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  Encerrando a jornada pela pequena mas vasta Suíça mostro hoje duas jóias daquele país. Duas surpresas do inesgotável baú de Baco, que nos lembram de que quem só bebe vinho tinto tem muito a perder e que a longevidade dos brancos não deve ser menosprezada.

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E, em primeira mão, anuncio que dia 22/07 teremos uma imperdível Horizontal de Premier Crus de Bordeaux, com Latour, Lafite, Margaux, Mouton e Haut-Brion lado a lado!
 
Vertical de Château de Vinzel

O Château de Vinzel é um Grand Cru da região de Vaud (sub-região do Valais), tida como o melhor terroir para a Chasselas, uva branca mais plantada da Suíça.

Integrante do grupo de 18 produtores "top" denominados Clos Domaines & Châteaux, de crus do Vaud, o Château de Vinzel ocupa 8,4 hectares de vinhedos (100% Chasselas) em solos de cascalho e tem sua própria de denominação de origem, a AOC Vinzel.

Como mencionei na primeira desta série de três colunas dedicadas à Suíça, a Chasselas normalmente proporciona vinhos simples, leves, de baixa acidez, quase neutros. Alguns grandes exemplares, contudo, são longevos e complexos, com típicos aromas de cítricos, marmelo, menta, cera, nozes, mel e uma textura sedosa personalíssima. Participei in loco de uma vertical 12 safras do Château de Vinzel que atestaram sua surpreendente longevidade. O incrível foi constatar como um vinho de baixa acidez vive tanto, com uma evolução tão lenta, mudando pouco (perde pouca acidez e ganha poucos caracteres de evolução) ao longo dos anos em garrafa. Segundo especialistas locais alguns exemplares vivem até 50 anos em garrafa.

Château de Vinzel 2008
Este foi um ano clássico para a Chasselas, com calor na hora certa e amadurecimento lento. Palha esverdeado brilhante. Muito fresco, frutas e mineral bem delineado, flores brancas, extrema elegância. Paladar leve e fresco, com esplendida textura (não há nenhum tipo de maceração pelicular), com boa acidez, mais alta que o padrão, longo e fresco.
Nota: 90 pontos

Château de Vinzel 2007
Ano muito chuvoso, mas com verão quente e com bom resultado. Ainda esverdeado em sua cor palha brilhante. Menos intenso no nariz que o anterior, um pouco menos de florais e mais frutas, como marmelo, melão e pêra, mineralidade evidente. Paladar leve e macio, cremoso, com um pouco menos de acidez em relação ao anterior, ótimo equilíbrio, muita elegância e limpeza.
Nota: 88 pontos

Château de Vinzel 2005
Frescor intenso, fruta mais madura, marmelo, melão quase cozido, mineral evidente, paladar untuoso, o mais encorpado até agora, textura excepcional, muito longo e elegante.
Nota: 90 pontos

Château de Vinzel 2003
Ano muito quente e de colheita precoce. Amarelo claro e brilhante, fruta muito madura, quase sem o típico toque floral, mineral. Paladar untuoso, elegante, acidez baixa, comum pouco de perda em sua persistência gustativa, mas não em seu finesse e textura excepcionais.
Nota: 88 pontos

Château de Vinzel 2000
Um grande ano. Dourado claro brilhante. Nariz intenso e mais complexo que os anteriores, com frutas maduras, marmelo, pêssego, floral muito puro e bem delineado, especiarias, alcaçuz, baunilha. Paladar untuoso, de textura excepcional, muito expressivo, de acidez baixa, pouco persistente.
Nota: 92 pontos

Château de Vinzel 1998
Certa turbidez na cor, não muito límpida, ainda com tons esverdeados, na transição para dourado. Perfil muda bastante em relação aos anteriores desta prova, a partir desta safra os vinhos já se mostram evidentemente maduros e com evolução. Os aromas de ótima complexidade, de flores maceradas, frutas confit, especiarias, minerais. Paladar untuoso, de baixa acidez, delicioso.
Nota: 88 pontos

Château de Vinzel 1995
Grande ano. Dourado brilhante ainda com traços esverdeados. Intenso nos aromas, rico e complexo, marmelo, manga, flores brancas, mineral evidente. Um dos melhores da prova, concentrado, complexo, com acidez muito boa (acima da média dos demais).
Nota: 93 pontos

Château de Vinzel 1992
Dourado claro e brilhante, sem denotar a idade que tem. Aroma espetacular, o mais mineral de todos da prova, complexo e com grande finesse. Seu perfil aromático sugere que o vinho terá mais corpo e untuosidade no boca, mas é leve de grande equilíbrio.
Nota: 94 pontos

Château de Vinzel 1990
Como 1992 a cor deste 1990 não delata sua idade e seu caráter pe francamente, seu paladar é mais macio e untuoso que o anterior e um pouco curto, mas com grande finesse.
Nota: 92 pontos

Château de Vinzel 1985
Um ano difícil, de colheita mais tardia. Este apresenta um caráter de vinho de sobremesa, como um late harvest, com muito mel no nariz e frutas em compota, sem perder o acento mineral. Paladar mais magro, macio, média persistência.
Nota: 87 pontos

Château de Vinzel 1982
Um ano de colheita tardia. Cor palha clara com reflexos dourados (sem denotar tanta idade). Mais fresco que o 1985, muito mineral, com toque de mel, fruta madura bem delineada. Paladar untuoso, finíssimo, fim de boca mais longo e complexo. Um dos melhores da prova.
Nota: 93 pontos

Château de Vinzel 1976
Dourado claro e brilhante sem delatar sua idade. Nariz delicado e complexo, muito mineral, com mel. Paladar leve, de textura macia, longo, com fim de boca complexo e mineral. Um dos melhores da prova, vinho surpreendente.
Nota: 94 pontos

Grain Noble Confidentiel
Outro grupo que reúne vinhos top do Valais é a Grain Noble Confidentiel. Fundada em 1996, esta associação congrega produtores de vinhos doces botrytizados (atacados pelo fungo Botrytis cinérea), à moda do Sauternes. O nome "confidentiel" (confidencial) é inspirado no volume mínimo da produção, que é para poucos. O grupo estabeleceu uma carta de 10 regras de qualidade para seus vinhos que incluem:

  • vinhas de ao menos 15 anos de idade;
  • utilizar somente as castas Petite Arvine, Ermitage (Marsanne), Johannisberg (Sylnaver), Malvoisie(Pinot Gris) e Amigne;
  • não é permitida a fortificação dos vinhos;
  • todos devem amadurecer um mínimo de 12 meses em barricas;
  • todos devem ser elaborados com uvas "rôti" (botrytizadas) e/ou "flétri" (secas, de colheita tardia) ;
  • todos os vinhos precisam ser aprovados em teste de degustação por uma comissão do grupo.

    Os vinhos aprovados nesses quesitos trazem um selo com os dizerem "Grain Noble Confidentiel". Participei de uma degustação com cerca de trinta destes néctares. Vejamos alguns destaques:

    Mitis 2006
    Produtor: Jean-René Germanier. AOC Valais (sub-região Vétroz). Elaborado 100% com a casta Amigne, com 14,5% de álcool. Dourado intenso na cor, brilhante. Botrytis aparece nitidamente no nariz, com geléia de damasco, mel, especiarias, baunilha. Paladar bastante doce, concentrado, com boa acidez, bem equilibrado, muito longo e elegante. O melhor desta prova.
    Nota: 93 pontos

    Johannisberg du Valais 2007
    Produtor: Domaine du Mont. AOC Saint-Martin, elaborado com a casta Johannisberg. Bela cor dourada com reflexos alaranjados. Nariz delicado e etéreo, com bastante botrytis e muito finesse, flores, passas, amêndoas tostadas, geléias. Paladar doce, untuoso, redondo, muito longo e com final fresco e elegante.
    Nota: 92 pontos

    Polymnie Séduction Or 2006
    Produtor: Domaine des Muses. Corte de 85% Ermitage(Marsanne) e 15% Malvoisie (Pinot Gris), aroma complexo e etéreo, com bastante botrytis, florais elegantes, bom frescor, damasco, mel. Paladar concentrado, bastante doce, elegante e longo, um vinho muito rico e equilibrado.
    Nota: 92 pontos

    Petite Arvine Flétrie 2004
    Produtor: Philippoz Frères. Elaborado 100% com a casta Petite Arvine, com 14,2% de álcool. Cor amarelo dourado claro e brilhante. O aroma de botrytis se destaca, com florais, lavanda, melão maduro, damasco, geléia de limão siciliano. Paladar concentrado, bastante doce, untuoso, muito longo.
    Nota: 90 pontos

    Ermitage 2007
    Produtor: Denis Mercier. Elaborado com a casta Ermitage(Marsanne), com 12,5% de álcool. Dourado claro, brilhante. Aromas intensos e finos, com o típico verniz da botrytis, mel, flores brancas, bom frescor, fruta bem delineada, laranja confit. Paladar mais leve que os demais da prova, bastante doce, untuoso, longo. Delicado e elegante.
    Nota: 90 pontos
  • Comentários
    Cláudio Alves
    Sommelier
    Rio de Janeiro
    RJ
    21/06/2010 Mestre Marcelo, muito rica sua reportagem, já que aqui no Brasil pouco se conhece de vinhos suiços e pouco se vende. Hoje com exceção da Vitis Vinifera importadora e da Mistral não conheço mais quem trabalhe com eles.

    Há na Suiça, e se tem eles são respeitados, vinhos ao estilo dos Sforsatos italianos que são produzidos na fronteira do país?
    Marcelo Copello
    Colunista
    Rio de Janeiro
    RJ
    24/06/2010 Caro Cláudio, obrigado, a Suiça foi uma descoberta! Quanto a sua pergunta, eu não cheguei a ver por lá nenhum vinho tipo sfurzat ou amarone, eu estava na Suíça francesa (Valais), talvez haja algo assim em Lugano, na Suíça italiana.

    Abraços,
    Marcelo Copello.
    Massimo Frangi
    Enófilo
    Urussanga
    SC
    11/07/2010 Marcelo, Parabéns para a reportagem, mas eu queria responder ao Cláudio: Sfurzat é produzido na vizinha Valtellina em territórios bem diferentes que da Suiça, as terrazas. Estou falando isso porque 10 anos atrás saá da regiao da Lagoa de Como para vir no Brasil e como você sabe esta regiao faz divisa com a Suiça.
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