|
 Caros leitores, agradeço ao carinho dos que escreveram desejando feliz aniversário. Fiquei surpreso com a curiosidade de todos em torno do vinho que eu degustaria em minhas comemorações. Pois será este, então, o tema de hoje.
Antes é bom explicar que a data certa foi dia 24, mas este ano comemorei antecipadamente por motivo de viagem. Enquanto vocês lêem este texto eu devo estar dentro de um avião, a caminho de mais uma degustação em algum lugar do planeta.
Voltando ao vinho da comemoração, antecipo que quem é devoto de Baco não costuma provar um vinho só por vez, e quem segue esta religião busca a diversidade e a novidade com a mesma avidez que reverencia os clássicos. Por isso, amigos, a lista a seguir é longa e cheio de "estranhezas" deliciosas. A temática deste meu natal foi a DIVERSIDADE.
O festim foi em duas etapas. A primeira, um almoço com amigos, entre eles o sommelier Dionísio Chaves e o advogado e enófilo Hélio Barros, que nos brindou com uma pequena vertical de Sassicaia. A segunda, no dia seguinte, em Itaipava, na casa do amigo Paulo Lima, com uma adega generosa, onde desfilaram grandes vinhos de vários países, incluindo México, Suíça, Bulgária e Grécia, além de França, Alemanha, Portugal, Espanha e Itália. Isso é que é diversidade! Vamos aos vinhos, com algumas linhas sobre os destaques:
Domaines Ott Clos Mirelle 2005
Um Blanc de Blancs das Côtes de Provence-França, elaborado com Semillon, Rolle e Ugni Blanc, envelhecido em barris de carvalho por 12 meses. É um vinho simplesmente encantador, de cor dourada, muito perfumado, com aromas florais e de pêssegos frescos, paladar macio e extremamente equilibrado, delicioso. Nota 92 pontos
Sassicaia 1986
O Sassicaia, cuja 1ª safra saiu oficialmente em 1968, junto com o Tignanelo (1ª safra em 1971) foram precursores do estilo que hoje se chama de "Supertoscano". Este exemplar foi elaborado com 85% Cabernet Sauvignon e 15% Cabernet Franc. 1986 não foi uma grande safra, mas o vinho continuava vivo, embora muito evoluído, de cor granada-alaranjada escura, um pouco turvo, com muitos aromas balsâmicos, de madeira, sottobosco, figo seco, passas, fundo mineral terroso, paladar de médio a bom corpo, longo e complexo, mas já na descendente. Nota 86 pontos
Sassicaia 1983
Mais claro e mais magro que o 1986, mas muito mais jovial e expressivo e elegante. Aroma de cogumelos secos, muito mineral, lembrando ferrugem, paladar macio e muito elegante, com taninos finíssimos. Não deve evoluir mais, mais ainda está perfeito.Nota 88 pontos
.
Sassicaia 1980
Em vinhos antigos cada garrafa é uma história. Deste 1980 abrimos duas garrafas. Na primeira o vinho estava apagado e decadente. A segunda, contudo, foi a melhor do dia, com um vinho complexo e muito expressivo, digno do prestígio que tem. Muito mineral, com bom volume de boca e profundidade. Nota 94 pontos
Porto Vintage 2000, Quinta do Crasto
Este porto quase roubou a cena do Sassicaia, pois estava simplesmente perfeito. 2000 é uma safra de Portos precoces (já prontos apesar da juventude) e muito elegantes. Nota 93 pontos
Champmarais Cornalin 2006, Jean René Germanier, Vétroz-Suiça
Esta garrafa eu trouxe de uma viagem a Suíça ano passado. É um produtor de boutique e foi o melhor tinto que provei por lá. Rubi escuro violáceo, de aroma muito intenso, fresco e muito mineral, com toques de ervas frescas, muitas especiarias, amoras e baunilha. Paladar de bom corpo, 13,5% de álcool, taninos sérios e secos e muito finos, com ótima acidez, bastante gastronômico. Um vinho diferente, com finesse e cheio de personalidade. Nota 91 pontos
BV Enira 2007, Bulgária Este recebi diretamente da Bulgária, junto com outros dois vinhos TOPs de lá. É um corte quase bordalês, com 41% Merlot, 34% Cabernet Sauvignon, 25% Petit Verdot, 20% Syrah, 18 meses em carvalho francês. Rubi muito escuro, com reflexos granada. No aroma a madeira vem na frente,com muitos tostados, chocolate, ervas maceradas, toque lácteo, defumados. Paladar encorpado, concentrado, taninos estruturados e presentes, ainda jovem, acidez moderada. Cresceu muito ao logo da prova, na taça e no decanter. Nota 88 pontos
Todoroff Jubilée 2005, Bulgária
Este coloco aqui só como curiosidade, pois já provei faz uns dois meses. Trata-se de um blend da uva local Mavrud com Cabernet Sauvignon e Merlot. Um tinto estruturado, sério e complexo, para longa guarda. Abri esta garrafa as cegas para amigos degustadores experientes e todos adoraram, mas, como era de se esperar, ninguém adivinhou que era da Bulgária. A média do foi: Nota 91 pontos
Duetto 2005, Bodegas de Santo Tomás, Baja California-México Elaborado com 60% Tempranillo do Valde de San Vicente com 12 meses em carvalho francês e 40% Cabernet Sauvignon do Vale de Santo Tomás com 18 meses em carvalho francês. Na cor é granada escuro com reflexos rubi. Impressiona no nariz, pois é muito intenso, elegante e complexo, com um perfil doce, muitas especiarias doce e picantes, canela, baunilha, mineral terroso, geléias, cerejas e ameixas pretas bem maduras, couro novo. Paladar de bom corpo e muito macio, com 14% de álcool, taninos doces e sedosos, acidez moderada, perfil bem novo mundo. Nota 89 pontos
Unico Gran Reserva 2005, Bodegas de Santo Tomás, Baja California-México
Cabernet Sauvignon e Merlot, amadurece em barricas francesas por 24 meses. Cor granada entre claro e escuro, com reflexos alaranjados. Aroma fechado, foi se abrindo lentamente no decanter. Muita madeira, estilo mais old fashion, aromas vegetais de musgo e tabaco, baunilha, tostados, fruta passa, ameixa, cerejas, defumados. Paladar de bom corpo, com taninos doces e finíssimos, 14% de álcool, acidez moderada com equilíbrio tendendo a maciez. Nota 90 pontos
Xaloc Reserva 2005, Bodegas de Santo Tomás, Baja California-México
Tempranillo, com 13 meses de amadurecimento em barricas novas. Vermelho rubi escuro com reflexos granada. Aroma intenso e muito doce, lembrando rapadura, melaço, frutas cozidas, cerejas negras, geléias, tostados, caramelo. Paladar de bom corpo, taninos doces, aveludados, acidez baixa, Faltou um pouco de frescor e elegância. Nota 86 pontos
Faustino Gran Reserva 1970, Bodegas Faustino, Rioja-Espanha Este é da adega e da safra do amigo Paulo Lima. Um clássico da Rioja, em estilo inconfundível. Naturalmente, aos 40 anos, um vinho já alaranjado, com pouca cor, totalmente etéreo, com muita evolução, mas ainda perfeito, com paladar aveludado, um carinho na boca. Nota 91 pontos
Metoxi X 2005, Tsantali, Macedônia-Grécia
Este acabo de trazer da Macedônia, foi um dos tintos que mais gostei de lá, com a uva Xinomavro, que me lembra um pouco a portuguesa Baga, por seus taninos sérios. Elaborado com 50% Cabernet Sauvignon, 30% Limnio e 20% Xinomavro.
Ainda jovem e fechado, com aroma de fruta negra limpa elegante, toques de couro, especiarias, pimenta preta, lácteos, cerejas. Paladar de bom corpo, estruturado por taninos secos, algo duros mas com nervo, 13,% de álcool, acidez boa. Cresceu muito no decanter. Um vinho diferente, para guarda. Nota 89
pontos
Porto Colheita 1994, Romariz
Para encerrar com chave de ouro a comemoração abrimos este Colheita de uma das melhores safras da história do Vinho do Porto. Este tem estilo muito leve e delicado, complexo e elegante, com muitas frutas secas, passas, amêndoas, tostados, resinas, moderadamente doce, com taninos finíssimos e bom frescor. Nota 92 pontos
Um brinde a todos!
|
|
|