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Quando vou para Visconde de Mauá, costumo não conseguir sair da pousada. Sempre fico na Terras Altas, do meu amigo Paulo Gomes. Também, não é para menos: o anfitrião costuma tratar os hóspedes a pão-de-ló. Eu entro em um estado de inércia absoluta. Fico do quarto para a piscina, da piscina para a sede, da sede para o quarto. Mas desta última vez não foi assim.
Caminhei até as cachoeiras. Aproveitei cada minuto. De noite não foi diferente. Embora a comida da pousada seja muito boa, eu quis experimentar os restaurantes da região. Sempre ouvi falar muito bem sobre o Rosmarinus e foi para lá que rumamos. Eu, Alexandre, Paulinho e mais duas amigas: Colleen Clayton e Beatriz Quiroga, duas argentinas que trabalham com vinhos.
Eu estava bastante animada, ouvindo música no carro. O Alexandre havia dito que não demorava mais do que trinta minutos. Também disse que a estrada até o restaurante era melhor do que a que leva até Visconde de Mauá. Mas as coisas mudam. A estrada estava tão ruim que meu humor foi piorando a cada buraco. E não eram poucos. Quando chegamos ao restaurante pensei que estava a ponto de latir. Sabe quando a fome misturada com o balanço do carro dá até um pouco de enjôo? Pois essa foi a sensação que me deu.
Ao entrar no restaurante fui voltando ao normal. Vi um sofá que parecia bem aconchegante e não tive dúvidas: aboletei-me e lá fiquei. Foi quando Júlio Buschinelli, o dono do restaurante chegou. Simpático, foi logo providenciando algo para comermos. Primeiro veio a sopa do dia. Um Consomé de tomate, frio. Tomate é tão refrescante que eu aterrissei novamente. Em seguida, serviram o couvert, do qual o consomé também fazia parte, junto com focaccia e pão rústico, legumes grelhados, azeitonas temperadas e alho confit (R$5,20).
Acompanhando o couvert, chegaram Paulinho e as meninas. E começamos a escolher. Pedi o Carpaccio de truta salmonada com azeite de manjericão (R$ 25,90). Era para eu dividir com o Alexandre, mas tenho a impressão de que comi o prato sozinha. Como primeiro prato, por sugestão do Júlio, veio uma Truta à Visconde de Mauá (R$ 48,70 a porção individual), para ser dividida por todos. Criação conjunta de seis chefs com ingredientes da região, é um filé de truta salmonada empanada com aveia e ervas sobre um molho de azedinha, capim limão, purê de batata e queijo de cabra. Estava crocante e muito saborosa.
De prato principal, Paulinho e as meninas, com a criatividade em baixa, escolheram todos o mesmo prato: Risoto de gorgonzola e rúcula com escalope de filé mignon (R$ 43,50). Até pensei que o prato fosse ser enjoativo, mas a rúcula conseguiu o feito de domar o gorgonzola e ficou ótimo. Eu e Alexandre optamos por escolher dois pratos para termos a oportunidade de provarmos mais coisas. Fomos de Soffiotti de mussarela de búfala ao pomodoro e azeite de manjericão (R$ 41,50) e Confit de pato com molho de amora e batatas douradas (R$ 59,10). O soffiotti é uma espécie de panqueca, mas com massa de macarrão. Gostei muito e poderia ter comido tudo, até porque o molho de tomates estava perfeitamente equilibrado, com acidez no ponto certo. Mas eu tinha que dividir e provei o confit. Gostei, estava bem feito, mas preferi a massa.
A comilança foi tanta que, enquanto os outros encaravam as sobremesas (Semifreddo de café com calda de frutas, R$ 11 e Merengue italiano com frutas vermelhas, R$ 14), eu voltei para o aconchegante sofá e tirei um cochilo para me preparar a encarar a estrada esburacada na volta. Mas, eis que, nesta semana, uma notinha no Ancelmo garantia que, ainda em dezembro, o trecho entre Capelinha e Visconde de Mauá será finalmente asfaltado e transformado na primeira estrada-parque do Rio de Janeiro. Espero que a melhoria da estrada, pelo menos, chegue até o Rosmarinus. A comida do Júlio Buschinelli merece.
Rosmarinus
Estrada Visconde de Mauá–Maromba (RJ), km 4
(24)3387-1550
19h/0h (ter. a sex.)
12h/17h e 19h/0h (sáb.)
13h/18h (dom.) |
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Cello Carneiro