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O Brasil já conheceu a aristocracia do açúcar, os barões do café - está vendo agora nascer a era dos CEOs do vinho.

Merecidamente, diga-se. Dos ciclos produtivos que mudaram a economia do nosso país para melhor, nesses últimos vinte e poucos anos, uma deles foi o negócio do vinho brasileiro. E nem por acaso, negócio vem do latim: negar o ócio! A heróica legião de oriundi que deixou o Trentino, a Toscana e o Veneto, por volta de 1870, para produzir o "fermentado da uva" na serra gaúcha, merece retrato no museu do vinho. E só. Porque, coitados, fabricavam um vinhozinho medíocre, extraído de minifúndios desatendidos de qualquer legislação facilitadora e onde toda a cadeia comercial era decidida empiricamente: a garrafa, o rótulo, a estratégia de vendas, a colocação nas prateleiras, o "reclame" , etc...

Mesmo o esforço, que imagino "de remador de Ben-Hur", dos filhos e netos desses Genaros, e alguns Fritz, não lograram ir muito além dos Chateau Duvalier, Lacave, Lejon, Granja União, Forestier e alguns outros que a minha geração tomou - faute de mieux - nas madrugadas da vida.

Mas como o último amador que deu certo foi o Aguiar, do Bradesco, hoje tudo mudou. A produção de vinhos de qualidade, no Brasil, passou para uma quarta geração de vitivinicultores high-tech que foram buscar recursos próprios ou financiados para reciclar o chão de terra e da fábrica, e refazer as cabeças, o paladar e o bolso do consumidor final.

Para isso, investiu-se muito dinheiro em tecnologias de ponta e na formação de novos quadros - patrões e mão-de-obra qualificada - de tal modo que o Brasil se alinha, hoje, entre os maiores/melhores países produtores de vinho, em um mundo de cerca de 200 estados nacionais.

O conhecimento do campo, do suco fermentado da uva e do mercado era, até meados de 1960, empírico e hereditário, na medida em que os filhos e netos dos oriundi que foram para a serra gaúcha, tendiam a utilizar o know-how que aprenderam com os seus pais e avós, mais o que a Embrapa ensinava nas cooperativas. Não havia revistas especializadas do gabarito das atuais - Decanter, Wine Spectator, sites, blogs, portais. Nada!

Hoje, já existe um curso de nível superior sobre viticultura e enologia, ministrado pelo CEFET em Bento Gonçalves e, em breve, serão inaugurados mais dois: um em Florianópolis e outro - pasmem! - em Petrolina. Ou seja: houve muito trabalho, uso de novas tecnologias, a consciência de que era urgente encarar com uma resposta de qualidade a acirrada competição dos nossos hermanos argentinos, chilenos e uruguaios, compreensão fiscal do governo e sorte, é claro.

Resultado: melhorou o produto, o produtor, o serviço (sommeliers) e... o consumidor.
 
Comentários
Eduardo Tlach
Professor - Bar/Enologia/SENAC
Santo André
SP
28/10/2009 Caro Reinaldo

Sempre leio com alegria seus textos, são muito informativos e tratam o vinho de forma direta.

Lembro com certa saudade do vinho Lejon, não era o melhor do mundo mas tinha um riesling refrescante para as tardes de verão.

Procurei há pouco tempo o CEFET que agora é chamado de Instituto Federal-RS, e fui informado que o curso superior de Enologia é em horário integral e duração de dois anos e meio. Quem sabe em Santa Catarina haja possibilidade de horários mais flexíveis e acessíveis aos interessados.

Grande abraço.
Fernando Sequeira de Matos
Enófilo
Mealhada
Bairrada
Portugal
28/10/2009 Carissimo Reinaldo Paes

Enfim vejo um brasileiro a falar bem do vinho brasileiro. Pensei que andavam distraídos. È certo que não podem ter as castas todas pois os terroirs do Brasil são próprios e não dão para todas as castas, mas algumas delas já são de gabarito mundial.

Agora só falta o governo decretar o arranque da vide americana protegendo o bom vinho, o que verificando a história do arranque desta vide na Europa, não tardará, até porque não há philoxera.

Parabens
Fernando
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]