|
 Pessoal, o texto abaixo está saindo agora na coluna que assino há 8 anos na Revista de Vinhos em Portugal. Acho interessante que esta análise seja lida também no Brasil.
Boa leitura e saúde! Marcelo Copello
O patamar das importações brasileiras de vinho se manteve entre 2008 e 2009, com um ligeiro crescimento (2%) no volume total. As exportações portuguesas, por outro lado, caíram 5% em volume e perderam market share. No que diz respeito aos rankings de fim de ano na imprensa especializada, Portugal continua com bom prestígio, mas com sinais de queda em relação a 2008. É hora de voltar a promover.
Como faço desde 2004, elaboro para esta revista uma compilação e análise das principais listas de "melhores do ano" publicadas pela imprensa verde e amarela.
Começemos pela Gula. Esta já foi a maior revista de gastronomia do Brasil, mas recentemente mudou de dono e equipe e está se recuperando das turbulências. O número de janeiro de 2010 foi dedicado aos vinhos, com a 12ª edição da lista de melhores do ano, com 200 rótulos. A relação foi dividida em tipologias (tinto, branco, rosé, espumante e biodinâmicos/orgânicos) e por faixa de preço (de R$ 35 a R$ 90, de R$ 90 a R$ 180, de R$ 180 a R$ 350 e acima de R$ 350). Dos 15 países representados, Portugal foi o 4º colocado com 20 vinhos, atrás de França (58), Itália (26) e Chile (21). A publicação se ressente de uma melhor revisão, pois os vinhos vieram sem produtor ou região, sem preço e alguns sem safra.
A revista Prazeres da Mesa, como no ano anterior, lançou em sua edição "dezembro-janeiro" uma dupla seleção de rótulos, com 200 indicados (separados em "Top 100" e "Campeões do ano"). Foi um português o "vinho do ano 2009", pela primeira vez um Porto, o Niepoort Vintage 2007. No cômputo geral dos 200 vinhos, Portugal venceu com 31, empatado com o Chile e seguido de perto por França (30), Espanha (28) e Itália (26), em uma eleição bem dividida.
Em 2009, o mercado de revistas de gastronomia ganhou uma importante novidade, a Gosto, publicação dirigida por J. A. Dias Lopes, ex-editor da Gula. Em seu número 7, de fevereiro de 2010, a Gosto lançou seu primeiro ranking de vinhos, com 200 rótulos abaixo de R$ 100. Considero a escolha de 200 vinhos de preço acessível um garimpo trabalhoso e de grande valia para o leitor, feito que merece aplausos. O resultado, como era de se esperar, colocou um país sul-americano em 1º lugar, o Chile, com 43 rótulos. É difícil para o vinho europeu competir em preço no mercado brasileiro. Mesmo assim, o 2º lugar ficou com Portugal (37), com Itália (34) em 3º e Argentina (21) em 4º.
Outro que merece aplausos é Jorge Lucki, que comemorou 10 anos de seu ranking no jornal Valor Econômico. Lucki segue fiel a seus critérios, organizando a lista por país e região, e não por faixa de preço. França (maior referência mundial em vinhos) é sempre a mais citada por esse jornalista, com 73 rótulos. A Itália segue em 2º (49) e Portugal em 3º (34).
Como Lucki fez em 2009, eu me preparo para comemorar o 10º ano de minha lista em 2010 (aguardem novidades!). Em minhas escolhas de 2009, publicadas em meu sítio, neste link, mantive-me em 200 vinhos divididos em tipologias e faixas de preço. Pela primeira vez em meu ranking os vinhos brasileiros foram maioria, com 36 indicações, contra 30 da França, 30 do Chile e 25 de Portugal. A razão é simples: a crise fez com que o consumidor se voltasse para os vinhos de menor preço e para os nacionais, donde, como um serviço ao leitor, refleti o fato em minha seleção.
Ano a ano, faço uma síntese geral dos rankings, no que diz respeito à participação das diversas regiões portuguesas. Douro/Porto e Alentejo, como sempre, lideraram, respondendo juntos por 64% das indicações de 2009, com 50 e 44 vinhos respectivamente. O Minho, que sempre aparece bem no Brasil, este ano foi a 3ª região mais lembrada, com 14 vinhos (cerca de 10% do total). As Beiras também possuem muitos adeptos, e mantiveram uma boa média de indicações, com 10 vinhos cada, para Dão e Bairrada. As regiões de Setúbal (7), Tejo (4), Lisboa (4) e Madeira (3) foram as demais citadas.
O Brasil é um mercado jovem para o vinho. Uma das características deste mercado é a grande curiosidade por novas marcas. Em outras palavras, o brasileiro não é fiel a um rótulo. O produtor precisa promover constantemente seus vinhos, senão estes serão substituídos por outros. Portugal precisa renovar seu prestígio no Brasil.
Marcelo Copello www.mardevinho.com.br |
|
|