sua equipe para que isso aconteça. Quando fui ao NAO, semana passada, ele não estava. Gostei. Foi bom que ele não estivesse. Posso afirmar que ele fez um trabalho de mestre. A equipe está tão afiada quanto a faca do chef.

    Decidimos ir lá porque queríamos uma refeição leve. Pensamos em comida japonesa, mas nada de sushi ou sashimi. Estava frio e queríamos alguma coisa quentinha. Acertamos. Éramos três e dividimos dez pratos e uma sobremesa! Mas estava tão leve que até consegui jantar mais tarde.

    Começamos pedindo o trio. Era uma espécie de Blinis de shari (arroz para sushi). Um com foie gras, outro com tartar de figo e o último com tartar de atum. Gostei mais do primeiro. Depois veio o Salmão em crosta de coco com pérolas de lichia. Quando este prato chegou na mesa, foi um uau só. Estou até agora tentando imaginar como conseguem fazer as lichias ficarem com aquela delicadeza. O terceiro foi uma Lagosta enrolada em presunto de Parma. Parecia um pacotinho, com uma musseline de abacaxi que serviu para quebrar o salgado do presunto.

    Já o Filé mignon grelhado parecia muito normal. Mas não podia ser tão simples assim. Vinha acompanhado com tempura de abacate e teriaki de mostarda. Estava divino! Depois veio o Magret de canard com chutney de manga com laranja. Super bem feito, no ponto certo, rosado. Aí chegou a Costelinha de cordeiro com purê de pimentão vermelho e tempura de provolone. Confesso que estou um pouco cansada de cordeiro, mas tudo mundo gostou. Os pratos vinham de três em três. A divisão era feita irmamente, embora não fosse o meu irmão quem estava lá.

    Depois de um breve intervalo, voltamos para os frutos do mar. Lagosta crocante com cocada mole ao licor de sakê. Este talvez tenha sido o prato que visualmente menos inspirava, mas o gosto... era uma delícia.

    Foi nesse momento que resolvi fazer aquela pergunta fatídica: "Qual o prato que mais sai?" E o garçom respondeu: "Espeto de sushi de atum recheado com foie gras e sorvete de shoyu e mel". Fiquei meio receosa, porque atum nem sempre é gostoso em todos os lugares. Mas, quando chegou o prato, o medo passou. Primeiro, porque era lindo. Tudo encaixadinho, um primor. E na boca, uma festa de sabores! Depois encaramos o Camarão em crosta de parmesão com sautê de cogumelos. O único problema, foi vir depois do atum!

    Mas não parou por aí: logo chegou o Robalo recheado com shimeji e nozes ao mel com gengibre. Estava bom, mas era o menos encantador dos pratos. E quando achei que tinha parado, me convenceram a experimentar o Rolinho de goiabada com creme de cupuaçu e sorvete de gorgonzola. Tenho que agradecer meus acompanhantes. Não poderia haver um final melhor. Depois ainda fiquei com o gosto do creme de cupuaçu gravado na minha memória.

    Bem, que o Nao Hara é um alquimista de primeira não é novidade. A jornalista Danusia Barbara, grande fã do chef, não cansa de afirmar isso. Mas neste almoço, ele me surpreendeu ainda mais. Não só pela mistura de sabores, mas principalmente pelas texturas. Eram crocs gelados, quentes. Uma explosão na medida oriental. E, uma dica: prepare o garfo com um pouquinho de tudo, para sentir exatamente o que o chef quer provocar.

    O livro de receitas dele, com apresentação da Danusia, será lançado pela Editora SENAC no dia 23 de junho. Até lá, ficarei babando. Ou então, voltarei!

    Serviço
    NAO
    Estrada da Gávea, 899 loja 304
    Shopping Fashion Mall
    São Conrado
    (21)3322-2005
     
    Comentários
    João Luiz Caputo
    Médico
    Niterói
    RJ
    12/06/2009 Uma sugestão de leitor: talvez fosse interessante dizer, mais ou menos, os preços dos pratos ou uma dica do gasto médio, ou seja, se o restaurante é barato=$; regular=$$; caro=$$$; muito caro=$$$$ e carissimo=$$$$$.
    Gilda Valentim
    Comércio de moda
    Rio de Janeiro
    RJ
    12/06/2009 ESTOU BABANDO, NOSSAAAAAA QUANTA COISA MARAVILHOSA, VOU MARCAR UMA IDA LÁ COM AS AMIGAS.

    BJKAS
    Carlos Frederico van der Ley Lima
    Artista plástico
    Niterói
    RJ
    12/06/2009 Fantastico!!!
    Cláudia Bulcão
    Niterói
    RJ
    12/06/2009 Obrigada por sinalizar esses templos de prazer gastronômicos. Não conheço o restaurante mas o farei com grande prazer e concordo com "o manter a qualidade mesmo sem a presença do chef". Às vezes tenho a desagradável sensação de nem com a presença desse a qualidade é mantida...
    Alexandre Lalas
    Jornalista
    Rio de Janeiro
    RJ
    12/06/2009 Nao Hara é, na minha opnião, o chef que está em melhor fase no Rio de Janeiro hoje. Neste dia, foi difícil escolher dez entre tantas iguarias que o cardápio oferecia.

    E, antes que perguntem, para beber fomos de Quinta dos Roques Encruzado, um branco do Dão que estava muito bom.
    Oscar Daudt
    EnoEventos
    Rio de Janeiro
    RJ
    12/06/2009 Luciana,

    Tentei fazer uma reserva para hoje a noite e já estava lotado. E olha que eu liguei por volta das 13h.

    Pelo jeito, todos os que leram sua coluna tiveram a mesma idéia...
    Helena Lacerda
    Rio de Janeiro
    RJ
    12/06/2009 Oi, Luciana,

    A sua coluna me deixou com água na boca. Adorei a dica. Também adoro a mistura de texturas e sabores.

    Beijos,
    Helena
    Mauro Raja Gabaglia
    Enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    12/06/2009 Realmente, é fundamental que um restaurante mantenha o padrão, mesmo quando o chef não esteja presente.

    Uma vez perguntaram ao "mestre" Paul Bocuse, sempre viajando para inúmeros compromissos, quem ficava no restaurante quando ele estava ausente. Ele respondeu: "as mesmas pessoas que estão, quando eu estou lá".
    Abilio Rodrigues Cardoso Junior
    Enófilo
    Brasília
    DF
    12/06/2009 Nao Hara não precisa estar presente.

    Falo isto como grande apreciador de sua cozinha. Ele prestava consultoria em um excelente restaurante aqui de Brasilia que infelizmente fechou. Aguardamos seu retorno à capital para preencher esta lacuna gastronômica.

    Abraço
    Abilio
    Neri Cavalheiro
    Médico e enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    13/06/2009 Fiquei babando por esse cordeiro... Mas acho um desafio harmonizar com esses pratos. Precisaria de um número grande de diferentes vinhos. Fiquei com vontade de ir a esse restaurante e pretendo experimentar. Será que eles têm uma boa adega? Permitem que um grupo ou confraria leve os seus vinhos?

    Abs.
    Neri Cavalheiro
    Eunice da Rosa S. Gomes
    Rio de Janeiro
    RJ
    13/06/2009 Só de ler, achei uma delícia. Quando chegar, quero ir até lá.

    Um beijo gelado (5 graus) e saudades. A propósito, adorei a coluna...
    Glaucia Guimarães
    Professora
    Niterói
    RJ
    14/06/2009 À medida que lia viajava nas palavras e na imaginação dos sentidos: sabores, sons, visagens... e parecia real. Não consigo deixar de pensar nas pérolas de lichia...

    Talvez precise ter pacto nas veias com o Oriente para criar algo tão simples e tão singelo e provavelmente tão saboroso... Essa viagem só teve uma coisa boa, já que não foi real: não tive que pagar nada. Sua coluna, Luciana tem esse poder...
    Sarah Toledo
    Designer de interiores
    Rio de Janeiro
    RJ
    16/06/2009 Luciana, adorei sua coluna!

    Bjs
    Sarah
    Nicolle Plaas Voss
    Estudante
    Rio de Janeiro
    RJ
    16/06/2009 Adorei o texto, acho que voce deixou bem claro o que voce queria dizer, o que voce gostava e o que voce nao gostava.

    Da proxima vez que voce for voce vai ter que me levar junto... me deu agua na boca.

    Beijos Nicolle
    Luciana Plaas
    Rio de Janeiro
    RJ
    16/06/2009 Olá Neri

    A carta de vinhos do Nao é bem feita, com boas opções a preço justo. Não sei como é o esquema de rolha da casa, mas basta ligar que eles dão as informações. E, realmente é complicado harmonizar tudo, por isso fomos com um branco bem estruturado que combinou bem com a maioria dos pratos.

    Abraço
    Luciana
    Elizabeth Saadi
    Secretária Executiva
    Rio de Janeiro
    RJ
    17/06/2009 Lu,

    Maravilha de coluna, me senti no NAO com vocês.

    Bjs,
    Beth
    Gabriel Aguiar
    Sommelier
    Rio de Janeiro
    RJ
    18/06/2009 Sou o sommelier do restaurante Nao e agradeço em nome da equipe todos os elogios.

    Temos uma adega de 180 rotulos sendo a metade de espumantes e brancos de mais de 14 paises. Conseguimos harmonizar todos os pratos servidos pelo chef pois a carta foi montada exclusivamente para acompanhar sua criatividade e requinte.

    Obs: Nossa rolha custa R$ 55,00.

    abçs
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]