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Instalado estrategicamente na fronteira entre Ipanema e o Leblon, é quase impossível não notar o restaurante Garden quando se tem o costume de caminhar entre os dois bairros. Mas apesar de vira-e-mexe passar na frente da casa, eu nunca tinha estado por lá. Convites não faltaram. O último deles, na festa de 55 anos do restaurante. Mas, infelizmente, não pude ir naquela ocasião. Até que, quando achei que já tinham desistido de mim, chegou outro convite para ir à casa, desta vez, por conta do 14º Festival do Camarão do Garden.
Confesso que fui cheia de preconceito. Primeiro, pelo fato de eu não ter gostado muito da nova pintura da fachada externa do restaurante. Depois, por que esse negócio de festival disso e daquilo não costuma muito fazer a minha cabeça. E o adesivo que celebra o evento tampouco achei bonito.
Mas do lado de dentro, tudo muda de figura. O restaurante é claro, com luz natural e fiquei surpresa com a quantidade de mesas que cabem lá dentro. Mas não foi só o interior do Garden que me surpreendeu. Gostei também de várias das porções que provei do bendito festival. Principalmente o poetinha, cujo nome homenageia o eterno Vinicius de Moraes. Trata-se de um camarão flambado no uísque e que ainda vem acompanhado de shot da bebida (R$39,50). Gostei também do camarão citrino, que vem grelhado, com molho cítrico e servido com risoto de maçã e, claro, camarões (R$39,50).
Ainda arranjei espaço para provar o pudim de leite, que no cardápio vem dizendo que é mais gostoso sabe lá Deus de onde. Pedi com a intenção de ver se o doce era bom mesmo como dizia a propaganda. Dito e feito: estava maravilhoso, o melhor que já comi. Era denso, como deve ser um pudim. Sai de lá encantada com o Garden, com gostinho de quero mais. Como fui a convite, preferi, antes de escrever voltar, desta vez de surpresa, para ver se a impressão persistia.
E não tardou para que eu desse as caras por lá. Dia desses, zanzando pelo Leblon, resolvi dar uma incerta. Cheguei ao restaurante já eram quase duas da tarde e fui sozinha. Estava faminta. Logo pedi um suco de tomate temperado e o couvert (R$15). Sou uma pessoa que não dispensa couvert, ainda mais quando chego ao restaurante morrendo de fome. Quando é bom então! E esse era dos bons: legumes crus, pizza branca, uma espécie de quiche de queijo, muito boa, por sinal. E ainda vem a sopa do dia.
Abastecida com a fartura do couvert, pedi ajuda ao maître Orlando para escolher o prato principal. Eu estava em dúvida entre o picadinho e o cherne, já que o camarão tinha sido a estrela da primeira vez. Pedi para ele escolher. Quando estou sozinha, sempre compartilho com o maître minhas indecisões. Mas para a coisa dar certo, o cara tem que ser escolado. E isso o Orlando é. Não pestanejou, chamou a responsabilidade e resolveu o meu problema. Almocei o picadinho do chefe: filé mignon picado na faca, acompanhado de arroz, ovo poché, banana, farofa e caldinho de feijão (R$ 49). Ele acertou na mosca, era isso que eu queria, só não sabia. Quando chegou o picadinho, arrumou meu prato, como nos velhos tempos. Ficou lindo. Gostei muito. A carne estava macia e com um molho envolvente. O caldinho de feijão também bem temperado. Farofinha crocante, banana também. E ovo com a gema, nem mole nem dura. Comi que me fartei. Só parei porque tinha um encontro com o pudim, (R$ 15). Ele estava igualzinho da última vez, não tinha mudado nada.
Depois destas duas visitas ao Garden, fiquei sem entender por que diabos demorei tanto a entrar lá. E olha que passava inúmeras vezes pelo restaurante. Não sei se é a cor da fachada, que parece mudar a cada estação (nem sempre para melhor), ou a localização que, de tão privilegiada, faz a gente perder a urgência de visitar a casa. Mas o fato é que o Garden funciona há 55 anos! Definitivamente, não é por acaso. Aquele jardim ali guarda inúmeros segredos...
Garden Restaurante
Rua Visconde de Pirajá 631
2259-3455
Ipanema
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