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 A cerveja e o vinho são vizinhos de porta há milênios, já que ambos são provenientes do antigo Egito. Por isso vamos falar de um e do outro. Sobretudo nessa fase do ano, nas grandes cidades do Brasil, em que o calor e a umidade clamam por bebidas geladas - e contrariamente aos gaúchos, que tomam chimarrão fervendo, e dos ingleses, que preferem o chá pelando para evitar o choque térmico (prática discutível) - está na moda beber-se um e outro durante um mesmo evento. O Boni e o Ricardo Amaral, por exemplo, às vêzes tomam uma taça de cerveja antes das refeições (para hidratar) e, na hora da comida, aí selecionam o bom vinho. A nova rapaziada européia, idem. Bebe cerveja como drinque e o vinho para escoltar a refeição. Tanto que é comum ver-se, hoje, em boas lojas de venda de vinhos, como no Bergut Bistrô, no centro do Rio, um espaço para as cervejas e as suas taças.
Um pouco de história: segundo o sábio grego Ateneu de Náucratis (século III d.C.), a cerveja entrou no cardápio dos egípcios para ajudar a quem não tinha como pagar o vinho. Inscrições em hieróglifos e obras artísticas testemunham o gosto daquele povo pelo henket ou zythum, apreciada por todas as camadas sociais. Até um dos faraós, Ramsés III (1184-1153 a.C.), passou a ser conhecido como "faraó-cervejeiro" após doar aos sacerdotes do Templo de Amon 466.308 ânforas ou, aproximadamente, um milhão de litros de cerveja.
Os gauleses a chamavam de cerevisia em homenagem a Ceres, deusa da agricultura e da fertilidade.
A cerveja é o resultado da fermentação alcoólica preparada de mosto de algum cereal maltado, sendo o melhor e mais popular a cevada. Como é composta principalmente por água, a origem dessa água e as suas características têm um efeito importante na qualidade da cerveja, influenciando, por exemplo, o seu sabor. Muitos estilos de cerveja foram influenciados ou até mesmo determinados pelas características da água da região.
Dentre os maltes, o de cevada é o mais frequente e largamente usado devido ao seu alto conteúdo de enzimas, mas outros cereais maltados ou não maltados são igualmente usados, incluindo trigo, arroz, milho, aveia e centeio.
A introdução do lúpulo foi relativamente recente na sua composição. Acredita-se que tenha sido introduzido apenas há umas poucas centenas de anos atrás. Usa-se a flor do lúpulo para acrescentar um gosto amargo que equilibra a doçura do malte e possui um efeito antibiótico moderado que favorece a atividade da levedura de cerveja. Dezenas de estirpes de fermentos naturais ou cultivados são usados pelos cervejeiros, o que resulta em duas famílias principais de cervejas: as lagers, de baixa fermentação, com aroma suave e teor alcoólico entre 3% e 5%, e as ales, de alta fermentação e sabor frutado, apresentando uma coloração que varia do dourado ao marrom escuro.
Todas devem ser tomadas a uma temperatura de 2 a 6 graus - estúpidamente gelado só chopp e mesmo assim há quem os prefira menos "anestésicos", como eu. |
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