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 Pedro e o Lobo é uma história infantil que mostra, através dos seus personagens, a sonoridade de diferentes instrumentos. Na historinha composta pelo russo Sergei Prokofiev, Pedro deixa a portão do jardim aberto por onde o pato foge, é engolido por um lobo e depois resgatado pelo menino, após engenhoso plano.
Em Lisboa, o recém-aberto Pedro e o Lobo, restaurante que tem dado o que falar na capital portuguesa, nada tem a ver com a história. Menos ainda com o nome dos dois chefs da casa, Diogo Noronha e Nuno Bergonse, dois lusitanos que se conheceram quando trabalharam juntos no restaurante Moo, do hotel Omm, em Barcelona. De volta a Portugal, abriram o restaurante em uma antiga galeria de arte que levava o nome Pedro e o Lobo.
Fui parar ali meio por acaso. Eu tinha planejado ir ao restaurante 100 Maneiras. Mas estava lotado e não consegui fazer a reserva. No mesmo dia, no almoço, a jornalista Maria João de Almeida tinha dado a dica: "ainda não fui ao Pedro e o Lobo, mas dizem que vai muito bem", comentara ela. Na impossilidade de ir ao restaurante que queria, lembrei das palavras de Maria e fui com Alexandre conhecer a novidade.
Optamos pelo menu degustação (36 euros). Assim, podíamos experimentar um pouco de tudo. O primeiro prato foi Trufa de chocolate amargo com foie gras de ganache de cassis, blinis com iogurte grego e wasabi de ovas de arenque e goma de beterraba e gengibre. Gostei do foie com o chocolate. Os dois na boca derretiam da mesma maneira. Um completava o outro. O doce do chocolate com o salgado do foie. A goma de beterraba também era um acerto. Funcionou muito bem a combinação doce e amargo.
Depois vieram as Endívias caramelizadas, mil folhas de cogumelos e purê de maçã com avelãs. Comendo os três separadamente não fez sentido algum para mim. Tentei colocar um pouco dos três na colher. Continuei achando desinteressante. O mais fraco da noite.
O terceiro prato foi Mousse de queijo da serra, com ovo do campo em baixa temperatura, migas de paiola e compota de pimentão verde assado. O prato todo misturado era muito bom. Cremoso por conta do ovo. O crocante e o salgado vinham através da miga com a paiola. O pimentão, no entanto, pouco acrescentou ao prato.
Em seguida veio o Robalo na chapa com creme de coco e limão, juliana de vagem, ostra, amêijoa e salada do mar (que é pele de atum, desidratada e defumada). Quando se usa a técnica em prol da valorização dos ingredientes, tudo faz sentido. O peixe deve ter sido cozido em baixa temperatura. Mas não era apenas o ponto do peixe que importava, mas tudo era um equilíbrio só. Esse prato foi um mergulho no fundo mar.
O prato seguinte foi Magret de pato, purê de pêra assada, mini beterrabas, pão de especiarias e acelga. Gostoso. A beterraba era de morrer. Só não aguentei comer tudo. Fossem duas fatias a menos de magret, e eu teria conseguido terminar o prato.
Na hora da sobremesa, Glaze de chocolate, praliné de avelã e sorvete de maracujá com pimenta de Sechuan. Àquela altura, eu já não podia mais continuar a comer, por isso só provei. Estavam boas.
Valeu e muito a dica de Maria João. E por mais que o nome do restaurante nada tenha a ver com a fábula de Pedro e o Lobo, enquanto no conto de Prokofiev a história é contada através da sonoridade dos instrumentos, no restaurante, cada prato aposta em textura e sabores distintos e que acabam, por que não, contando uma outra história.
Pedro e o Lobo
Rua do Salitre, nº169
1250-199 Lisboa Portugal
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