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Todas as semanas, quando chega perto do dia de enviar a coluna, fico já ligada, pensando em sobre o que vou escrever. De vez em quando tenho certeza de qual restaurante ou assunto vou falar. Outras vezes, no último minuto muda tudo. Basta passar por um lugar interessante e sinto que preciso escrever sobre aquele restaurante.
Foi o que aconteceu nesta semana, enquanto caminhava durante o dia pelo Bairro Alto, em Lisboa, um bairro que é cheio de bares e restaurantes, mas que na maioria dos casos só funcionam de noite. Estava certa de que iria escrever sobre um outro restaurante, o 100 Maneiras, onde havia jantado na noite anterior. E sobre o qual irei escrever na semana que vem, se nada de inesperado acontecer outra vez. Apesar de que, ser surpreendida duas vezes seguidas desta forma, é quase tão difícil quanto ganhar na mega-sena.
Como disse, estava passeando pelo Bairro Alto, junto com o Alexandre, completamente sem rumo. Víamos uma rua bonitinha, entrávamos nela. E assim, ao acaso, fomos descendo em direção ao Chiado. A fome já batia e procurávamos um lugar pra comer. Vimos um, do outro lado da rua, chamado Maio e que parecia interessante. Civilizados que somos, andamos mais um pouco para atravessarmos a rua no sinal. Nisso, demos de cara com um lugar que já chamou a atenção pelo nome: Sea Me.
Era uma mistura de peixaria, bar e restaurante. Ultra moderna. A escolha é do freguês. Se quiser só comprar o peixe, basta entrar e escolher. Mas para mim é quase impossível entrar lá e não ficar com vontade de comer alguma coisa. Foi o que fizemos. Pedimos o cardápio e começamos a pedir coisinhas para matar a fome.
As primeiras entradas foram: salmão três gerações (5,50 euros); pataniscas ninja, feitas com mariscos (4 euros), maguro kuro (5,50 euros) e vieiras coradas (6 euros). Para beber, pedimos duas taças do espumante 3b rosé, de Filipa Pato (3 euros, cada taça).
Chegaram todos juntos. O salmão era um enrolado em que o peixe vinha de três maneiras: cru por fora, grelhado no recheio e com as ovas por cima. Achei bom. O maguro era tipo um california só que com atum em vez de kani, e abacate no lugar da manga. Não achei nada demais, mas o Alexandre adorou. Gostei muito das pataniscas, eram finas e crocantes. As vieiras estavam ótimas, mas seria melhor se o vinagrete de manga viesse por cima das vieiras. Do jeito que estava arrumado era até mais bonito, mas a manga ficava toda no prato.
Enquanto escolhíamos os pratos seguintes, conversamos com uma moça que parecia ser a gerente. Ela nos contou que a inspiração para o restaurante veio de um, do mesmo estilo, que funciona em Barcelona. E para nosso espanto maior, quando perguntamos há quanto tempo funcionava o restaurante, ela nos falou:
- Abrimos hoje.
Mal podíamos acreditar no que tinha acontecido! Estávamos andando sem rumo por Lisboa e fomos por acaso parar em um restaurante que tinha literalmente acabado de inaugurar!
Voltando aos pratos, escolhemos escabeche de peixe - que os portugueses levaram para o Japão - (4 euros) e o choco fritoha (4 euros). Para acompanhar, duas taças de alvarinho Muros Antigos (3 euros, cada taça). O escabeche era três porções, cada uma com um peixe diferente. A lula achei dura, mas o salmão estava uma gostosura. O choco frito nada mais era do que lula frita, com um tempura que usava a tinta da própria lula. Continuei achando ela dura, mas comi tudo porque não resisto a um tempura.
Eu nem iria pedir sobremesa, mas quando me dei conta, o Alexandre já tinha escolhido duas. Eu comi a Maria bolacha (4,5 euros), que era biscoito tipo maria, com creme por cima e raspa de chocolate. Vinha com uma xícara de café para derramar no doce. Estava divino. O Alexandre pediu lascas de abóbora, cozida com cravo e canela e com creme por cima (4,5 euros). Eu nem provei, mas ele adorou.
Não podia ser melhor. Se tivéssemos planejado a escolha do restaurante, dificilmente seria tão bom. Ou seja: precisamos estar sempre de olhos abertos para enxergarmos as boas surpresas que às vezes aparecem em nosso caminho.
Sea Me
Rua do Loreto, 21
1200-241 Lisboa
Tel. 21 346 15 64/ 65
www.peixariamoderna.com |
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