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Unidos por laços históricos e culturais, Brasil e Portugal se encontram unidos também por Baco. O nosso mercado é considerado estratégico para as exportações de vinho lusas e os caldos da terra de Camões são a melhor opção à mesmice sul-americana que impregna as taças tupiniquins.

Não por acaso visito a terrinha com frequência e colaboro com uma revista de lá há 7 anos. Minhas andanças me levaram a Portugal três vezes no fim de 2009, em três ocasiões que muito me honraram.

Wine Master Classes no Casino de Estoril
A primeira incursão foi em outubro. Fui falar (quem diria!) de vinhos portugueses aos portugueses. Como parte de uma feira de vinhos do Alentejo no Casino de Estoril ministrei Master Classes degustando e comentando vinhos alentejanos para o público do evento. A experiência foi fantástica. Primeiro por ver o vinho em um ambiente pouco comum, um cassino, mas que se tornou muito propício, por ser um espaço privilegiado, sofisticado, com música ao vivo, decoração moderna e organização impecável. Depois foi ótimo falar para um público que lotou minhas provas, interessado e entendedor, e que adorou a maneira descontraída como conduzi o evento.

Entronização na Bairrada
A segunda passagem por terras lusas aconteceu em novembro. Foi mais uma honra para mim, ser entronizado na Confraria dos Enófilos da Bairrada. Ao meu lado estavam outros brasileiros e personagens de renome internacional, como René Barbier, proprietário do Clos Morgador, mítica propriedade no Priorato. Honra maior ainda foi ter sido convidado a ser o orador da turma de novos confrades. Leiam mais abaixo meu discurso.

20 anos da Revista de Vinhos
Faz 7 anos que colaboro com a Revista de Vinhos, a maior e mais importante publicação especializada em vinhos da língua portuguesa. Foi, portanto, não apenas uma honra, mas também motivo de orgulho participar da celebração dos 20 anos de fundação desta revista. O jantar comemorativo aconteceu em dezembro no famoso York House, um dos mais antigos hotéis e restaurantes de Lisboa, instalado em um convento Carmelita do século XVII. A festa foi informal, toda a equipe da revista estava presente, liderados por Luís Lopes Ramos. Cada um levou seu vinho. Melhor dizendo, cada um levou duas ou três garrafas, incluindo muitas magnuns. Começamos com magnuns de Redoma branco 2006 e Vinha Formal 2005, passando por outra magnum, de Quinta do Carmo 1989 (ano de fundação da revista), e encerrando com um Porto Dow Vintage 1963. Parabéns a Revista de Vinhos!

Discurso de Entronização na Confraria de Enófilos da Bairrada
"Como estamos todos já bem alimentados e bem abastecidos de vinho da Bairrada, não serei breve nem sucinto. Lerei agora para vocês o meu improviso!

Muito boa noite a todos! É um honra para mim estar aqui hoje, neste 30 anos da Bairrada, encarregado de ser o porta voz do grupo de novos confrades, neste exuberante palácio, o Palace Hotel do Bussaco, com sua imponente arquitetura neo-manuelina de finais do século XIX.

A riqueza da decoração, com quadros de mestres pintores impressiona a qualquer um e mais a ainda aos brasileiros, pois os temas destas obras de arte são dominados pelos grandes descobrimentos portugueses, entre eles o Brasil.

Para nós brasileiros visitar Portugal, em especial este palácio, é, de certa forma voltar a nossas origens e conhecer-nos a nós mesmos melhor, e nos encher de orgulho de tão nobre origem.

Este cenário só torna ainda mais especial e inesquecível este momento. Para brasileiros como nós, de um país de pouca tradição vitivinícola, ser entronizado na Confraria báquica mais antiga em atividade no país, de uma das mais tradicionais regiões européias é uma honra para se guardar na memória, colocar no cirrículo e contar aos filhos, netos e bisnetos.

Sabemos que o Brasil é um mercado importante para Portugal e para nós brasileiros provar vinhos portugueses é provar um pouco de nossa própria história é como beber nossas raízes.

Sabemos que o vinho bairradino enfrente hoje um grande desafio, o de competir no mercado internacional, competição este dificílima. Pois saibam que eu viajo o mundo todo a provar vinhos e sei que muitos produtores de vários países mundo afora invejam o que se tem aqui, solos únicos, castas únicas, que tornam o vinho daqui único e não apenas mais uma garrafa em uma prateleira.

A melhor maneira de tornar o vinho da Bairrada internacional e torná-lo cada vez mais simplesmente BAIRRADA, com letras maiúsculas. E paciência com a crise. As crises passam mas o terroir fica!

Os brasileiros começam a cansar dos vinhos do novo mundo e começam a buscar o sabor do velho mundo, novas castas, e a tendência natural é começar a explorar estes novos sabores por Portugal, pela afinidades culturais, língua, variedade de regiões e castas.

O vinhos da Bairrada possuem forte personalidade, que suscita paixão e nós estamos aqui porque sentimos esta paixão. Por tudo isso para nós brasileiros e novos confrades, prometer defender o vinho da bairrada é tarefa muito, muito fácil!

Sendo assim, em meu nome e em nome dos outros confrades brasileiros, muito obrigado. Viva o vinum bairradinum!"
 
Comentários
Antonio Carlos Ferreira
Rio de Janeiro
RJ
01/02/2010 Prezado Marcelo,

Essas conquistas são merecedoras de nossos aplausos. Parabéns por toda sua trajetória e agora cada vez mais sendo reconhecida além mar.
Marcelo Copello
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
03/02/2010 Caro Antonio, obrigado! Este ano comemoro 15 anos como profissional do vinho. Demorou, mas o reconhecimento está chegando.

Forte abraço!
José Luís Azeredo
Enófilo
São Paulo
SP
06/02/2010 Parabéns pelas duas coisas. Ser um bom colaborador há 7 anos, numa revista de vinhos de 20 anos. Coisa rara em tempos globais, de nets e nerds. :D

Pela entronização na Confraria da Bairrada. Tal como disseste no discurso, eu também acredito na Bairrada, no futuro dos vinhos de Portugal. Precisam se soltar das amarras que os prendem, ter a baga bem trabalhada, sem medo das novidades. Alguns sopros de renovação aparecem, ao lado dos tradicionais. Os novos bairradas que provei deixaram-me muito boa impressão: Kompassus, Ensaios FP, Abibes, Encontro, ao lado dos classicos Luis Pato, Campolargo, Bageiras e outros, já fazem um volume de bons vinhos cheios de "terroir", mas de gosto universal.

Mas, por outro lado, ainda há vinho muito mau por lá.

Um []
Azeredo
Marcelo Copello
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
09/02/2010 Caro Azeredo, sempre bom ouvir seus comentários. Por acaso escrevo de Lisboa. Vim como único representante do Hemisfério Sul participar de uma prova histórica, junto com críticos ingleses, americanos etc, de mais de 40 vinhos antigos de todo o país (Portugal), começando em 1890! Será amanhã, estou ansioso! Depois contarei tudo em uma coluna!

Abraços,
Marcelo.
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