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Caros, antes de entrar nos rosés, pergunto: vocês conhecem o Blog português Pequenas Entrevistas, Grandes Nomes? Vejam a entrevista que dei para Joel de Sousa Carvalho, que não é pequena, nem meu nome é grande, mas gostei do resultado. Leiam clicando aqui.

Agora vamos para a chique Provence, que todos os anos, de junho a setembro, é vista através de taças cor de rosa. No sul da França o vinho rosé é quase um estilo de vida, um vin de plaisir (vinho de prazer). Jovem, leve, fresco, alegre e descomplicado, ele vem reconquistando a fama que teve no passado.

Apresento agora a 3ª parte da MAIOR PROVA DE ROSÉS JÁ REALIZADA NO BRASIL. Provei às cegas 93 vinhos de 12 países. Hoje mostro o resultado da degustação dos 11 vinhos da Provence, que foi, de longe, o melhor conjunto provado.

O estilo único dos rosés da Provence se deve em grande parte a seu método de elaboração. Enquanto em quase todo o mundo os rosés são elaborados pelo processo de "sangria", na Provence usa-se a pressurage direct. No primeiro, filtra-se parte do mosto de um vinho tinto após um curto período de maceração, normalmente de 8 a 24 horas. Este processo é o mais utilizado e gera um tipo de rosado mais encorpado e de cor mais cereja. No segundo, a maceração é bem mais curta e dura apenas o tempo em que as uvas são delicadamente prensadas pneumaticamente depois do esmagamento dos bagos (separação das cascas da polpa). O produto é um rosé leve, de pouca cor (em tons de salmão, pêssego ou cor de casca de cebola) e aromas pouco intensos, mas elegantes, de frutas e flores. Esta técnica garante que mesmo com cor tão clara e aromas tão delicados, consiga ter uma boca expressiva, macia e bem equilibrada. Este método é utilizado na Provence e praticamente só lá.

Não por acaso a Provence é especializada na produção de vinhos rosés, que correspondem a 94% da produção total da região! Hoje não selecionarei destaques pois (como mostra o quadro de notas) todos os vinhos foram muito bem! No quadro geral dos 93 vinhos, dos top 10, nada menos do que 6 são da Provence (veja abaixo).

Saúde!

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Relação dos vinhos degustados
Descrição dos vinhos
Domaine de St Hilaire Cuvée Tradition 2008
Yves Lapierre
Provence-França
Premium,R$ 52,50
AOC Coteaux d´Aix-en-Provence. Linda cor entre pêssego salmão muito clara, brilhante. Aroma floral muito delicado e elegante, pouco intenso, mas com muito finesse, quando esquentou um pouco mostrou boa fruta, morangos e framboesas, frescas e bem delineadas. Paladar muito leve, fresco, 12,5% de álcool, muito bem equilibrado, delicioso, perfeito dentro do estilo.
Nota: 88 pontos
Cuvée Première 2008
Chateau Deffends
Provence-França
Le Tire-Bouchon, R$ 68
AOC Côtes de Provence. Cinsault 50%, syrah 25% e grenache 25%. Linda cor cereja bem clara e brilhante. Aroma de médio ataque, frutado, framboesa e cereja, muito frescas, elegante. Paladar leve, macio e fresco, fruta aparece bem na boca, com toque de tutti frutti, boa textura, 13% de álcool, muito bem equilibrado, delicioso.
Nota: 88 pontos
Terra Amata 2008
Domaine Sorin
Provence-França
Decanter, R$ 63,75
AOC Côtes de Provence. Linda cor, clara e brilhante com tonalidade entre pêssego e tangerina. Aroma de médio ataque, delicado e elegante, mostrando perfil típico de florais (rosas) e frutas vermelhas, foi se abrindo ao longo da prova e mostrando boa complexidade. Paladar de leve a médio corpo (o mais encorpado dos Provence), fresco, com boa textura, 12,5% de álcool, longo, ótimo conjunto, elegante e equilibrado.
Nota: 88 pontos
Pétale de Rose 2008
Régine Sumerie
Provence-França
KB-Vinrosé, R$ 110
AOC Côtes de Provence. Cor entre pêssego e palha, muito clara e brilhante. Aroma de pouco ataque, sutil, mostrando florais de variada gama, frutas maduras, melão maduro, mamão. Paladar muito leve, boa textura, boa maciez, 13% de álcool, acidez moderada, pede pratos extremamente leves na gastronomia, conjunto muito bom, com finesse, longo e com final macio
Nota: 87 pontos
Chateau de Porcieux 2008
Provence-França
Cantú, R$ 97,18
AOC Côtes de Provence. Linda cor de pêssego, clara e brilhante. Aroma delicado e elegante, perfumado por rosas, lavanda, framboesas, toque de tutti frutti. Paladar muito leve, 12,5% de álcool, com boa textura, macio, bem equilibrado, longo, elegante e gastronômico
Nota: 87 pontos
Saint Roch Les Vignes 2008
La Cave de St-Roch
Provence-França
Le Tire-Bouchon,R$ 49
AOC Côtes de Provence. Grenache 50% e Cinsault 50%. Linda cor, clara e brilhante com tonalidade entre pêssego e salmão. Aroma de pouco ataque, delicado, floral, frutado, elegante, mas não muito definido. Paladar leve, com boa textura e bom meio de boca, 13% de álcool, macio e fresco, muito bem equilibrado, delicioso.
Nota: 86 pontos
Château Lafoux 2007
Provence-França
World Wine, R$ 74
AOC Coteaux Varois em Provence. Cor muito clara e brilhante em tons pêssego. Aroma elegante, com florais muito delicados. Paladar muito leve, 13% de álcool, fresco, esplendido equilíbrio, longo e muito expressivo, final com toque de doçura. Delicioso.
Nota: 86 pontos
Saint Sidoine 2007
Provence-França
Porto Leblon, R$ 70
AOC Côtes de Provence. Cor de pêssego, clara e brilhante. Aroma de médio-bom ataque, boa fruta, pêssegos maduros, morangos, florais, elegante. Paladar macio, boa textura, 13,5% de álcool, longo, bom conjunto, acidez moderada, com equilíbrio pendendo levemente para a maciez. Delicioso
Nota: 86 pontos
Cuvée Saint Qvinis Rosé 2008
Domaine de Fontlade
Provence-França
Cave Jado, R$ 56
Linda cor, clara e brilhante com tonalidade entre pêssego e tangerina. Aroma de médio ataque, fresco e delicado, flores como rosas, frutos frescos como groselha. Paladar leve e macio, bom meio de boca, 12,5% de álcool, com boa textura, acidez moderada, longo.
Nota: 84 pontos
Chateau Vannières 2006
Provence-França
Mistral, US$ 47,90
AOC Côtes de Provence. Cor de pêssego, quase um amarelo dourado, tom de cor quase o classifica como vinho branco. Aroma adocicado, de médio ataque, sutil, floral, pêssego, laranja lima, mel, flores maceradas, chá de jasmim. Paladar de médio corpo, com boa textura, 12,5% de álcool, leve toque de amargor (agradável), no fim de boca. Um rosé maduro. Eu compraria um 2008, ou, se tiver garrafas do 2006, as guardaria, pois este vinho mostra perfil (aromas de evolução como mel e boa estrutura) para se tornar interessante daqui a uns 5 anos.
Nota: 84 pontos
Relação geral dos vinhos da prova
Comentários
Mauro Raja Gabaglia
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
01/03/2010 Marcelo,

Parabéns por essa fantástica prova de 93 rosés, algo inédito nesse país. Essa degustação só comprovou que a Provence, talvez pela maturação mais curta e também pela tradição, está em um patamar acima dos demais países. Apesar de normalmente serem tímidos no aroma, a elegância da cor e o equilíbrio no palato os tornam irresistíveis. Tomei recentemente o Saint Sidoine, um rosé realmente delicioso.
Marcelo Copello
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
03/03/2010 Mauro, obrigado! Você sintetizou muito bem a mensagem. Acho que o rosé tem um lugar a conquistar em nossas taças.

Até segunda com "A prova dos 100 anos"!

Marcelo Copello
Valdiney C. Ferreira
L'Orangerie
Rio de Janeiro
RJ
05/03/2010 Caro Marcelo,

Acompanhei suas matérias sobre os Rosés, vinhos que utilizo muito no meu consumo pessoal por sua versatilidade, adequação perfeita ao nosso clima e normalmente excelente relação entre o preço e o prazer que confere.

Já arquivei esta sua peregrinação pelo mundo dos rosados. Trabalho sério e que gera valor para uma grande massa de apreciadores e iniciantes no mundo do vinho. O Brasil precisa disto para sair dos ridículos 1,8 litros per capita ano e tornar-se de fato um país consumidor de vinho abrindo oportunidades de trabalho para milhões de pessoas nesta indústria que tem tudo para se desenvolver por aqui e deixar de ser coisa de elite.

O crescimento das importações dos chamados vinhos finos que estavam ao redor de 30% ao ano no biênio 2006/2007 regrediram para 5-6% anuais no biênio 2008/2009. Se fosse pelo aumento do consumo dos nacionais tudo bem. Mas, não é esta a realidade. Entre 2005 e 2008 o único tipo de vinho que aumentou as vendas por aqui foram os espumantes (6,8/9,5 milhões de lts.). E como mostra a queda global não foi suficiente para compensar a redução dos tintos finos (270,8/197,5 milhões de lts.) e até o de mesa que também reduziu (270,8/197,5 milhões de lts.)

Como a evolução daa vitivinicultura é crescente, onde está o nó? Preços altos? Comercialização deficiente? Conhecimento? Talvez todas estas variáveis juntas.

Aí na festa do Douro onde você está apresentando vinhos brasileiros em ação conjunta com o Wines from Brazil, esta belíssima iniciativa da indústria brasileira, pode ser um dos caminhos para nossa indústria apesar dos portugueses gostarem muitíssimo e com razão de seus próprios vinhos.

Sucesso!
Sergio Mendes
Sommelier Terzetto
Rio de Janeiro
RJ
17/03/2010 A cada ano que passa novos rótulos aparecem nas lojas e nos restaurantes. Um grande atrativo é o seu preço. Sendo muito justo e muitos com grande qualidade.

Abraços.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]