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Syrah: os destaques desta extraordinária casta Evento realizado na ABS-Flamengo, em 03/04/2008 |
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 | Muitas vezes já ouvi dizer que uma degustação às cegas é um exercício de humildade. Qual o quê! Não concordo. É uma prova de muita coragem. Toda a sua reputação pode, de uma hora para outra, acompanhar a vaca até o brejo! Imaginem degustar um Chalise e um Talento e preferir o primeiro? Só o crítico inglês Tom Stevenson pode fazer isso; nós não!
Claro que a degustação Shiraz: os destaques desta extraordinária casta não descia a esse nível, mas o intervalo de preços dos vinhos variava de 54 a 695 reais. O que já faz a gente tremer as pernas.
Nós sabíamos quais os 7 vinhos que seriam degustados, mas a ordem de apresentação era desconhecida. Em outra recente prova às cegas (relembre aqui), também comandada por Roberto Rodrigues, os resultados foram quase que aleatórios, o que foi atribuído à similar qualidade dos espumantes servidos.
Mas não desta vez, onde a análise dos participantes mostrou uma clara concentração das opiniões que, por certo, se repetiria se os vinhos fossem servidos com os rótulos abertos! Ponto para a platéia!
Escolhemos o melhor vinho e o segundo colocado, bem como tentamos definir o país de cada um deles. Sugeri que votássemos também no pior vinho, idéia recebida sem grande entusiasmo pelo Roberto, que preferiu colocar em votação qual o menos bom. A pátria estava salva!
Mas vamos aos vinhos e aos resultados: | Syrah TO Imanthia 2003: um vinho grego, cujo nariz intenso e persistente, com toques de madeira, baunilha e anis prometia muita coisa, mas decepcionou na boca. Foi um dos dois mais votados para menos bom.
Syrah Herdade do Esporão 2004: um alentejano já com alguma evolução, com aromas de cereja, groselha e tostados e bem equilibrado na boca, foi o único vinho que não foi votado nem para melhor, nem para pior. Um vinho neutro, em meio aos demais, incapaz de despertar paixões!
Rust en Vrede Shiraz Estate Wine 2001: Um vinho sul-africano. Pois não é que tínhamos na platéia um participante que falava afrikaner e nos traduziu o nome: "Descanse em paz"! Imediatamente um gaiato sugeriu que ele fosse servido como o último da noite! Bem evoluído, levou 4 votos como o melhor e 7 votos como o segundo melhor. Uma honrosa colocação!
Pérez Cruz Syrah Limited Edition 2005: com marcantes aromas vegetais, que não me seduziram, tinha no entanto uma boca excelente. No placar, teve uma posição neutra.
Lagar de Bezana Syrah Single Vineyard Edicion Limitada 2004: um chileno maravilhoso, com um nariz complexo e encantador, e com uma boca suculenta, quase mastigável, foi o mais votado para o segundo lugar. Merecidíssimo!
Miguel Escorihuela Gascón Syrah Pequeñas Producciones 2003: de Mendoza, foi o lanterninha da noite! Ganhou a maior quantidade de votos para menos bom.
Yalumba The Octavius Old Vine Edition XI 2000: esse australiano foi disparado o melhor da noite! Quando foi servido, podiam-se ouvir suspiros orgásticos ecoando pela sala! Um verdadeiro deslumbramento. Também, pelo preço, 695 reais, não se poderia esperar menos do que isso! Junto com o The Reserve, a Yalumba me oferece dois dos melhores tintos que já tive oportunidade de degustar em minha vida de enófilo. Ambos são sensacionais! Pena que sejam tão caros! Acredito que todos devem pensar que o nome Octavius é uma homenagem a algum imperador romano, mas nada disso. O nome remete aos pequenos barris de carvalho americano, chamados de octaves por terem um oitavo do tamanho usual, nos quais o vinho repousa por 2 anos! Levou 17 dos 24 votos de melhor da noite!
Foi uma noitada inesquecível que terminou com uma mesa de frios e sanduíches, regada com o chileno Miguel Torres Reserva Shiraz 2005. Aliás, vocês notaram que uma degustação dedicada aos mais destacados shiraz do mundo não apresentou nenhum vinho do Rhône? Roberto nos explicou que, nas edições anteriores dessa degustação, os franceses sempre ficavam na rabeira e, portanto, ele decidiu esquecê-los desta vez! É, a fila anda...
Oscar Daudt |
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