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No início da década de 90 o brasileiro morria de fome. A desnutrição infantil era um dos grandes problemas do Brasil, o número de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza era inconcebível. Éramos uma nação de esfomeados. A estabilidade e o crescimento econômico dos últimos anos melhorou muito esse quadro. Muita gente ainda morre de fome, mas em escala menor do que morria antes. Em compensação o número de obesos disparou. Segundo o Ministério da Saúde, 13,9% da população brasileira é de obesos. Se nada for feito, até 2022 podemos alcançar os Estados Unidos, lideres mundiais nessa triste estatística. Lá mais de 1/3 da população é obesa. Como o número de doenças relacionadas a obesidades inclui diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão, podemos concluir que hoje o brasileiro morre por comer demais. Comemos muito e muito mal.

Estamos levando uma vida bem mais sedentária. Antes culpávamos a televisão, agora o vilão é o computador. Para mudar este quadro, é importante que haja a conscientização de todos. Temos que saber identificar o mal que certos alimentos podem vir a nos fazer. Assim fica mais fácil fazermos escolhas.

Um bom exemplo é o que acontece com o arroz e o feijão, que sempre foi o prato do brasileiro. Segundo dados do IBGE, nos últimos 30 anos caiu em 31% o consumo do arroz e do feijão. Em contrapartida, o consumo dos refrigerantes e biscoitos tiveram um aumento de 400%. O feijão preto custa R$2,59. Já um pacote de biscoito salgadinho, custa R$1,99 e só tem que abrir o pacote, nem precisa cozinhar durante uma hora. A tentação é muito grande. Mas o estrago é ainda maior.

Tirando o marinheiro Popeye que fica forte depois que come espinafre e o Pernalonga que vive mastigando cenoura, a propaganda de produtos que fazem mal à saúde é massacrante. A mensagem que é mandada para crianças, associando a imagem de super heróis e vida saudável com produtos que engordam e não trazem nenhum benefício à saúde é nociva. É necessário que sejam criadas leis que controlem a propaganda dos alimentos e façam advertências aos produtos que podem fazer mal. Por outro lado, alimentos saudáveis deveriam ter o benefício de uma tributação diferenciada. Enquanto uma salada for mais cara do que um saco de baconzitos, fica complicado. Só para deixar bem claro: nada contra o salgadinho, mas apenas deveria ser combatido o consumo em excesso deste tipo de produto.

Vivemos em uma sociedade com pressa. Tudo é urgente. Mensagens, emails, tudo precisa ser respondido imediatamente, tudo é pra ontem. O ato de cozinhar está cada vez mais raro. Tirando os que sentem prazer em cozinhar ou podem pagar uma empregada que faça o serviço para eles, ninguém entra mais na cozinha. Muito menos para fazer aquela comidinha básica do dia-a-dia. Isto influenciou na mudança de hábitos alimentares do brasileiro. E é outro dos motivos para o quadro perigoso que se avizinha.

Outro ponto é um planejamento urbano melhor, que estimule a prática de exercícios. Com mais ciclovias, calçadas para pedestres e áreas de lazer com iluminação adequada, o apelo é muito maior em prol da saúde.

Essa é um campanha demorada, mas é possível enxergar a luz no fim do túnel. Que o diga Jamie Oliver. Ele fez uma campanha contra o uso de comida processada (fast food) na dieta das escolas do Reino Unido e dos Estados Unidos. Para isso teve que ensinar as merendeiras a cozinhar. Elas simplesmente abriam pacotes de nuggets, colocavam no forno e serviam para as crianças. Esse era o tipo de comida que era distribuído pelo governo as escolas públicas. Depois dessa campanha, as crianças passaram a saber identificar os legumes e as verduras e também para que ele servem. Coisa que a maioria não tinha idéia. É um caminho longo mas possível.

Essa é a melhor época do ano para fazermos novas promessas, resoluções. Uma delas poderia ser adotar um dieta mais saudável e fazer mais exercício. Desejo um Natal ótimo para todo mundo. E que as pessoas pensem um pouco no que comem e, principalmente, no que acostumam as crianças a comerem. Prestando atenção nestes pequenos detalhes, estaremos dando um grande passo para termos mais saúde, não apenas no ano que vem.
 
Comentários
Leonardo Brunet
Economista
Rio de Janeiro
RJ
17/12/2010 Perfeito! Ótimo texto abordando diversos aspectos da questão. Feito por alguém que se dedica à crítica gastronômica, ressalta o fato de que comer bem não significa comer muito, nem tampouco comer qualquer coisa. É ser saudável e degustar as coisas boas da vida.
Altanir Jaime Gava
Engenheiro Agrônomo/Tecnologista Alimentos
Niterói
RJ
17/12/2010 Cara Luciana,

Seu artigo é interessante pois chama a atenção para a obesidade, um problema crescente no Brasil.

Agora, permito-me discordar que são os alimentos industrializados os causadores maiores do mal. O que ocasiona a obesidade é o consumo exagerado de calorias, principalmente de gorduras e carboidratos. A combinação nacional de arroz/feijão é boa sobre o angulo protéico (mescla de amono-ácidos essenciais) mas, muito calórica.

Dieta balanceada e exercícios físicos programados são críticos para a melhoria da qualidade de vida. Por dieta balanceda entendo aquela composta de uma variedade de alimentos com todos os nutrientes exigidos pelo corpo humano. A chave para ganhar a guerra de peso segue um raciocínio matemático elementar: as calorias ingeridas não podem ser maiores do que aquelas gastas no mesmo dia. Caso contrário: obesidade.

Abs, Altanir
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