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A Expovinis Brasil encerrou em São Paulo sua 14ª edição, consolidando-se como a maior feira de vinhos da América Latina. Este ano tivemos cerca de 15 mil visitantes, 300 expositores (cerca de 20% mais que ano passado), em um novo local, maior e mais adequado, o Expo Center Norte, com 12 mil metros quadrados.

Desde a edição 2006 a Expovinis elege seus Top Ten. Este concurso testa 2 vinhos enviados por cada expositor e elege os melhores em 10 categorias (veja abaixo). Em 2006 provamos 54 amostras, em 2007 foram 170, em 2008 157, em 2009 180 e este ano 166.

O certame contou com a coordenação José Ivan Santos e presidência do júri de Jorge Lucki (que não participaram da degustação dos vinhos). O júri foi composto por 12 especialistas, quase os mesmos dos anos anteriores: Jorge Carrara (Folha de São Paulo), José Maria Santana (revista Gosto), Marcio Oliveira (SBAV-MG), Roberto Gerosa (Portal IG e Blog do Vinho), Manoel Beato (Fasano), Daniel Pinto (SBAV-SP), José Luiz Pagliari (SBAV-SP), Gustavo de Paulo (presidente da ABS-SP), Ricardo Farias (ABS-RJ), Gerson Lopes (ABS-MG), Celito Guerra (Embrapa), e eu mesmo, Marcelo Copello, do site Mar de Vinho (www.mardevinho.com.br).

As provas aconteceram no fim de semana que antecedeu a feira. Provamos, a partir das 10 da manhã, 86 vinhos no sábado e 80 no domingo. Como no ano passado cada jurado votou diretamente em um computador (sem debater sua opinião com outros jurados) dando notas até 100 pontos a cada vinho. Além disso, cada jurado escolheu para cada categoria seus 3 prediletos, elegendo seu 1º lugar, 2º lugar e 3º lugar. O critério para eleger o campeão foi a nota média do grupo. Em caso de empate técnico (médias com menos de 2 décimos de diferença) o desempate foi feito atribuindo pontos aos prediletos dos jurados (3 pontos para 1º lugar, 2 pontos para o 2º lugar e 1 ponto para o 3º lugar). A ordem de degustação dos vinhos foi aleatória.

Acompanhe a grande prova passo a passo e os comentários sobre os campeões:
 
Espumantes Brasileiros
Esta categoria contou com 24 concorrentes, quase todos do Rio Grande do Sul, com duas amostras de Petrolina e uma única catarinense. O espumante vencedor é uma novidade, o que mostra que a qualidade do produto nacional se dissemina e proporciona o surgimento de novos rótulos de classe.

O eleito foi: Grand Legado Brut Champenoise, da empresa Wine Park (a antiga Maison Forrestier). Este espumante com clara inspiração francesa, elaborado pelo método clássico, com Chardonnay e Pinot noir, com longa permanência com suas borras, tinha cor dourada e brilhante, com aromas de tostados, fruta bem, madura, baunilha, brioche, paladar cremoso e de boa acidez. Minha nota: 86 Pontos.

Outros espumantes bem pontuados nesta categoria foram o Aurora Chardonnay Brut (que foi meu 1º lugar) e o Miolo Millésime 2006.
Espumantes do Mundo
Esta categoria contou com apenas 6 concorrentes, entre eles um Champagne, um Prosecco, um espumante argentino, um francês, um português e um italiano. Desta vez quem levou o troféu (com méritos) não foi um Champagne, mas um grande nome da velha bota.

O eleito foi: Ferrari Perle 2002, Trentino-Itália (importado pela Decanter. Dourado intenso, perlage fina e abundante, com aromas de baunilha, fermento, frutas madura, paladar encorpado e redondo. Minha nota: 91 Pontos.

A disputa foi acirrada e por pouco um espumante francês não leva o título. O blanquette de Limoux Bulle de Blanquette no.1 2005, do produtor "Sieur d'Arques", foi meu 1º lugar pessoal, com o Ferrari em 2º e o excelente português Vértice Gouveio Bruto 2004, da Caves Trasmontanas, em 3º.
Sauvignon Blanc
Esta categoria contou com poucos concorrentes, 9, mas de um nível excepcional. Apesar da concorrência o campeão desta categoria ganhou com boa margem, nada menos que 7 dos 12 jurados o apontaram como campeão.

O eleito foi: Sauvignon Blanc Yealands Estate 2009 (Nova Zelândia). Amarelo palha com reflexos esverdeados. Aroma muito intenso de "gooseberry" (groselha branca), muito típico dos Sauvignon Blancs da Nova Zelândia, aspargos, grama cortada, paladar com boa textura e acidez excepcional, crocante. Este exemplar foi logo identificado como sendo um neo-zelandês de qualidade e foi meu 1º lugar. Minha nota: 93 Pontos.

Outro que se destacou e recebeu meu 2º lugar foi o brasileiro Maestrale Integrus 2009, da Sanjo de Santa Catarina.
Chardonnay
Esta categoria contou com 9 concorrentes e na minha opinião foi uma das mais fracas e menos disputadas do ano. A amostra vencedora ganhou com boa margem, foi minha escolhida como 1º lugar e foi minha maior nota, mas não passou de 84 pontos.

O eleito foi: Chardonnay Villaggio Grando 2008 (Santa Catarina, Brasil). Amarelo palha claro e brilhante, aromas de ataque médio, lembrando frutas amarelas, banana, frutas cristalizadas, florais, com paladar de leve a médio corpo. Bom vinho, mas faltou um pouco de tipicidade de Chardonnay. Minha nota: 84 Pontos.

O 2º lugar na média dos jurados e na minha classificação pessoal foi outro vinho brasileiro, o Chardonnay Cordilheira de Sant´Anna Reserva Especial 2008.
Branco de outras castas
Esta categoria agrega brancos do mundo todo (incluindo Brasil), que não sejam nem Chardonnay nem Sauvignon Blanc. Como em anos anteriores haviam aqui muitas amostras, 16 ao todo, entre Riesling, Viognier, Gewürztraminer, Loureiro, Verdelho, Sémillon, Trebiano, Muscadet, Torrontés e Macabeo. Como em 3 dos 4 anos anteriores o campeão foi um Riesling.

O eleito foi: Mesh Riesling 2007, Grosst-Hill Smith, Eden Valley-Australia (importado pela KMM). Amarelo palha esverdeado, muito mineral e cítrico, com finesse. Paladar de bom corpo, com textura cremosa, muito elegante e equilibrado. Minha nota: 88 Pontos.

Esta é a 3º vez que um Riesling autraliano vence, e nas 3 vezes do mesmo importador. Parabéns a KMM!
Rosado
Esta categoria foi também concorrida, com 15 amostras, do Brasil, Chile, Portugal e principalmente França. Assim como em outras categorias, a história aqui também se repetiu e um rose da Provence levou o troféu pelo 4º ano consecutivo.

O eleito foi: Chateau de Pourcieux 2009, Provence-França (importado pela Cantu). Linda cor entre salmão e cereja claro. Aroma de boa intensidade lembrando frutas vermelhas frescas, framboesas, rosas. Paladar muito leve e elegante Minha nota: 86 Pontos.

Em minhas notas pessoais o vencedor seria o vinho que ganhou ano passado, o Cascaï 2009, Château Ferry Lacombe, também da Provence. Vale ressaltar que esta é a única categoria onde um mesmo vinho venceu 3 vezes (Chateau de Pourcieux) e que uma mesma região venceu 4 vezes. Isso prova a qualidade consistente dos vinhos da Provence e a consistência do júri, que mostra que não elegeu estes vinhos às cegas por acaso.
Tinto brasileiro
Esta categoria é sempre muito disputada, com muitos vinhos semelhantes (este ano foram 30) que fazem com que a escolha seja difícil. Ao final de 3 baterias de 10 vinhos, de onde selecionamos dois de cada etapa para uma finalíssima, um vinho sobressaiu e levou a melhor com certa margem.

O eleito foi: Sesmarias 2008 - Miolo Wine Group (Brasil). Rubi violáceo escuro, perfil moderno e elegante, com boa fruta, madeira bem casada, frescor, paladar de bom corpo, sem excessos de extração, ótimo equilíbrio. Esta é a grande novidade da Miolo, que provei ano passado em avant-première e que está chegando agora ao mercado como o novo "top de linha" da empresa Minha nota: 88 Pontos.

Outros vinhos que se destacaram na avaliação dos jurados foram: Cabernet Sauvignon Reserva 2009 (Don Candido), Salton 100 anos, Storia Merlot 2006 (Valduga).
Tinto Novo Mundo
Esta categoria contou com 19 amostras, todas do Chile e da Argentina. Este ano não tivemos nenhum blockbuster australiano, vinhos que costumam arrebatar prêmios nesta categoria.

O eleito foi: Morandé Grand Reserva Syrah 2005 - Morandé-Chile (importado por Carvalhido). Rubi escuro com reflexos violáceos, nariz concentrado, vincado, mostrando menta, geléias, especiarias e toque de verniz. Paladar encorpado, com taninos firmes, acidez moderada, persistência média. Minha nota: 88 Pontos.

Pablo Morandé merece muitos prêmios, mas a amostra vencedora não levou meu voto. Eu e outros 3 jurados votamos como 1º lugar no Las Estrellas Carmenère, que também levou o voto de outros 5 jurados como 2º melhor.
Tinto Velho Mundo
Esta categoria contou este ano com quantidade e qualidade. Foram 30 amostras em um nível médio bem alto. Dei mais de 90 pontos a vários vinhos.

Estavam representados Portugal (grande maioria), Espanha, Itália e França. Os portugueses, mais uma vez levaram a melhor.

O eleito foi: Herdade do Esporão Touriga Nacional 2007 - Alentejo-Portugal (Qualimpor). Rubi violáceo muito escuro, moderno, intenso no nariz, com fruta madura bem delineada e elegante, violetas, madeira bem presente. Paladar encorpado, com taninos finíssimos, final longo, equilibrado e elegante. Delicioso. Foi logo identificado como um Touriga Nacional português. Minha nota: 93 Pontos.

A amostra campeã foi a minha escolha pessoal como 1º lugar. Confesso que aqui a decisão foi no photochart, pois outras amostras estavam também excepcionais. Gostei muito, entre outros, do espanhol Miros de Ribera Reserva 2001, da Bodegas Peñafiel, que ficou apenas um ponto atrás do Esporão.
Fortificados e Doces
Esta categoria sempre arranca suspiros dos jurados. Costumam ser poucos vinhos aqui (8 este ano), mas de alta qualidade.

Estavam representados: Portugal (um Madeira e quatro Portos), Chile e França. Nesta briga de cachorro grande estavam um excepcional Porto Tawny 40 anos (Burmester) e um finíssimo e raro Porto branco, o Quinta Santa Eufêmia Porto Branco 30 anos. No final desta sacrificante peleja levou a melhor o Madeira.

O eleito foi: Madeira Justino's Colheita 1995 - Justino Henriques (importado pela Porto a Porto). Logo identificado às cegas como um Madeira, de cor âmbar, mostrando aromas intensos, com uma complexidade fantástica, aliando perfil etéreo com frescor de mel, melaço, resinas, doces e toques bem típicos que lembram querosene. Paladar muito doce e extremamente longo. Minha nota: 95 Pontos.
Todos os vencedores da Expovinis
2006 (54 amostras)
  Rosado Santa Digna Cabernet Sauvignon Rose 2005, Miguel Torres, Penedés-Chile  
Branco Sauvignon Blanc Sauvignon Blanc 2004, Hunter's, Marlborough-Nova Zelândia
Branco Chardonnay Gimblett Gravels Chardonnay 1999, Trinity Hill, Hawkes Bay-Nova Zelândia
Branco outras castas The Lodge Hill Riesling 2003, Jim Barry, Clare Valley-Austrália
Espumantes do Mundo 1 Cava Cuvée Raventós, Cordoníu, Penedés-Espanha
Espumantes do Mundo 2 Cava Reserva de la Família Brut Nature 2002, Juvé y Camps, Penedés-Espanha
Champanhe Cuvée Spéciale Jean-Paul Gaultier NV, Piper-Heidsieck, Champagne-França
Tintos leves e brasileiros Quinta do Sanguinhal 2000, Companhia Agrícola do Sanguinhal, Óbidos-Portugal
Tinto estilo Bordeaux 1 Old Block Shiraz 2001, St.Hallett, Barossa Valley-Austrália
Tinto estilo Bordeaux 2 Leo d'Honor 2001, Casa Ermilinda de Freitas, Palmela-Portugal
Tinto de maior estrutura Vinha da Ponte 2003, Quinta do Crasto, Douro-Portugal
2007 (170 amostras)
Espumantes do Mundo Vértice Super Resera Bruto 2000, Caves Trasmontanas, Douro-Portugal
Branco Sauvignon Blanc Sauvignon Blanc 2006, William Cole, Casablanca-Chile
Branco Chardonnay Chardonnay 2006, Villa Francione, São Joaquim-Brasil
Branco outras castas Esporão Private Selection 2006, Herdade do Esporão, Alentejo-Portugal
Rosado Château Pourcieux 2006, Provence-França
Tinto brasileiro Desejo Merlot 2004, Salton, Bento Gonçalves-Brasil
Tinto Bordeaux Château Haut-Bacalan 2003, Michel Gonet, Bordeaux-França
Tinto Novo Mundo The Octavius 2001, Yalumba, Barossa Valley-Australia
Tinto Velho Mundo Vosne-Romanée 2003, Bouchard Pere & Fils, Borgonha-França
  Herdade dos Grous Reserva 2004, Alentejo-Portugal
Fortificados e Doces Château Doisy-Daene 2002, Sauternes-França
2008 (157 amostras)
Espumantes Drappier La Grande Sendrée 2000, Champagne-França
Sauvignon Blanc Casa del Bosque Reserva 2007, Casablanca-Chile
Chardonnay Cordilheira de San'tana Reserva Especial 2005, Campanha Gaúcha-Brasil
Branco outras castas Petaluma Hanlin Hill Riesling 2005, Clare Valley-Austrália
Rosés Château de Pourcieux 2007, Provence-França
Tintos Nacionais Rio Sol 2006, Vale do São Francisco-Brasil
Tintos Castas Bordalesas Urano Cabernet Sauvignon 2006, Bodega Eral Bravo, Mendoza-Argentina
Tintos Novo Mundo Kilikanoon Covenant Shiraz 2004, Clare Valley-Austrália
Tintos Velho Mundo Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo Grande Reserva 2005, Douro-Portugal
Doces e Fortificados Grandjó Late Harvest 2005, Real Companhia Velha, Douro- Portugal
2009 (180 amostras)
Espumantes Brasileiros Casa Valduga Gran Reserva Extra-brut 2002, Bento Gonçalves-Brasil
Espumantes do Mundo Champagne Pehu Simonet brut sélection grand cru nv, Champagne-França (Vinália)
Branco Sauvignon Blanc Ventisquero Queulat Gran Reserva 2008, Casablanca-Chile (Cantú)
Branco Chardonnay Morandé Terrarum Reserva 2007, Casablanca-Chile (Carvalhido)
Branco outras castas Josmeyer Les Pierrets Riesling 2001, Alsace-França (Zahil)
Rosado Cascaï 2008, Château Ferry Lacombe, Provence-França (Vins de Provence)
Tinto brasileiro Salton Talento 2005, Tuyuti-RS-Brasil
Tinto Novo Mundo Las Perdices Tinamú 2006, Viña Las Perdices, Mendoza-Argentina (Bodegas Los Andes)
Tinto Velho Mundo Vinha Longa Reserva 2006, Alentejo-Portugal (AEP)
Fortificados e Doces Justino's Madeira 10 anos, Justinos Henriques, Ilha da Madeira-Portugal
Comentários
Oscar Daudt
EnoEventos
Rio de Janeiro
RJ
03/05/2010 Caro Marcelo,

Não compreendo por que as categorias de brancos são divididas por castas e as de tintos, divididas por região. A organização dá alguma explicação para essa diferença?

Abraços,
Oscar
Humberto Heidrich
Sommelier
Canela
Rio Grande dos Gaúchos
03/05/2010 Caro Marcelo,

Sempre é bom ler seus comentários, parabéns pela naturalidade e conhecimento. Mas reforço o que fala o Oscar: deveriam fazer o prêmio dos tintos por casta, ou por regiões como vem sendo feito?

Forte Abraço
Humberto
Willians S. Kuabara 04/05/2010 Boa tarde Sr. Marcelo Copello

Tive a oportunidade de visitar a Expovinis, gostei muito da feira, e gostaria de saber qual a sua opinião sobre o vinho da Pizzato, o DNA 99.

Desde já agradeço.
Willians S. Kuabara
Marcelo Copello
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
06/05/2010 Oscar, a organização não dá explicação para a escolha das categorias, mas posso adiantar que o objetivo é que a seleção seja justa, no sentido de que os campeões melhor representem todos os vinhos provados. Veja que no histórico que coloquei as categorias foram mudando ao longo dos anos, de acordo com os vinhos que tínhamos a disposição.

Humberto, obrigado. É sempre dificil classificar e agrupar um universo tão grande de vinhos. Uma coisa é certa, os TOP-10 evoluem a cada ano!

Willians, provei o DNA 99 na apresentação de vinhos brasileiros que fiz em Portugal a alguns meses, é um dos melhores vinhos nacionais sem dúvida!

Abraços,
Marcelo Copello.
Marcelo Carneiro
Advogado e escritor
Resende
RJ
09/05/2010 Como representante da Winery no Sul Fluminense, fiquei muito feliz em saber que o Bulle de Blanquette foi o seu espumante favorito. Toda a linha de espumantes da Sieur d'Arques é estupenda!
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]