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Espumantes Estrelas do Brasil Degustação realizada na L'Orangerie, em 02/04/2008 |
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 | Certa vez, li em um forum de vinhos que existiria um fantasioso complô da ABS com as vinícolas gaúchas, de forma a promover os espumantes brasileiros, espalhando à boca-pequena que os mesmos são os segundos melhores do mundo, só perdendo para os Champagnes! Por favor, me incluam nesse complô!
Recentemente, fui à uma degustação às cegas na ABS (relembre aqui), em que bebemos 4 Champagnes, 1 Blanquette de Limoux e um espumante nacional, o Cave Geisse Terroir. E, do esclarecido público presente, praticamente ninguém conseguiu identificar qual o brasileiro, o que serviu para mostrar como a qualidade de nossas borbulhas estão pau-a-pau com as francesas!
Eu, verdadeiramente, sou um fã de carteirinha dos espumantes nacionais e me recuso a comprar aqueles que não são verde-amarelos!
Com esse espírito ufano-nacionalista, tomei conhecimento de uma nova vinícola de Bento Gonçalves, especializada em espumantes. Como a proposta é excelente, o EnoEventos decidiu organizar uma degustação com os 6 rótulos por eles produzidos e contou com a hospitalidade do Valdiney Ferreira, sócio da L'Orangerie, a bela loja e bar de vinhos da rua General Glicério, em Laranjeiras!
Reunimos destacados enófilos cariocas e fomos descobrir como seriam as tais Estrelas do Brasil! | Essa vinícola é resultado da associação de dois enólogos, um brasileiro, Irineo Dall'Agnol, e outro uruguaio, Alejandro Rapetti. Estrelas do Brasil é um nome muito bem engendrado e forte, uma citação da famosa frase de Dom Pérignon: "Estou bebendo estrelas"! Eu achei os rótulos muito pobres, mas todos os demais participantes discordaram de mim e elogiaram a apresentação das garrafas! Mas vamos à degustação:
Estrelas do Brasil Moscatel: cor clarinha, quase que totalmente transparente, com perlage intenso e fino, mas de pouca duração; aromas intensos de maçã, abacaxi, pêssego e florais; na boca, a doçura esperada e pouca acidez para contrabalançar; é um bom vinho, mas não é qualquer enófilo que se deixa seduzir por um espumante moscatel; de nosso grupo, ninguém era apreciador desse tipo de espumante!
Estrelas do Brasil Prosecco: intensas borbulhas, pequenas, mas outra vez pouco persistentes; o nariz era praticamente inexistente e poucos puderam perceber algum toque de o que quer que fosse; na boca, acentuado amargor e baixa acidez; não agradou aos presentes
Estrelas do Brasil Riesling: borbulhas pequenas e intensas, mas de pouca duração; nariz com toques de maçã, pera, levedura; boa acidez e algum amargor
Estrelas do Brasil Brut Charmat: cor amarelo-palha, com perlage intenso e pouco persistente; aromas de mel, damasco, cogumelos, frutas secas, amanteigado e floral; excelente acidez com um certo amargor; segundo Eduardo Amaral, "um vinho interessante, com uma proposta mais complexa, dando a impressão de que o vinho base (o Chardonnay?) foi envelhecido".
Estrelas do Brasil Brut Champenoise: amarelo-ouro, com perlage fina e intensa; excelente nariz, com aromas complexos, florais, leveduras, tangerina, manteiga, maçã, coco ralado, pêssego e maracujá; na boca, cremosidade e leve oxidação; de novo, fala Eduardo Amaral, "produto diferente do usual, mais sério, complexo e envelhecido".
Estrelas do Brasil Brut Rosé Champenoise: uma bela cor casca de cebola, bem clarinha, que alguns acharam por demais esmaecida; perlage fino e intenso; nariz marcante e persistente de morango, framboesa e cereja, brioche e tostados; cremoso, com boa acidez
Bem, o resultado não foi exatamente uma surpresa: os presentes, em sua maioria, preferiram os dois espumantes de método tradicional, que revelam uma maior qualidade, mais complexidade, mais aromas e uma boca bastante superior aos demais. A Estrelas do Brasil é uma vinícola nova, pequena, que escolheu um posicionamento no mercado bastante destacado. É de se prever e de se almejar uma contínua melhoria de qualidade para os diversos rótulos da casa. Muito sucesso!
Oscar Daudt |
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