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Exótico, etimológicamente, vem de ex-optico (fora da vista), ou seja o que não estamos habituados a ver: daí chamar a atenção. No caso dessa coluna, vamos relatar o que não estamos habituados a beber... os vinhos de países não identificados com a produção de vinhos. Como a Inglaterra, a Índia e a China.

Vinhos ingleses
Os produtores de vinho da Inglaterra não têm motivos para se queixar do aquecimento global. O aumento das temperaturas vem favorecendo a expansão de um mercado que não desfruta de qualquer tradição e ainda é pouco conhecido, mesmo entre os próprios britânicos.

Mas em entrevista à BBC Brasil, em dezembro de 2009, o presidente do English Wine Producers (Produtores Ingleses de Vinho), Mike Oberts, disse que "a indústria vem se beneficiando com a elevação nos termômetros", que faz com que o clima da região sudeste, onde está concentrada a grande maioria dos 362 vinhedos da Inglaterra, torne-se mais propício para o cultivo. As vinhas se encontram majoritariamente no sul e sudeste "da ilha" (Kent, Sussey, Surrey, onde se localiza a maior vinícola do páis, a Denbies, responsável por 10% da produção nacional, em torno de 800.000 garrafas/ano).

A grande maioria dos vinhos ingleses são brancos e secos e vem se registrando um crescimento da indústria, fruto de uma demanda cada vez maior do mercado interno. Os produtores também comemoram os prêmios que os vinhos nacionais receberam, em maio, de 2009, durante a competição promovida pelo International Wine Challenge (IWC), uma das mais reconhecidas da indústria. Um exemplo: o Wickham Special Release 2002 Fumé Dry, de Hampshire, com 12,5º de álcool. Duas uvas compõem o blend (vício de falar de uísque): Bacchus e Reichensteiner. A primeira, um cruzamento da Riesling, Sylvaner e Müller-Thurgau e a segunda, um moderno cruzamento de Müller-Thurgau com as uvas Madeleine Angevine, francesa e a italiana Early Calabrese. Não provei, não posso enopinar!

Vinhos indianos
A vinícola norte-americana E&J Gallo, a segunda maior do mundo, considerando-se quantidade de caixas de vinho vendidas, começou a produzir vinhos na Índia em 2008. Mas não está sozinha. A Riona Wines Pvt. Ltd., uma vinícola do "State of the Art", localizada no oeste da capital Maharashtra, do Estado de Sangli, a região vinícola mais importante da Índia é agora parceira de duas vinícolas italianas - Terre Cortesi Moncaro (Doriano Marchetti) & Cantina Mecella (Enzo Mecella) - sob a forma de joint venture, desde o final de 2009. Os italianos adquiriram 17% de participação na Riona, no valor de 42,5 milhões de dólares, em troca de técnicas de vinicultura e know how.

"É a primeira vez que produtores estrangeiros investem uma soma dessas em vinícolas indianas", diz Hansraj Ahuja, diretor de vendas na Riona. "Nós vendemos parte da sociedade aos italianos para produzir e colocar nossos vinhos no mercado. Em 2010 produziremos seis tipos de vinhos tintos e brancos para o mercado interno."

O mercado de vinhos da Índia é atualmente dominado por dois produtores: Sula Vineyards, com um espectro diferenciado de vinhos tintos e brancos - e espumantes - e a Grover Wines, que produz vinhos tintos, contando com tecnologia européia.

Segundo a Academia de Vinho Indiana, de Nova Delhi, além das uvas importadas da Itália, são cultivadas na Índia as uvas francesas. Os franceses ainda estão aguardando os acontecimentos. "A movimentação financeira na Índia envolveu, nos anos de 2008 e 2009, um total de 1,4 milhões de garrafas, das quais 200.000 foram importadas", conforme resultados da Academia de Vinho. "Em comparação a 2008, está previsto um aumento de 30% do consumo em 2010". Especialmente os jovens da classe alta estão preferindo o vinho à cerveja e aos destilados.

Também com relação aos vinhos indianos - Ghandi seja louvado - nunca provei um que fosse de meu agrado.

Vinhos chineses
Os grandes imperadores chineses já consumiam vinho. Horríveis, ao que parece: doces e com espuma, mas isso há 200 anos. Depois da segunda guerra, no entanto, a China se fechou muito ao exterior. Tudo isso fez com a que produção de vinhos ficasse estagnada nos moldes tradicionais. Só muito recentemente, algumas vinícolas sofreram uma modernização, mas sempre de olho na exportação de produtos baratos.

Hoje, a China produz putaojiu (vinho em chinês). E muito. E a participação do vinho na moderna economia chinesa é o resultado da iniciativa estrangeira. No fim dos anos 70, o programa chinês de modernização permitiu a participação ativa de produtores europeus. O primeiro investidor foi Rémy Martin, que em 1980, junto com um vinicultor nacional, construiu uma grande e moderna vinícola em Tianjin errichtete. A marca "Dynasty" concorreu com a marca "Great Wall", a qual também contava com estrangeiros. Hoje é a líder de mercado de vinho em estilo europeu, com 13 milhões de garrafas anuais.

A seguir, e por iniciativa de duas joint ventures estrangeiras, foram cultivadas vinhas de uvas européias de primeira qualidade. e a própria "Domaine Lafite Rotschild" tem planos de produzir bom vinho na China. Já a vinícola Huadong, em Qingdao (Tsingtau), na costa norte da província de Shandong, criada por investidores de Hong Kong, está em fase final da construção de um magnífico château (foto ao lado).

Saúde!
 
Comentários
Paulo Emilio Bouzan
Professor
Rio de Janeiro
RJ
31/01/2010 Prezado Reinaldo,

Você teria algum comentário sobre vinhos da Turquia? Especialmente na região da Capadócia estão estabelecidas algumas vinícolas. Lá estive e degustei um ou outro tipo. O que me diz desses vinhos?

Obrigado
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]