|

O Gero é um restaurante paulista. Pelo menos, carrega o DNA de São Paulo. Eu, como nunca fui ao restaurante na capital paulista, acho que pelo menos o que funciona em Ipanema, é carioca de raiz. De dia, a iluminação é natural, dá pra ver as árvores de Ipanema pelas janelas. De noite o foco muda, e vale prestar atenção aos quadros com retratos, também do Rio. Talvez o Gero seja daqueles paulistas, que de tão apaixonados pelo Rio, acabam virando meio cariocas.
A maioria das vezes em que fui ao Gero foi a convite para alguma degustação de vinhos. Desta vez não foi diferente. Fui a convite da Mistral. O proprietário da vinícola italiana Fattoria di Fèlsina, o italiano Giuseppe Mazzocolin, que esteve no Brasil, foi quem conduziu a degustação. Ficamos numa mesa redonda, o que facilita bastante nesses eventos. Os participantes foram: Ricardo Farias, Celio Alzer, Renato Machado, sua esposa Monica, Reinaldo Paes Barreto, Marcelo Copello, Alexandre Lalas, Yona Adler e eu.
Começamos com Pepestrino 2008, (R$64) um branco muito leve e fresco. Servido com rotolo di melanzane alla parmiggiana, mas nada gratinado, a berinjela era enroladinha e o queijo ficava por dentro. Gostei. Junto veio o carpaccio di salmone marinato con pesto di olive. Tudo no tom certo para um almoço de verão.
O segundo vinho foi outro branco, o I Sistri 2007, (R$127). Passamos para um vinho com mais untuosidade e achei um pouco pesado. Mas me surpreendi com o prato que o Alves, o maître do Gero, escolheu. Foi fregola alla mediterranea con frutti di maré, com frutos do mar servidos mornos. A fregola é uma massa de sêmola. Uma delicadeza só.
Chegamos aos tintos. Dali pra frente foram servidos dois vinhos para cada prato. O primeiro foi o Fèlsina Berardenga Chianti Classico 2007, (R$120). Frutado e bastante gastronômico. Junto veio o Fèlsina Chianti Classico Riserva 2006 (R$162). Ainda senti a fruta mas com mais elegância, a coisa ficou mais séria. Pena que a ousadia do prato não harmonizou de jeito nenhum. Foi um risoto com vinho tinto, radichio e queijo talegio. Apesar de o talegio ajudar o vinho, tanto o radichio, quanto o vinho usado no risoto deixaram o prato muito amargo. Mesmo assim, comi tudo.
Os vinhos seguintes foram Fontalloro 2005 e o Maestro Raro 2006 (cada um R$249). São, ambos, bem estruturados e envelhecem muito bem. O primeiro achei mais fácil de beber agora. O segundo é mais encorpado e vale esperar um pouquinho mais. Se no prato anterior a harmonização deu errado, nesse foi jogo ganho: paleta de cordeiro com molho de trufas negras. Não teve erro. Olha que já ando um pouco sem paciência para cordeiro, mas o do Gero é imbatível. O Celio disse até que eu teria que tirar uma foto do prato vazio para mostrar a satisfação geral.
Na hora da sobremesa, a maioria das pessoas queria abacaxi, inclusive eu. O Alves, que não é bobo nem nada, fez ouvidos de mercador e trouxe a massa de creme patissiérre assada ao forno, recheada com mousse de chocolate amargo para todo mundo - menos para o Célio. Ricardo não aguentou e falou: "Vamos vaiar o abacaxi". Reinaldo virou-se para o maître e disse: "Alves, pode ficar com o meu abacaxi que eu vou de sobremesa". O vinho servido foi o Vin Santo 2000 (R$180) que por si só, já é uma sobremesa e com cantucci ficou completo. Pena que seja tão caro.
Gero
Rua Aníbal Mendonça, 157 - Ipanema
(21) 2239-8158
|
|
|