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 O Antiquarius nasceu em 1977. Eu ainda era uma criança. Enquanto eu crescia, o restaurante se estabelecia. Muitas vezes, dormi no colo da minha mãe enquanto esperava o fim daqueles intermináveis jantares por lá. Pelo visto não fiquei com trauma de infância. Quando eu era adolescente, sempre que meu pai me perguntava onde queria almoçar, era no Antiquarius que eu queria ir. Depois que cresci, passei a frequentar menos o restaurante. Hoje são tantas opções que podemos variar mais. Naquela época não era assim. Pelo menos, na minha memória.
Nicolle, minha filha, outro dia me disse: "quando você for escrever sobre o Antiquarius pode me perguntar, porque eu sei tudo sobre o picadinho". Não entendi nada, pois nunca a levei ao restaurante. Depois fiquei sabendo que ela provara a sobra de um jantar anterior, de dois dias. Foi amor à segunda vista. Um amor genético, diga-se de passagem. O picadinho do Antiquarius é bom demais.
Outro dia, fui convidada para uma degustação lá. Vinhos portugueses da importadora Decanter, representada no Rio pela loja Espírito do Vinho. Quem fez a apresentação foi o Guilherme Corrêa, sommelier da importadora, bicampeão brasileiro. A noite prometia.
O cardápio:
Couvert: torradas, manteiga, acepipes como queijos da serra derretidos, ovos de codorna, bolinhos de bacalhau e patêsEspumante Muros Antigos Reserva Bruto Natural 2005 (Minho)
Entrada: frutos do mar grelhado.Alvarinho Muros Antigos 2008 (Minho)
Primeiro prato: arroz de patoQuinta dos Roques Reserva 2003 (Dão)
Segundo prato: cabrito assado no molho à nossa modaAltas Quintas Reserva 2005 (Alentejo)
Sobremesa: rocambole de LaranjaPorto Branco Quinta das Caldas (Douro)
O couvert é daqueles tradicionais, clássicos. Impossível fazer torradas tão perfeitas e fininhas quanto as de lá. O queijo da Serra da Estrela dispensa comentários. O Bolinho de bacalhau é sempre bom. Mas nesse dia, os Risoles estavam ainda melhores. O espumante, estruturado, gastronômico, combinou bem com o couvert. Principalmente com o bolinho de bacalhau. Depois, Frutos do mar grelhados. Camarão, lula, vieira, lagostim, polvo e salmão, acompanhados por abacaxi grelhado, lima, batata cozida e arroz de brócolis. Tudo no ponto certo, simples e com gosto. Não sobrou nada para contar a história. O vinho, um alvarinho do craque Anselmo Mendes, funcionou muito bem.
A seguir, veio o famoso Arroz de pato. Muitas pessoas se derretem ao comentar este prato. É quase um sobrenome do Antiquarius. Estava gostoso. Mas, não é o meu preferido. Já o vinho estava um absurdo de bom. Quando chegou o prato seguinte, o Cabrito assado, eu não aguentava mais comer nada, principalmente arroz. Era o terceiro prato, com o mesmo acompanhamento. E olha que o arroz de lá é muito bom: molhadinho, saboroso. Mas não há quem consiga comer tanto arroz. Talvez um legume, quem sabe uma vagem ou uma salada fizessem com que o cabrito me apetecesse mais. Mesmo assim, provei. E estava derretendo, suculento. Nem precisava de faca. O vinho, do Douro, até era bom, mas vir depois do Quinta dos Roques não é tarefa das mais fáceis.
A sobremesa foi um Rocambole de laranja. Harmonizou tão bem com o Porto branco que pareciam uma coisa só. Mesmo sem fome, devorei tudo! Conclusão: o Antiquarius continua com o estilo que o consagrou. Porções fartas, atendimento de primeira, comida super saborosa. Não é por acaso que muita gente faz de lá a extensão da cozinha de casa. Não é mesmo, Madeleine?
Restaurante Antiquarius Rua Aristides Espínola, 19 - Leblon Tel.: 2294-1049
Vinhos: Espírito do Vinho Rua Voluntários da Pátria, 448 Cobal do Humaitá Tel.: 2286-8838
Preço do jantar com os vinhos R$235,00 + 10% de serviço |
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