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Desembarquei na cidade do Porto, em Portugal, no dia 11 de março, com Alexandre. No taxi que nos levou até o hotel, escutei no rádio as notícias sobre o terremoto que tinha acontecido no Japão. Até aquele momento, 19 pessoas tinham morrido. Lá pela hora do jantar esse número já estava bem maior. O sentimento de impotência diante dos fatos é enorme. Lembrei-me que no terremoto do ano passado, no Chile, o Alexandre sugeriu que as pessoas tomassem mais vinho chileno. Movidos por um sentimento de solidariedade, resolvemos jantar em um restaurante japonês e escolhemos o Góshò (o nome significa palácio imperial, em japonês arcaico).
Fizemos reserva, mas quando chegamos o restaurante estava tão vazio que imaginei que nem precisávamos ter reservado. Enganei-me. Menos de meia hora depois, a casa já estava lotada. Começamos pedindo um yaki hotategai (6 euros). Eram duas vieiras grelhadas, com um ar de eucalipto. Era a espuma que tinha esse gosto. Como a vieira é que me interessava dispensaria a espuma.
Pedimos em seguida um gyu niku tatake (4 euros), um espetinho de carne barrosã DOP (clique aqui para conhecer), macia que só ela. Poderia comer uns dez espetinhos daqueles, mas diversificar era preciso. Pedimos um kaki (5 euros), que eram duas ostras servidas, uma com caviar de malagueta e a outra com caviar de vinho do Porto. Não achei nada demais, mas o Alexandre gostou. Ainda nas entradas, pedimos o sake to suzuki no tartare, (6 euros), um tartare de robalo e salmão com caviar de Porto. Uma delícia, mas o difícil era comer de palitinho. Nossa última escolha entre as entradas foi o horenso no gomaae (3 euros), que eram bolinhos de espinafre com molho de gergelim. Para quem gosta de espinafre, é um prato cheio.
Ainda estávamos com bastante fome. Pretendíamos passar para o menu degustação (50 euros), mas o garçom desaconselhou a escolha, já que o restaurante estava lotado e os pratos iriam demorar muito a chegar. Resolvemos então pedir alguns makimonos, cada porção com quatro unidades. Pedimos o toro oshinko, feito com a barriga de atum, (8 euros); o unagi, enguia e rúcula (7 euros); o house maki, enrolado de caranguejo gigante do Alasca, ervas, ovas e maionese (8 euros) e o Goshô, enrolado de arroz com o marisco do dia com ovas de wasabi e abacate, (7 euros). Todos muito bons, mas foi a primeira vez que comi barriga de atum. Me pareceu um atum com textura de salmão com um gosto incomparável. Fiquei me deliciando com aquele gosto o quanto pude.
Após a experiência divina com a barriga do atum, ainda arrumamos espaço para provarmos a carne barrosã DOP em outra versão, grelhada no sal grosso: a gyu niku, (12 euros). Sem a menor dúvida, no espeto era bem melhor, muito mais macia e saborosa. Mesmo assim, valeu experimentar. O ambiente do Góshò é moderno e o serviço complica na hora em que o restaurante está cheio.
Para finalizar, fica a torcida para que o Japão se recupere o mais rápido possível da catástrofe que o acometeu. Por diversas vezes, o povo japonês já mostrou capacidade de organização e superação. Que desta vez não seja diferente.
Góshò
Av. Boavista, 1277
T: 22 608 67 08
Porto
Portugal
www.gosho.pt |
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