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Há algumas semanas, fui convidada para jantar no Enotria. Era um jantar preparado pelo festejado Joachim Koerper, chef do Eleven, em Lisboa, que já teve uma estrela Michelin. Fiquei meio ressabiada, afinal eu iria escrever sobre o chef e não sobre o restaurante. Mesmo assim, Alexandre e eu fomos prestigiar a casa, Joachim e os vinhos da Herdade da Malhadinha Nova, cujo restaurante localizado na vinícola recebe a consultoria do chef em questão.
Chegando ao restaurante, uma surpresa: o chef e seu sommelier nos receberam na porta. Sentamos e comecei finalmente a entender as coisas. Joachim aceitou o convite para chefiar a cozinha do Enotria. Apesar de o restaurante ainda não estar funcionando sob sua batuta, o jantar foi só um ensaio do que pode ser um grande espetáculo. Foi uma união do útil ao agradável, aproveitando que os produtores da Herdade da Malhadinha estavam pelo Rio, resolveram juntar a cozinha do Joachim com os vinhos, em um jantar descontraído e gostoso.
Os aperitivos foram creme de abóbora e panna cotta de amêndoa, ravióli de manga com camarão, tartar de ostra com juliana de beterraba, maçã e nuvem de soja, chamuça de confit de pato. Foi servido junto com o rosado Monte da Peceguina 2009. As entradas chegaram separadinhas no prato. Cada uma com uma textura diferente. A chamuça (samosa ou samusa são pastéis indianos) estava crocante como deve ser; o ravióli pequenino, mas cheio de sabor; a panna cotta estava aveludada com sabor adocicado; e a ostra estava um estouro, a beterraba deu um toque todo especial. O vinho acompanhou bem todos esses sabores.
A entrada foi um carpaccio de vieiras sobre uma mousse de foie-gras e azeite de trufa, com o vinho Monte da Peceguina 2009. As vieiras desmanchavam na boca, que delícia de textura. O vinho bastante fresco não fez feio.
Em seguida foi servido um bacalhau confitado, sobre knoedel, massa que pode ser feita de batata ou pão, muito comum na Alemanha e na Áustria, com pedaços de chouriço do Alentejo, tomate seco e molho com vinho da Malhadinha. O vinho foi o tinto Monte da Peceguina 2009. Estava gostoso, tanto que até o Alexandre que não aguenta mais bacalhau, gostou. Estava tenro, com gosto do bacalhau mesmo, sem firulas.
O último prato foi o carré de cordeiro com crosta de alecrim, polenta crocante e legumes glaceados. O vinho para acompanhar foi o tinto Malhadinha 2008. A carne estava macia e no ponto que o cordeiro deve ser servido, rosa. Os legumes acompanhando tudo deixaram o prato ainda melhor e a polenta deu crocância. O vinho, robusto, cumpriu seu papel.
É claro que não poderiam faltar os queijos, que estavam divinos.
A sobremesa foi creme brûlée de caramelo, gelado de cacau com azeite da Herdade da Malhadinha Nova e flor de sal do Algarve. Eu já havia provado o azeite com o pão no couvert e era muito bom. O creme não estava muito crocante, mas era saboroso.
Não vejo a hora do Joachim realmente mostrar ao que veio, quando estiver com o restaurante podendo chamar de seu. É muito bom que o Rio seja um destino não só de turistas, mas de chefs também. |
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