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Meus amigos leitores, a coluna de hoje é pura festa e uma dupla celebração. Primeiramente comemoro a coluna de número 400!

Esta soma conta apenas as colunas semanais, iniciadas na Gazeta Mercantil em março de 2001, com continuidade em meu site (www.mardevinho.com.br) e agora também aqui, no EnoEventos. Não entram nesta contabilidade os textos para revistas como a Adega, Gosto e Revista de Vinhos de Portugal, além de outras publicações.

A segunda comemoração é mais importante e internacional. Após ser eleito o melhor e mais influente jornalista de vinhos do Brasil pela revista Meininger's Wine Business International em 2009, começo 2010 com mais um reconhecimento internacional. Meu quarto e mais recente livro, Os Sabores do Douro e do Minho acaba de ser eleito o melhor livro de 2009 na categoria "livro sobre vinho europeu", pelo GOURMAND WORLD COOKBOOK AWARDS, de Paris. É um prêmio pelos 4 anos que investi neste projeto e uma honra, por se tratar de um reconhecimento internacional para um livro em um idioma (o português) sem a força do inglês ou do francês e sobre um tema (vinhos portugueses), sem o apelo dos congêneres gauleses. Fica aqui registrado o meu agradecimento à Editora Senac-SP pelo ótimo trabalho e todo o apoio.

As boas notícias não param por aí. A Escola Mar de Vinho começa o ano com novidades: parcerias culturais, descontos, promoções e uma programação intensa, não apenas no Rio de Janeiro. Começamos o ano com Vinho & Tango e Vinho & Bossa Nova no Sofitel Jequitimar (Guarujá-SP), Degustando Sinatra na Fazenda Geneve em Friburgo e com um Curso Básico no Rio, com a parceria do EnoEventos, que está sorteando aqui uma vaga para o curso. Não deixem de ver os descontos e promoções em www.mardevinho.com.br/descontos. Preparei ainda muitas surpresas para este ano, que incluem uma Grande Horizontal da Safra 1998, uma Vertical de Vega Sicilia Unico e uma Vertical de Château Haut-Brion. Aguardem!

Para que a comemoração seja em tom maior, coloco aqui um texto que fiz sobre um filme que adoro, Ratatouille.
 
Vinho e Ratatouille

A filmografia que podemos chamar de "eno-grastronômica", por suas referências ao vinho ou à gastronomia, passa por todos os gêneros do cinema: comédia (Sideways), romance (French Kiss), drama (Festa de Babete), terror (Muralhas do Pavor), documentário (Mondovino), aventura (Caminhando nas Nuvens), suspense (Notorious) e até o gênero infantil ou de animação.

O desenho Ratatouille é um prato mais do que cheio para os amantes da boa mesa. A história do ratinho Remy é recheada de cenas de pessoas (e ratos) tendo um imenso prazer ao comer e beber. O filme desperta nosso entusiasmo a cada cena. O chef Gusteau diz "anyone can cook" (qualquer um pode cozinhar), querendo dizer que o talento pode estar em qualquer um de nós, e que "seu limite é a sua alma". Remy encantado com Gusteau diz a seu irmão rato Emile: "humanos não só sobrevivem, eles descobrem, eles criam". Remy, que ama o deleite de comer, percebe que ele mesmo pode ser o criador desta sensação ao misturar ingredientes. E mais ainda, ele percebe que pode proporcionar este deleite que nutre e emociona a outros seres, humanos e ratos. Assim, a comida e a bebida estabelecem uma conexão emocional entre os personagens. Cozinhar ou elaborar um vinho é dar a alguém algo que estamos orgulhosos de termos feito. Este algo, além de proporcionar prazer físico e intelectual passará a fazer organicamente parte desta pessoa (ou rato!). A melhor cena do filme é, sem dúvida, o momento em que o temido crítico gastronômico Anton Ego (na voz de Peter O´Toole) come o ratatouille preparado por Remy. O prazer de Ego é mais que físico, é emocional, já que o sabor o transporta a sua infância e ele se vê criança, diante de sua mãe, no campo.

Os vinhos mostrados no filme são apenas dois dos vinhos mais importantes da história. O Château Cheval Blanc 1947 (degustado no filme por Ego ao provar o ratatouille) é descrito pelo château como um "feliz acidente da natureza, fruto de um clima aberrante e vinificação primitiva". O verão de 47 foi tão quente que a colheita ocorreu 15 dias antes do normal, o vinho alcançou 14,4% de álcool (fato raro na Bordeaux daquele tempo) com algum açúcar residual e acidez volátil alta. Foi necessário colocar gelo no mosto para que a fermentação chegasse ao fim (não havia tanques com controle de temperatura). Segundo Pierre Lurton, enólogo do château, este é um vinho feito por si mesmo, que nasceu com graves defeitos que com o passar das décadas transformaram-se em qualidades. Parker (que nasceu em 1947, assim como seu amigo Michel Rolland) lhe deu nota 100 e disse: "é um mamute, parece com um vinho do Porto. O mais rico e opulento Bordeaux do século 20". Uma caixa deste vinho foi negociada em 2007 na Christie's de Londres por 147 mil dólares. Dele restam apenas 40 garrafas e 10 magnums na adega do Château.

Ao contrário do Cheval Blanc 1947, eu tive a sorte de provar o outro vinho do filme, o Château Latour 1961 (na história é oferecido à Linguine por Skinner, com intenção de embriagá-lo). Enquanto 1947 foi um ano em que poucos apostavam, difícil para muitos Châteaux, e que só foi valorizado com o tempo, 1961 foi perfeito e unânime. A maioria dos grandes vinhos de Bordeaux teve o melhor vinho de sua historia na safra de 1961, com altos preços desde o lançamento. Michael Broadbent, crítico inglês da revista Decanter, maior referência mundial em Bordeauxs antigos, dá nota máxima (5 estrelas) a nada menos que 20 Bordeauxs desta safra e 6 estrelas (uma exceção) ao Château Latour 1961. Provei o Château Latour 1961 em 2007. Um vinho monumental em sua estrutura, profundidade e complexidade. Pareceu-me 30 anos mais novo (estava com 46 anos!), ainda com muita madeira, taninos presentes, apontando para mais algumas décadas de vida à frente. Inesquecível e empolgante, como o desenho Ratatouille.

Um brinde a todos, comemoro com vocês!
Comentários
Robert Phillips
KMM/Wine Society
Rio de Janeiro
RJ
11/01/2010 Parabéns Marcelo. Espero poder ler a de número 1000.
Valdiney Ferreira
L'Orangerie
Rio de Janeiro
RJ
11/01/2010 Congratulações, Marcelo, por mais este merecido reconhecimento. E muita garra para chegar à coluna 1000! Um livro de consulta obrigatório para quem quer ou precisa saber de informações e histórias vinícolas sobre o Douro e o Minho.

Abcs
Valdiney
Anderson Reis
Aposentado
São Paulo
SP
11/01/2010 De fato o melhor filme que já vi, e ainda, de fato, 1961 foi um ano muuuuuito bom! O Cheval Blanc que tomei deste ano foi fantástico, como o que escreve, também desta safra.

Siga adiante e tenha muitos anos de bons vinhos.

ABS
Marcelo Copello
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
12/01/2010 Tim, obrigado! Se eu contabilizar todos os textos de todos os veículos, revistas, jornais, devo me aproximar das 1.000 colunas, mas é dificil contar e eu tenho preguiça, rs..

Valdiney, estou feliz com o livro, pois está recebendo o respeito dos portugueses também. Acho que perdi a vergonha, semana passada dei uma palestra no Guarujá sobre "Tango & Malbec" com argentinos na platéia...

Anderson, já provei o Cheval 61, fantástico, como você disse...

Abraços a todos!
Antonio Coêlho
Editor DCV Decantandoavida.com
Brasília
DF
12/01/2010 Prezado Marcelo,

Muito bacana sua resenha do filme que adoro, de paixão, o Ratatouille! Como sou super aficcionado pelo chef ratinho, fui um dos poucos gourmets no Brasil a colecionar o ÁLBUM de figurinhas do filme, pela editora Abril. Se quiser posso lhe falar mais sobre essa "aventura" de colecionador.

Clique aqui para ler um resumo publicado no Blog DCV DecantandoaVida.com, de minha edição. Acho que você vai gostar muito deste assunto - que é quase INÉDITO, héhé!

Forte Abraço e parabéns pelos 400 artigos. Sou leitor assíduo do seu Site, o qual considero de extrema qualidade.

Antonio Coêlho
DCV www.decantandoavida.com
Marcelo Copello
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
13/01/2010 Antonio, por acaso um já tinha dado uma olhada no que vc publicou no DCV sobre o Ratatouille, inédito com certeza!!

Obrigado e grande abraço!
Fátima Carvalho
Vendas
Rio de Janeiro
RJ
15/01/2010 Olá!

Marcelo, gostaria de deixar aqui registradas as minhas contragulações, mais que merecidas pelo seu reconhecimento, pois vemos através de suas matérias que Portugal é uma das suas paixões.

No livro, além das matérias sobre o Minho e o Douro, temos fotos incriveis dos vinhedos, etc...

Parabéns
Humberto Heidrich
Canela
RS
18/01/2010 Oi Guri! Que bom receber notícias boas, siga assim que quero ficar mais velho lendo teus artigos e comentários que são ótimos, e com sapiência.

Fraterno Abraço
Humberto Heidrich
La Charbonnade Adega e Importadora
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]