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 Com o frio daquele dia, aproveitei para colocar uma boina que estava guardada no armário há algum tempo. Essa foi toda a preparação que fiz para ir ao chá com as sobremesas do estreladíssimo chef Philippe Rigolot, na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Cheguei um pouquinho antes da hora marcada e me encaminharam para uma das mil e uma salas da linda Casa. Logo que entrei, me senti como no filme do Woody Allen, Meia noite em Paris, em que o personagem de Owen Wilson se vê em outra época: muitos adereços, um grupo mega elegante, outro pessoal que mais parecia um clube do laquê: todos me olharam, como se eu não fizesse parte daquele ambiente. Procurei com um olhar uma cadeira vazia e fui sentar rapidinho.
Tentei procurar alguma coisa para ler enquanto aguardávamos, mas não conseguia me concentrar, pois era muita informação ao meu redor. Comecei a observar as pessoas, a sentir os aromas. O ar estava carregado de perfume. Fui ficando meio em órbita, parecia até um sonho. A própria atmosfera da Casa de Cultura já tem o poder de te transportar para outro lugar, um tempo distante. Ainda mais com tantos personagens estranhos ao meu mundo, a viagem ficou ainda mais fácil. Até que finalmente me acordaram e me encaminharam para a mesa.
Só que ir para a mesa não significou que o evento iria começar. A coisa ainda demorou. O começo foi promissor: champanhe Perrier Jouet, muito bem escolhida por João Souza, sommelier da casa. Vários pãezinhos, que me segurei para não comer, afinal de contas, ainda viriam 12 sobremesas. O chocolate quente estava ótimo, amargo e quentinho. E vários outros sucos.
Mas, enfim, depois de um loooongo tempo de espera, elas finalmente chegaram: as sobremesas. Os garçons vinham, cada um carregando uma bandeja, com sobremesas diferentes. Várias ao mesmo tempo. Tentei provar todas, mas depois que vi o programa me dei conta que faltaram duas. Melhor. Eu não ia dar conta de mais nada.
Todas muito boas. Algumas não me agradaram, mas por puro gosto pessoal - estavam muito bem feitas. A minha preferida foi o Tartelette pomme granny (tartelette de maçã), sobremesa que deu ao chef um dos muitos prêmios de sua carreira. Outra maravilhosa foi o Tartelette mangue coco (tartelette de manga e coco). Nunca imaginei que pudesse gostar, mas era tão delicada que me fisgou logo na primeira garfada. Também adorei o Choux caramel au beurre salé, que foi feito com massa de carolina, caramelo e um salgadinho que fazia toda diferença. Delícia. Realmente o cara é um show.
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