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 Combinação imbatível: 70% de Cabernet Sauvignon + 27% de Carmenère + 3% de Cabernet Franc + 17 meses em barris = Jóia Chilena
"Chile, uma louca geografia", assim se referia ao seu país o poeta Pablo Neruda. E tinha razão - os poetas têm sempre razão. É só conferir: a extensão do território é de 4.300 quilômetros de norte a sul e apenas 175 quilômetros de largura em média. Ou seja, é um senador Marco Maciel pendurado nos Andes. Mesmo assim, o Chile é a mais antiga região vinícola da América Latina. A vinha chegou ao país em 1548, mas só 300 anos depois teve início a vitivinicultura no sopé da Cordilheira, quando um francês, Claude Gay, trouxe da França um número expressivo das uvas cabernet-sauvignon, merlot e, sobretudo, carmenère, assim como outras varietais sadias, já que essas cepas chegaram ao Chile antes de a phylloxera devastar as plantações europeias.
Ou seja, o vinho chileno é descendente direto do velho mundo pré-phylloxera, fato inédito até hoje em todo o planeta-vinho. E as parreiras permaneceram imunes ao fungo assassino porque são/estão protegidas por um cordão sanitário, "amarrado" pela louca geografia. Ao norte, o deserto de Atacama; a leste, os Andes; a oeste, o Pacífico, e, na ponta meridional, o Polo Sul. Mas a região-mãe da produção vinícola é o Vale Central, o "Bordeaux Chileno". Com 980 quilômetros de extensão, é uma das zonas agrícolas mais férteis do mundo. O clima é mediterrâneo, mas perto da base dos Andes as temperaturas variam bruscamente entre o dia e a noite, proporcionando a amplitude térmica que "provoca" as vinhas.
De olho nesse potencial, a partir de 1987 várias empresas estrangeiras investiram maciçamente no Chile, trazendo know-how e know-who para o enobusiness. Técnicos transformaram vinícolas antigas, instalaram equipamentos de produção avançados e estimularam a integração dos novos winemakers chilenos com enólogos franceses e americanos. Os resultados foram surpreendentes: num primeiro momento, o Chile tornou-se conhecido quase que da noite para o dia como produtor mundial do vinho de melhor relação custo-benefício.
E, lá pelo fim dos anos 90, os mesmos empresários partiram para o upgrade do produto e da imagem do vinho chileno. De um lado, plantaram a maior extensão de vinhedo biodinâmico do mundo, administrado pelas empresas Orgânicos Emiliana, subsidiária da Concha y Toro e pela Cono Sur que, desde 1997, explora o conceito do vinho casual, contemporâneo. E, como missão principal, começaram a produzir vinhos de alta qualidade: aromáticos, sem "Chanel"; frutados, sem "beaujolaisismo"; alcoólicos, mas não "fortificados". Ou seja, competitivos e adequados a um mercado exigente, seletivo, mas implacável.
Prova disso, é a presença de um estupendo produto desse novo Chile 2000, preocupado em elaborar vinhos especiais como o Almaviva. Fruto de uma operação gigantesca da velha vinícola Concha y Toro que, para isso, se associou ao grupo do Barão Rothschild especificamente para a elaboração desse excepcional "grand cru" franco-chileno. Sua composição traz a seguinte mistura de castas: 70% de cabernet sauvignon, 27% de carmenère e 3% de cabernet franc. Após 17 meses em barris, o resultado é um vinho tinto profundo, com notas de frutas vermelhas e um leve aroma de tabaco, chocolate e café, em uma base mineral. O sabor cresce na boca, porque obedece à trilogia dos grandes bordaleses: bom teor alcoólico (14,5º), acidez e tanino equilibrados. O nome Almaviva foi retirado da literatura francesa, já que o Conde Almaviva é o herói da famosa peça O casamento de Fígaro, escrita por Beaumarchais, mais tarde transformada em ópera por Mozart. E o rótulo contém símbolos históricos da civilização indígena Mapuche. Ele é a reprodução estilizada da visão do cosmos e das forças da natureza. |
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