|
 Amigos, Natal é tempo de confraternização - presentes, comidas e... vinho. O vinho faz bem? Depende: se for um vinho de razoável para bom e se você estiver de bom para razoável, faz bem. Mas se um dos dois - o vinho ou a sua boca, ou ambos, estiverem bouchoné - aí é melhor água mineral sem gás.
Mas, vamos lá: o vinho é, provavelmente, a bebida alcoólica com a mais duradoura fama de produto saudável dos últimos 6 mil anos. Primeiro, porque o vinho supõe alegria, roda de amigos, bem-estar. O que não ocorre com o uísque, a vodka, o gin e outros destilados, que tanto servem para "regar" uma reunião feliz, ou um bom momento, quanto para "afogar" uma - ou muitas - fossas.
Segundo, porque tirando os "clochards" da beira do Sena, o vinho em geral é bebido em momentos de energia plural, normalmente durante a refeição, em torno de conversa amena e, quase sempre, entre amigos - entre si e do vinho. E sempre celebrado: os gregos no seu symposion e os romanos no comessatio, cantavam cantigas báquicas, estimulando os louvores ao deus do vinho e à importância do convívio: e isso já por volta de 500 anos antes de Cristo! De lá para cá, não faltaram poetas e médicos - citando duas profissões quase opostas - para exaltar as suas virtudes tanto farmacológicas quanto, e sobretudo, espirituais.
Além disso, o vinho é bom viajante: cruzou os cinco continentes, contribuindo para a difusão da cultura e da cura de muitas enfermidades: a primeira delas, a tristeza.
Mas de onde vêm as suas virtudes medicinais? Das cerca de 1.000 substâncias identificadas e catalogadas que entram na sua composição. A grosso modo, as substâncias constituintes do vinho, podem ser separadas em voláteis e fixas. As voláteis são: a água, os álcoois, o ácido acético, os ésteres voláteis e os aldeídos. Os fixos são os ácidos e seus sais, os açúcares, as substâncias minerais, as substâncias nitrogenadas e os polifenóis, cujos benefícios para a saúde estão associados à redução da pressão alta e ao aumenta os níveis de serotonina no cérebro. A serotonina desempenha um importante papel no sistema nervoso, como a regulação do sono, da temperatura corporal, do apetite, do humor, da atividade motora e das funções cognitivas. E, dos polifenóis, o campeão é o resveratrol, um poderoso antioxidante, com propriedades antiinflamatórias e, hoje, comprovadamente, um agente preventivo das doenças cardiovasculares, na medida em que atua na redução do LDL, o colesterol bandido.
Bom, diante do exposto (como nos ofícios), só nos resta levar a sério o ditado inglês: "a vida é muito curta para se beber vinho ruim". Mesmo assim, um recado: moderação. Vem aí - ainda - o Reveillon, o Dia de Reis, o Carnaval, o inverno, as férias de julho, o início da primavera, os feriados de novembro e... o Natal, outra vez.
Mas que este, desta semana, seja muito, muito generoso para todos nós! |
|
|