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 Para os que amam a Bahia e não podem tirar férias tão cedo, o lugar certo para se ir é o Yorubá. Quando eu morava fora do Brasil e estava cheia de saudades era nessa comida que pensava. Fazia planos: quando chegar, vou almoçar lá! Dali pra frente tudo ficava melhor. É como voltar à casa dos pais, depois de algum tempo fora, entrar na cozinha e começar as se reencontrar com os gostos, cheiros, e sobretudo com o seu lugar. A comida tem esse poder de juntar, seja as culturas, as pessoas, ou mesmo a farinha e o feijão.
Conheço o Yorubá há bastante tempo. Quando quero levar alguém para um lugar especial, quase sempre é lá. Para quem não conhece, é até difícil de encontrar. Não tem letreiro, mas a casa, vermelha, está sempre com as portas abertas. Logo na entrada, percebe-se que é um lugar diferente. Agora tem até um jardinzinho antes da entrada. Os santos te recebem na porta! Folhas de pitanga no chão ajudam a trazer doces fluidos para casa. Neide, a proprietária, é uma baiana arretada que está no Rio há algum tempo, mas nunca perdeu o sotaque. Assim como sua comida se mantém cada vez mais baiana. Ainda bem!
Sempre começo pelo acarajé. São pequenos e basta meia porção. Assim, ainda dá para comer a carne de sol, com aipim, farofa e salada. Quando chega a hora dos pratos principais é que a coisa complica. É cada possibilidade mais apetitosa do que a outra. Mas se tem moqueca de siri mole, tudo fica mais fácil, nem penso duas vezes. Comer aquele sirizinho, inteirinho com casca e tudo, é muita satisfação. Vale lembrar que dá tranquilamente para dividir os pratos por lá.
Mas o fato de não ter sempre nem chega a ser um problema. Até porque amo o Ebubu Fulô: peixe em posta, cozido em leite de coco, gengibre, camarão fresco e defumado, com purê de banana da terra e arroz. A Neide é mesmo impressionante, ela compra os peixes, e ainda rala o coco para fazer o leite. Comprar leite de coco pronto, a Neide, nem pensar! E o Bobó de Camarão, então? O melhor que já comi! Mas não para por aí não. Outro dia, quando fui lá, ela estava fazendo as caipirinhas. Não resisti e pedi uma de caju. E não é que a danada é boa até nisso. Eita, mas essa moça não está pra brincadeira não!
Para finalizar a comilança, só pedindo o rodízio de sobremesas. Assim ninguém precisa escolher apenas uma entre as tantas delícias e pode-se comer um pouquinho de cada coisa. Depois disso da até pra encarar mais umas semanas de trabalho até as férias. O gosto da comida da Neide entra na cabeça e fica lá, alojado, te lembrando como foi bom aquele momento e dando vontade de voltar o mais depressa possível para comer tudo de novo.
Yorubá Rua Arnaldo Quintela, 94 Botafogo, RJ Tel: (21)2541-9387 www.restauranteyoruba.com.br $$ (entre de R$ 50 e R$ 100 por pessoa, entrada, prato principal para dois e sobremesa) |
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