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Colunistas
 
Primeiro, Londres
Um dos mais tradicionais restaurantes da cidade, o Simpson's-in-the-Strand, no número 100 dessa rua, foi fundado em 1828 como um clube onde se bebia café, drinques - of course - e os homens fumavam charutos. Em 1848, John Simpson introduziu a sala de roast meats para os membros do clube. Dali pra diante tornou-se uma das mais célebres steak houses de Londres. Era o templo do carneiro e dos assados. Há um chef que só cuida deles. Mas... detalhe: só se podia entrar de paletó e gravata. E quem viesse de outra forma, ia ao vestuário e escolhia um paletó e uma gravata para sentar-se.

Pois bem: lá estive hoje de terno e tie - como aprendi. Eu e a maioria, mas... de dois anos para cá, não é mais obrigatório nem um, nem outro. A meu lado, um mancebo de suéter comia alegremente o seu cordeiro. Continua-se comendo supinamente bem: pombos grelhados com com feijão verde de entrada (Ibama neles!) e trio de alcachofras na brasa de pinho, como prato principal, por exemplo, foram as minhas escolhas.

E a carta de vinhos e queijos permanece inalterada. Serviço, idem: todos os maîtres de casaca (embora de gravata borboleta preta) e os garçons mais elegantes do que todos os ministros do Lula. Mas os clientes...

Segundo, Paris
Essa é de cortar o coração: o emblemático La Tour d`Argent - inaugurado em 1592 - no derrière da Notre-Dame e uma espécie de Torre Eiffel da gastronomia (com todo o respeito à família Terrail), anuncia que vai colocar à venda parte da sua adega de 450.000 garrafas escondidas na sua cave, embaixo do Sena - para restaurar as suas finanças - e o seu público! Serão 18.000 rótulos dos mais famosos vinhos do mundo que irão à leilão para arrecadar um milhão de euros. Dentre esses néctares, irão para o martelo um Cognac produzido em 1788, um Bourgogne tinto de 1895 (Corton), um Pétrus 1983, um Château Latour 1949, um Cheval Blanc 1970 e dezenas de Bordeaux, Sauternes, etc...

Além das finanças, essa medida visa reunir forças para devolver à Tour d'Argent a sua terceira estrela Michelin, perdida em 1996 e, segundo alguns, começo do fim (morte) do velho Claude Terrail, um francesão alto e simpático como um Yves Montand, que em 2003 se orgulhava de ter servido o pato numerado - carro-chefe da casa - 1.000.000. Ele tratava o Imperador do Japão e o Reinaldo da mesma forma efusiva e profissional: "Cher Monsieur, soyez chez vous!" E se retirava, elegantíssimo, para aparecer na porta do elevador na hora da despedida.

Deus e Baco permitam que essa operação dê certo!
 
Comentários
Luiz Márcio Malzone
Aposentado e enófilo
Rio de Janeiro
RJ
09/12/2009 Caro Reinaldo

É isso mesmo. Tudo mudou muito e não foram só esses dois exemplos. Praticamente em qq lugar que vc vá hoje, a informalidade é quase total. Permissividade, por que não dizer assim? Em vários dos "estrelados" do Michelin já se observa esse tipo de "liberdade".

Mas será que estamos mudando para melhor? Tenho sérias dúvidas. Certamente não vamos mais de polainas, mas um pouco de bom senso cabe em qq lugar! Há que se manter o respeito.

Abraços
Malzone
Marcus Coelho
Engenheiro
Niterói
RJ
10/12/2009 Caro Reinaldo,

O leilão já ocorreu (dias 7 e 8/12) e arrecadaram 1,8 milhão de euros.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]