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Há um tempo atrás fui almoçar em um restaurante, recém inaugurado, com uma amiga. Ela pediu um macarrão estilo Asiático. Todos os ingredientes estavam descritos no cardápio. O gengibre era um deles. Quando o prato chegou, ela provou e pediu para chamar o gerente. Sem titubear disse: "não gostei, tem gengibre e não gostei do prato". O gerente, muito solícito e paciente disse: "mas está escrito no menu que o prato leva gengibre". A esta altura eu já estava quase embaixo da mesa. Ele ofereceu que o prato fosse feito sem gengibre e ela aceitou, toda satisfeita. Fim de papo. Depois fiquei pensando que o tal gerente realmente foi bastante gentil, até porque não teria a menor obrigação de aceitar o prato de volta. Afinal de contas, o erro foi dela, um típico caso de gosto pessoal, talvez uma falta de atenção na hora de escolher o prato.

Um outro dia, fui almoçar no Adegão Português, do Rio Design, na Barra. Pedi um dos pratos executivos, o bacalhau a Gomes de Sá (R$ 39,50). Quando chegou, não havia como comer o prato. O bacalhau estava duro e seco. Deixei de lado. Fiquei pensando no que fazer. Comi um pouco do bacalhau ao Brás (R$ 39,50) que o Alexandre havia pedido, para aplacar a fome. Não que estivesse grande coisa, não estava mesmo. Mas, pelo menos, era passável. Quando o garçom chegou para recolher os pratos, me perguntou se eu não havia gostado do prato. Disse exatamente o que achara do peixe: duro e seco. Só de olhar, ele concordou que o bacalhau passara do ponto. Fim de papo novamente. Pedi uma sobremesa para não ficar com mais fome, já que o prato não pude comer. Na hora da conta, ele nos avisou que a amarginha que o Alexandre havia pedido foi cortesia. Veja só, eu que fiquei com fome e ele que ganha agrado!

Embora eu não tenha mandado voltar o bacalhau, se o fizesse, teria toda a razão. O prato estava mal feito. Ao contrário do que aconteceu com minha amiga, que não percebeu que havia um ingrediente no prato que ela não gostava, com meu bacalhau a história era outra. Em suma, paguei por algo que não comi. E, tão ruim quanto o prato, foi perceber que nem o gerente, nem o maître e nem o chef se dignaram a vir à mesa para saber o que teria acontecido.

O fato de o prato estar no cardápio executivo de almoço, não dá direito ao restaurante de servir um bacalhau duro, seco, passado do ponto, com cara de velho. Em suma, bem ruim. Quando uma pessoa cozinha, em tese, a intenção é que o conviva fique satisfeito com a comida. Se um prato volta intocado, como foi o caso, a insatisfação deveria ser também do chef. Pelo menos, deveria ser assim. Afinal, é a comida que ele preparou que não agradou a quem pagou (um preço nada barato diga-se de passagem).

Tenho um amigo que, quando não gosta do prato, é curto e grosso. Manda o garçom levar a comida da mesa sem dar espaço para discussão. Mas, em suma, a decisão de mandar voltar ou não um prato é sempre pessoal. Por mais que o cliente tenha - ou não - razão.
 
Comentários
Marcos Lima
Sommelier
Rio de Janeiro
RJ
12/03/2010 Lu,

Sempre atento aos seus comentários, esse certamente me tirou o apetite. Não pelo prato, mas pela atitude do atendente(pelo que fez não posso chamá-lo de garçon). Numa situação como essa, eu jamais pagaria o prato. Você com toda elegância e a diplomacia do meu amigo, que ainda levou de lambuja uma amarquinha, o fizeram.

Mas considero importante que você torne público para que o restaurante tome as providências e o erro seja reparado não na mesa, mas na cozinha.

Forte abraço
Maurilio Engel
Rio de Janeiro
RJ
12/03/2010 Quando gostamos de algo, falamos com algumas pessoas. Quando não gostamos, falamos com muito mais gente. Com a internet, os elogios e reclamações têm um alcance maior.

Por conta de sua avaliação, nunca irei nesse lugar. Afinal, existem inúmeras opções alternativas bem pontuadas...
Roberto Franco
Médico
Rio de Janeiro
RJ
12/03/2010 Acredito que se possa falar ao garçon e ao maitre (se houver) e deixar por conta deles (em respeito e educação) oferecer a troca e/ou outra compensação e, pelo nosso lado voltar, recomendar ou não.
Nádia Lamas
Sommelier
12/03/2010 Lembro com saudade do Adegão da minha infância, no Campo de São Cristóvão... Pretendia voltar lá em breve, mas seu relato me fez mudar de ideia!
Sergio Bourbon
Rio de Janeiro
RJ
12/03/2010 Luciana

Por favor, divulgue também o nome do restaurante onde o gerente foi gentil. É tão importante ser bem atendido!
Fernando Zamboni (Zamba)
Enófilo
Caxias do Sul
RS
12/03/2010 Passei por uma situação muito parecida com a da Luciana, mas no meu caso foi com a bebida. Levei 2 garrafas de vinho ao restaurante e um deles infelizmente estava oxidado e não pode ser consumido. Quando recebi a conta, notei que foi cobrado 2 taxas de rolha, uma do vinho que estava bom e foi consumido e outra taxa pelo vinho reprovado. Mesmo informando ao garçom do ocorrido e o vinho ter sobrado todo na garrafa nada foi levado em conta na hora de cobrar.

Acredito que o correto seria não cobrar a rolha pelo vinho que não foi consumido. Estou certo?
Floriano Abinader
Eccellenza Pizzaria
Rio de Janeiro
RJ
12/03/2010 Luciana,

O tema que você levantou é muito interessante. A nossa orientação é sempre atender ao cliente, mesmo que tenhamos certeza que a reclamação não procede. Fazemos isto em prol dos demais clientes da casa. Sempre enfatizo à equipe que o cliente vai até a Eccellenza em busca de uma noite agradável e não apenas de uma refeição saborosa.

Relatos como o seu caso do gengibre, já aconteceram com pratos e inclusive com vinhos. Alguns clientes pedem determinado vinho e simplesmente dizem ao garçon que não gostaram! Felizmente são poucos. Embora devêssemos dizer ao cliente que ele terá que pagar, na prática o prejuízo acaba sendo maior. Clientes que tem esta atitude já nos mostram que não tem bom senso e provavelmente boa educação. Corremos o risco de estragar o programa de muitos outros clientes que estão tendo sua merecida noite agradável.

Já tive um caso em que o cliente se recusou a pagar uma rodada final de uns 4 chopps, alegando que merecia pois já havia consumido bastante. O garçom informou que neste caso era ele que teria que pagar e o cliente simplesmente concordou!

Temos que administrar caso a caso. Veja que a situação não é só constrangedora para o acompanhante, como no seu caso, mas também para toda a equipe do restaurante.
João Montarroyos
Mestre equitador
Rio de Janeiro
RJ
14/03/2010 Infelizmente, acontece nos melhores restaurantes, até no LE PROCOPE, onde tive que devolver uma bandeja de fruits de mer e quase saí na pancada com o maitre, um frances prendado com uma estupidez fantástica, que chegou a alegar que o restaurante era famoso, porque o Voltaire sentava na mesa ao lado; o Napoleão urinava num jarro que fica perto da porta de entrada e coisas assim, mas estressei e não paguei. Um casal ao lado comia bife com batatas fritas (que coisa). O Adegão da Barra tem um bacalhau bom, mas custa muito acima de 120 reais, esses pratos executivos são feitos com pirarucú salgado, aí, quem não sabe preparar, serve um solado de sapato.

Restaurantes tem suas caracteristicas. Há uma semana, fui ao OUTBACK de Botafogo e fiquei perplexo. As costeletas de porco "Ribs" não só aumentaram de tamanho, a ponto de ultrapassar os limites do prato, como também já chegam com o molho australiano fantástico e o preço é o mesmo há mais de um ano; um serviço impecável, com as moças abaixando-se ao lado da mesa para anotar o pedido (coisa de tailandes, só que, por lá, elas ficam de joelhos para os turistas especiais).

Um Malbec argentino que me deixou saudades e dormi como um anjinho, ligeiramente bêbado, feliz da vida. Eu recomendo o prato, precedido de uma salada Thousand Islands com molho "rosinha". Bom apetite a todos!
Lilian Boden
Consultora de Vinhos
Rio de Janeiro
RJ
17/03/2010 Ola Luciana

Lamentavel sua experiencia recente no Adegão Portugues/Barra. Vale ressaltar, que isso pode acontecer em qualquer lugar, com qualquer mortal! Todos temos uma experiência ou mais deste tipo para contar.

No entanto, gostaria de dizer que esta casa, que conta com a referência Matriz/Sao Cristovão, há 50 anos, com muita tradição, faz parte da historia de muitos, que por ela ja passaram, figuras ilustres e famosos, e passam ate hoje. Vamos dar um desconto para a falta de capacidade do profissional, por não saber lidar com situaçoes desta natureza, e deixar aos leitores uma imagem que nem sempre foi e nem será esta.

Sou frequentadora, gosto e tenho o maior respeito por Sr. Paco, Fabio, Marcelo etc.. e quero crer que isso servirá de alerta para o Adegão.

Lu, desejo-lhe mais sorte, da proxima vez, OK.

Bjs.
Adriana Campos
Advogada
Rio de Janeiro
RJ
19/03/2010 Costumo viajar e frequentar restaurantes nas mais diversas cidades, dos mais diversos países e em toda lugar que cheguei, por mais recomendado que fosse, sempre existiu aquele dia em que as coisas não saíram de acordo com o esperado.

Sou frequentadora assídua do Adegão Português/Barra e preciso dizer que a qualidade do atendimento, da comida, dos vinhos sempre foram razões para que eu continuasse a voltar pois eles sempre primam pelo melhor para seus clientes.

É uma pena que tenha ocorrido isso com você, Lu, mas tenho certeza que foi um acontecimento isolado e que eu jamais vi acontecer por lá e, digo mais, é a primeira vez que vejo alguém se referir a este restaurante desta forma. A qualidade do Adegão é incomparável.
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