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De volta ao Alentejo, mergulhamos em sua diversidade. A variedade da região, que ocupa um terço de Portugal, se expressa primeiro em sua riqueza natural. Os terroirs aqui são fruto de incontáveis combinações de climas continentais, de influência marítima, de montanha, de planície, com solos que vão da argila ao xisto, passando por granito, calcário, gesso e mármore.
Outro aspecto importante é a multiplicidade de estilos dos vinhos da região, que consegue abranger e unir as 3 grandes correntes presentes em Portugal: o estilo Novo Mundo, o estilo Velho Mundo e a escola clássica portuguesa. Isso fica evidente quando analisamos os usos dos diferentes tipos de madeira. O carvalho americano foi a primeira referência nos vinhos do Alentejo e dominou as preferências no final dos anos 1980 e inicio dos anos 1990, pois o modelo seguido era o do Novo Mundo, talvez por influência de consultores australianos, como David Baverstock, da Herdade do Esporão. A madeira francesa aos poucos foi conquistando espaço, enquanto o carvalho português, que nunca deixou de ser usado, tinha fortes adeptos, como João Portugal Ramos. Hoje os três estilos e os três tipos de madeira convivem lado a lado e enriquecem o patrimônio enológico alentejano.
Continuando o relato da semana passada, sobre a recente visita que fiz à região, chegamos a alguns produtores emblemáticos e outros que se revelaram como ótimas novidades. Vejamos:
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Dona Maria |
 A Quinta do Carmo, hoje sede da Dona Maria Vinhos e residência de seu proprietário, Júlio Bastos (JB), foi palco de importantes capítulos da história do vinho alentejano. Localizada a 1km da cidade de Estremoz, a belíssima quinta do século XVIII foi presente de D. João V a uma amante, Dona Maria, que batiza o vinho hoje aqui produzido. A propriedade ficou conhecida como "Quinta do Carmo", pois em 1752 foi construída aqui uma capela consagrada a Nossa Senhora do Carmo.
Nesta propriedade se faz vinhos desde o século XIX, mas foi no final dos anos 1980 que JB fez fama com os vinhos da Quinta do Carmo. Já tive oportunidade de provar seus Garrafeiras de 1986, 1987 e 1988, que ainda hoje estão excepcionais. Estes vinhos eram produzidos a partir de um magnífico vinhedo centenário de alicante bouschet. Nesta visita caiu do céu em minha taça um Garrafeira 1986, leia mais adiante.
Em 1992 JB vendeu 50% de sua empresa para a Domaines Barons de Rothschild (Lafite), negócio do qual muito se arrepende. Os franceses, almejando fazer um vinho bordalês no Alentejo,como primeira medida plantaram cabernet sauvignon e arrancaram o maior patrimônio da empresa, as vinhas velhas de alicante bouschet. O fato é, sem dúvida, uma das maiores asneiras da história do vinho.
Em 2000 JB decidiu vender sua parte e sair da sociedade, perdendo a marca "Quinta do Carmo" (que hoje pertence ao empresário Joe Berardo), mas mantendo a quinta propriamente dita e os poucos hectares que restaram das famosas vinhas de alicante bouschet. Eram 80 hectares, hoje restam apenas 2, que JB está ampliando, replantando o mesmo clone. Na histórica propriedade ele instalou seu novo projeto, chamado de "Dona Maria", que chegou ao mercado na safra de 2003.
Sobre a Dona Maria Vinhos poso dizer que uma empresa nova de um experiente produtor, com vinhos excepcionais, que deverão ficar ainda melhores. Provei várias amostras de barrica da safra de 2009, de touriga nacional, cabernet sauvignon, petit verdot e alicante bouschet, que estão simplesmente FANTASTICOS! Vejamos alguns dos destaques das provas dos vinhos engarrafados:
Dona Maria Rosé 2009 Elaborado com 60% aragonês e 40% touritga nacional, com 3,7 gramas de açúcar residual. Cor entre pêssego e salmão, muito claro e brilhante. Aromas frescor e elegantes, com florais de violetas, tutti fruti, melancia, banana, rosas, especiarias. Paladar levíssimo e delicado, seco e macio, muito fresco, 12,5% de álcool, em um estilo que lembra mais Provence que Alentejo. É um vinho delicado, procure sempre comprar com no máximo 2 anos de idade, o 2008 provado já dá sinais de cansaço. Um dos melhores rosés do país. Nota: 87 pontos
Amantis tinto 2005 Elaborado com 30% syrah, 30% petit verdot, 30% cabernet sauvignon e 10% touritga nacional, amadurece 1 ano em barricas novas francesas. Rubi escuro com reflexos violáceos. Arma intenso de fruta negra madura, madeira aparece bastante, bem casada, chocolate, especiarias, baunilha, violeta. Paladar concentrado, com bom meio de boca, taninos doces ainda presentes, 14,5% de álcool. Estilo mais internacional. Nota: 88 pontos
Dona Maria Reserva 2005 Elaborado com 50% alicante bouschet, syrah e petit verdot, pisado a pé em lagares, amadurece 1 ano em barricas 70% francesas e 30% americanas. Rubi escuro com reflexos violáceos. Aroma complexo e concentrado, um bloco bem integrado de frutas, madeira, especiarias, chocolate amargo, ameixa, muito mineral, toque fumé. Paladar concentrado e austero, estruturado por taninos rijos, secos, sérios, 14,5% de álcool, a acidez muito boa forma um conjunto equilibrado de muita persistência gustativa. Para guarda. Nota: 93 pontos
Julio B Bastos Alicante Bouschet 2004 Elaborado 100% com alicante bouschet de vinhas velhas, pisado a pé em lagares, amadurece 14 meses em barricas novas francesas. Rubi-granada muito escuro, opaco. Aroma austero e ainda fechado, frutas negras maduras em bloco, geléias, musgo, tabaco, chocolate, muitas especiarias, alcaçuz, canela, defumados, mineral terroso, ervas maceradas. Paladar imponente, de grande volume, boa acidez, 14,5% de álcool, taninos monumentais e ainda assim muito equilibrado e elegante. Foi decantado 3 horas antes da prova e ainda estava fechado, recomendo abrir entre 2014 e 2024. Uma bela homenagem a Julio Bandeira Bastos, pai do proprietário. Nota: 94 pontos
Quinta do Carmo Garrafeira 1986 Elaborado com alicante bouschet, castelão e trincadeira, pisado a pé em lagares. Um vinho impressionante do início ao fim, desde a cor, densa e ainda muito escura, granada com os primeiros reflexos alaranjados. No nariz é potente, com evidente evolução, mas sem nenhum sinal de cansaço, demonstrando estar no início de sua vida madura, com frutas secas, eucalipto, chocolate, mineral terroso, tabaco, cedro, muitas especiarias. Paladar volumoso e incrivelmente vigoroso para sua idade, gordo e profundo. Em sua plenitude. Nota: 96 pontos
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Quinta do Mouro |
Nunca poupei elogios à Quinta do Mouro. Considero o "Quinta do Mouro Rótulo Dourado" não apenas um dos melhores vinhos do Alentejo, mas de todo o país. No time dos grandes vinhos portugueses este é talvez o mais subestimado e desconhecido no Brasil. A propriedade pertence a Miguel Louro, que tem fama de excêntrico, e a seu filho Luis, que contam com a consultoria enológica do craque Luis Duarte. O estilo dos vinhos é bem distinto, nadando contra a corrente de modernidade alentejana, fincando caráter sério profundamente no velho mundo. As vinhas não são irrigadas (caso raro no Alentejo), as uvas são pisadas em lagares, são utilizadas barricas de carvalho francês e português e o caráter dos vinhos é sério e sem concessões.
Quinta do Mouro 2005 Elaborado aragonês, alicante bouschet, touriga nacional e cabernet sauvignon. Cor retinta, quase roxa, viva. Aroma de fruta madura, doce, bem delineada, com bom frescor, cerejas negras, chocolate, toque mineral de xisto, toque floral. Paladar estruturado e compacto, taninos sérios, secos e firmes, nota-se a presença da touriga nacional no nariz e a alicante boushet e cabernet sauvignon nos taninos. Nota: 92 pontos
Quinta do Mouro Rótulo Dourado 2005 Elaborado aragonês, alicante bouschet e cabernet sauvignon, amadurece 18 meses em barricas 100% novas de carvalho francês. Este é o topo de gama da casa, feito apenas nos melhores anos. Cor violácea e opaca com reflexos granada. Aromas complexo, fruta negra densa, amalgamada com madeira em perfeita integração, muitas especiarias doces e picantes, menta. Paladar volumoso e sólido, de grande equilíbrio, com taninos sérios, boa acidez, ótima persistência gustativa, com profundidade de aromas e sabores. Dá a impressão de ter mais alicante bouschet que a safra anterior. Para mais 10 anos de guarda. Maravilhoso. Nota: 95 pontos
Quinta do Mouro Rótulo Dourado 2007 Ainda uma criança, novo e fechado, com perfil mineral bem mais evidente que em outras safras, mais acidez e elegância que o 2005 (o 2005 é mais volumoso). Outro grande Rótulo Dourado, que mal começou sai vida, para ao menos mais 10 de guarda. Nota: 95 pontos
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Monte dos Cabaços |
Eu não visitava Margarida e Joaquim Cabaço desde 2004. O casal é proprietário do reputado restaurante São Rosas, uma referência de boa gastronomia em Estremoz. A marca Monte dos Cabaços foi lançada em 2004 (com a safra 2001) e já na neste primeiro ano o "Monte dos Cabaços 2001" foi pra a minha lista de "Top 100 Melhores de 2004". O mesmo se deu quando chegou ao mercado o "Monte dos Cabaços branco 2005", que está em meus "Top 100 Melhores de 2006". Hoje quem está na direção técnica da casa é a enóloga espanhola
Susana Esteban (ex-Quinta do Crasto), e o que era bom melhorou. Confesso que não acho o mais correto analisar vinhos durante a refeição, pois há muitas interferências nos aromas e sabores, mas sendo no São Rosas, fiz um agradável esforço. A visita foi rápida, mas deu tempo de provar amostras de um excepcional alicante bouschet com um finesse incomum (ainda em barricas) e o Monte dos Cabaços Reserva 2007 que deverá ser arrebatador (ainda em inox).
Monte dos Cabaços branco 2008 Elaborado com antão vaz, arinto e roupeiro. Amarelo esverdeado brilhante. Aroma delicado, fresco, cheio de nuanças, toque cítrico, florais e minerais. Paladar leve e macio, com boa acidez, boa complexidade elegante e com potencial para 3-4 anos de guarda. Nota: 86 pontos
Monte dos Cabaços Reserva 2005 Elaborado com touriga nacional, alicante bouschet, cabernet sauvignon e syrah, estagiado 12 meses em barricas novas francesas. Vermelho rubi muito escuro com reflexos violáceos. Aroma intenso e complexo, com frutas negras maduras, chocolate amargo, especiarias picantes, mineral terroso. Paladar sério, austero, estruturado por bons taninos, secos e ainda nervosos. Perfil gastronômico, com força e elegância. Excelente. Nota: 92 pontos
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Terrenus |
Este é um projeto pessoal de Rui Reguinga, enólogo consultor de vários produtores em diversas regiões de Portugal, como Alentejo, Dão, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal, além de projetos na Argentina. Aqui Reguinga caprichou e acertou a mão, usando vinhas velhas da Serra de São Mamede, no norte do Alentejo, sub-região de Portalegre, nordeste do Alentejo. O Terrenus Vinhas Velhas é um vinho excepcional, de classe mundial.
Terrenus branco 2008 Elaborado com arinto, fernão pires e oupeiro, 13,5% de álcool
Amarelo palha claro e brilhante, com reflexos dourados. Aromas de bom ataque e boa complexidade, com cítricos que lembram lima e limão, madeira discreta, frutas tropicais maduras, toques florais e minerais. Paladar de bom corpo, boa cremosidade, macio e fresco, longo, elegante e de boa profundidade. Nota: 88 pontos
Terrenus Vinhas Velhas 2007 Elaborado com aragonês, trincadeira, alicante bouschet e grand noir, de vinhas de mais de 80 anos, fermentadas em cubas tronco-cônicas e em lagares, amadurecido 12 meses em barricas novas de carvalho francês. Vermelho rubi violáceo escuro. Aroma intenso e complexo, com bom frescor, madeira bem presente, notas de caramelo, chocolate, tostados, tabaco, frutas vermelhas e negras bem maduras, toques minerais muito elegantes. Paladar muito bem proporcionado, com bom corpo, 14% de álcool, taninos muito finos, boa acidez, longo, tem finesse e potencial para guarda. Excepcional. Nota: 94 pontos
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Altas Quintas |
 Também em Portalegre está o projeto Altas Quintas, parceria do produtor João Lourenço com o enólogo-consultor Paulo Laureano. Os 48 hectares de vinha da propriedade (de um total de 256 ha) desfrutam de um terroir único, a 600 metros de altitude, com muito xisto e granito, na encosta da Serra de São Mamede. A adega é digna de um alquimista como Paulo Laureano, com tudo de bom, como lagares de granito, cubas de inox, fudres (recipientes de grande capacidade) de carvalho francês da Seguin Moreau, tanques de fermentação Vinimatic, tudo com temperatura controlada. O projeto é baseado em castas autóctonas, com destaque para o "trio-alentejano" aragonês, trincadeira e alicante bouschet, e outras como verdelho, arinto, alfrocheiro, syraz e cabernet sauvignon. Ao final da prova a impressão geral é de vinhos muito expressivos e imponentes, mas onde me agradaria ver um pouco menos de extração e madeira, talvez tempo de garrafa ajude.
Crescendo 2007 Elaborado com trincadeira, aragonês e alicante bouschet, com 12 meses de estágio em barricas francesas e americanas. Vermelho rubi muito escuro com reflexos violáceos. No nariz é intenso e complexo, com muita madeira na frente, e notas vegetais de de musgo, tostados, passas, balsâmicos. Na boca tem bom corpo, taninos doces, macios, prontos, é carente de acidez, curto deixando aromas de madeira no fim de boca. Falta acidez e frescor e sobra madeira. Nota: 82 pontos
Altas Quintas Mensagem de Trincadeira 2007 100% trincadeira, elaborado apenas em bons anos para esta castra, fermentado em carvalho. Rubi escuro, violáceo. Aroma muito expressivo, com muita madeira na frente, ervas maceradas, pimentão, couro novo, passas. Paladar de bom corpo, taninos doces, acidez discreta, equilíbrio pende para a maciez, persistência média. Nota: 86 pontos
Altas Quintas 2006 Elaborado com trincadeira, aragonês e alicante bouschet, fermentado em barricas novas francesas onde permanece 6 meses. Vermelho rubi muito escuro com reflexos violáceos. Aroma intenso, com madeira presente, mas menos que os anteriores, toques vegetais de tabaco e musgo, chocolate, couro novo, flores, toques balsâmicos. Paladar de bom corpo, 14,5% de álcool, bom equilíbrio, madeira aparece na boca, acidez melhor que os anteriores mas ainda discreta. Nota: 83 pontos
Altas Quintas Reserva 2005 Elaborado com trincadeira, aragonez e alicante bouschet, fermentado em fudres de carvalho francês com posterior amadurecimento de 16 meses em barricas novas francesas. Na cor é uma tinta negra. Aroma fino e potente, fruta mais fresca que os demais e mais bem delineada, geléias, toque de mentol, ervas maceradas, especiarias. Paladar de bom corpo, taninos estruturados, 14,5º de álcool, a madeira aparece na boca, persistência cai um pouco no final. Precisa de tempo de garrafa. Nota: 87 pontos
Obsessão 2004 Elaborado 85% alicante bouschet e 15% trincadeira, fermentado em fudres de carvalho francês com posterior amadurecimento de 20 meses em barricas novas francesas. Muito escuro, opaco. Nariz intenso e complexo, de fruta doce compacta, muita madeira, vegetal de musgo, tabaco, tostados, mineral terroso, toque lácteo e de mentol. Paladar volumoso, uma massa de taninos, longo com rastro de madeira fica no fim de boca. Precisa de tempo de garrafa, talvez 5 ou 10 anos, mas não sei se tem acidez tanto. Nota: 89 pontos
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Gloria Reynolds |
A família inglesa Reynolds está em Portugal desde 1820, inicialmente ligada ao comércio do vinho do Porto, posteriormente na indústria de cortiça e outros negócios. Em 1998, Julian Reynolds retomou a veia vínica da família ao comprar a Herdade da Figueira de Cima, uma propriedade de 200 hectares no Alentejo, para lançar um vinho em homenagem a sua mãe, Gloria. Seus 40 hectares de vinhedos na sub-região de Portalegre, aos pés da Serra de São Mamede, desfrutam de solos xistosos e clima continental. A vinícola é moderna, equipada com fudres de carvalho francês Seguin Moreau e fermentações a frio. Confesso que gostei mais dos brancos, achei os tintos promissores, mas um pouco carregados na madeira e na extração.
Julian Reynolds 2008 Elaborado com arinto de vinhas velhas em solo de xisto, sem passagem por madeira. Amarelo esverdeado claro e brilhante. Tem um perfil que lembra um sauvignon blanc neozelandês, cítrico, com frutas tropicais, manga, maracujá, abacaxi. Paladar de médio corpo, com acidez crocante, 14% de álcool, boa textura, delicioso, o vinho que pessoalmente mais me agradou na casa. Nota: 87 pontos
Glória Reynolds 2007 100% Antão Vaz, fermentado em barricas novas de carvalho francês onde permanece 8 meses. Amarelo palha com reflexos dourados, brilhante. Nariz intenso com madeira na frente, amanteigados, fruta muito madura, geléia de abacaxi, toque mineral. Paladar de bom corpo, untuoso, longo e estruturado por boa acidez. Um pouco carregado na madeira, precisa de tempo de garrafa. Nota: 87 pontos
Julian Reynolds Reserva tinto 2005 Ainda não lançado, 50% alicante bouschet, 25% aragonês e 25% trincadeira, amadurece 12 meses em carvalho francês. Aroma intenso com madeira na frente, passas, chocolate, baunilha, toques florais. Paladar de bom corpo, taninos doces, longo. Estilo um pouco comercial demais, falta estrutura para toda a madeira que usaram. Nota: 84 pontos
Glória Reynolds tinto 2004 70% alicante bouschet e 30% trincadeira,fermenta em fudres de carvalho e amadurece 24 meses em barricas novas francesas. Rubi muito escuro com reflexos granada. Aroma intenso com boa complexidade, madeira domina, com chocolate, caramelo, geléias, florais. Paladar volumoso, concentrado, taninos doces, bem presentes, com madeira aparecendo bastante na boca. Tem classe, mas poderia tem um pouco menos de madeira, precisa de tempo de garrafa. Nota: 88 pontos
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