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Há algum tempo queria conhecer o restaurante chinês Primeira Pá. Aproveitei que tinha um compromisso na Tijuca e convenci meus companheiros, Alexandre e Nicolle, a desvendarmos mais este mistério.

Assim que chegamos ao local, Nicolle perguntou se era um hospital. Alexandre achou que era o Corpo de Bombeiros. Por fora até lembra. Mas os dois leões na porta anunciam: além do restaurante, ali funciona a Associação Cultural Chinesa. E o melhor é que se pode estacionar lá dentro mesmo. Ao entrar no restaurante, um susto: estava repleto de chineses. Se eu me assustei, imagino o susto que eles levaram conosco! Ou não. Na verdade, acho que eles nem notaram a nossa presença.

O salão é todo em amarelo. As cadeiras são forradas com tecido dessa cor. Todas têm um laço atrás, estilo festa de quinze anos. Tudo muito chinês. O que destoava éramos nós. Foi aí que a garçonete, chinesa obviamente, chegou. O português dela era bem melhor do que o meu chinês - o que não quer dizer muita coisa, mas mesmo assim a comunicação não foi fácil. Pedi um chá. Senti que mudei minha entonação, para ver se ela me entendia melhor. Como se isso fosse ajudar de alguma maneira.

Quando o chá chegou, ao colocar o bule na mesa, nossa garçonete derramou um pouco na toalha. Em outro local, o garçom talvez trocasse a toalha e pedisse mil perdões. Mas lá não é um lugar comum. E foi como se nada tivesse acontecido. Melhor assim.

Começamos pedindo gyozas cozidos, a porção pequena, que vem dez pasteizinhos (R$15). Nicolle pediu um rolinho primavera (R$2,50). Àquela altura, eu estava tão envolvida com o ambiente, o som das pessoas falando chinês, que já nem me lembrava mais exatamente qual o prato que eu estava curiosa para provar.

Os gyosas estavam bons e aproveitamos que a garçonete nos deu um pouco mais de atenção e saímos pedindo: salada de água viva (R$15), meio pato assado (R$35), macarrão frito com carne de porco e legumes mistos (R$20). Algum tempo depois volta ela dizendo que o pato tinha acabado. O último havia saído para a mesa ao lado. Quando vi, me lembrei do motivo principal da visita ao restaurante: o famoso pato!

Mas logo chegou o macarrão. Estava crocante. O molho gostoso. Em seguida o dono do restaurante nos trouxe a salada e se desculpou pelo fato de o pato havia acabado. Tentamos o leitão assado, mas também não tinha. Pensamos na barbatana de tubarão. Também não tinha. Nem a rã que quisemos experimentar. Perguntamos o que havia, e ele nos sugeriu as ostras cozidas ao vapor (R$35).

Enquanto esperávamos, provei a salada de água viva. Já havia comido sushi de água viva. Nunca me fez a cabeça. A salada não mudou meu pensamento. É gelada, salgada, com uma textura peculiar, parece uma borracha. No meio do prato, Alexandre diz que acha que está gostando. Minha resposta foi que o ser humano se acostuma com tudo. Depois de quinze garfadas então. Mas ele comeu tudo. Enfim, chegaram as ostras. Um leve sabor de gengibre e cebolinha picada. Interessante.

Já era tarde, quase na hora do meu compromisso. Como o restaurante já tinha dado uma boa esvaziada e não havia ninguém da casa no salão, pedi à Nicolle que fosse atrás da nossa ex-garçonete para pedir a conta. Veio o dono, nos deu a conta e explicou que é bom ligar antes para encomendar algumas coisas do cardápio.

Foi um almoço intrigante. A comida não foi boa, nem ruim. Mas a experiência foi impagável. Dia desses volto lá pra comer o pato. Na saída, a surpresa final: bem na porta notei que tinha uma caixa d'água grande com peixes dentro. Uma espécie de aquário. A foto saiu ruim. Mas dá pra ter uma boa ideia do que estou falando. No fim das contas, foi legal ter ido lá. Uma tarde em Chinatown, no coração da Tijuca.

Primeira Pá
Rua Gonçalves Crespo, 450
Tjuca
Tel: (21)2293-2653
 
Comentários
Tito Villar
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
18/12/2009 Realmente o lugar é lotado de olhinhos puxados, e procuram ser bem atenciosos. Tive mais sorte, no meu dia tinha pato laqueado, vários pendurados, além de outros pratos. Falam que o chef é de um país desses da Ásia Oriental e não fala nada de outras línguas.

A comida estava muito boa, o local é simples e procuram ser cordiais. Parabéns por se aventurar em outras praias gastronômicas.
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