 Enóloga visionária
Há um ano atrás, tive a oportunidade de conhecer a enóloga Maria Luz Marin em um jantar de lançamento de seus vinhos (relembre a reportagem). Naquela ocasião, gostei muito de seus excelentes vinhos, mas de lá prá cá aprendi a apreciar muito melhor um bom vinho branco.
Maria Luz é a visionária enóloga chilena que, no ano 2000, decidiu investir na produção de vinhos no Valle de San Antonio, a apenas 4km do Oceano Pacífico, em um terroir cujas condições climáticas arrepiariam os cabelos de profissionais mais conservadores.
Hoje em dia, em apenas poucos anos, os vinhos da Casa Marin são respeitados e premiados internacionalmente, reputados como uma linha premium que consegue refletir as especificidades de uma região que muitos consideravam improvável e que se revelou como a melhor do Chile para a produção de vinhos brancos de alta qualidade.
Portanto, reencontrar a bela e cultuada enóloga chilena e, principalmente, recordar alguns de seus vinhos e conhecer outros tantos foi uma experiência de iluminar o espírito e os sentidos! E foi exatamente essa a oportunidade que o convite da Importadora Vinea Store para um almoço no maravilhoso restaurante do Chef Rolland Villard, Le Pré-Catelan, me ofereceu. Foi bom demais!
Fomos recepcionados pelo Cartagena Sauvignon Blanc 2005, com aromas de chocolate branco (não sei de onde tirei isso, mas que tinha, tinha...) e frutas tropicais, com muita mineralidade e refrescância.
Para acompanhar o tartare de peixe, o segundo melhor vinho do almoço: o Casa Marin Laurel Vineyard Sauvignon Blanc 2005, com aromas cítricos, de melão e de mel, com toques de mineralidade, bem encorpado, com bela acidez e um teor alcoólico de 14% que mal se nota. Enorme potencial de evolução! Um gigante!
Para harmonizar com o suculento filé de vitela, nada como 2 belos vinhos, mas um decididamente superior ao outro: o Cartagena Pinot Noir 2004 e o Casa Marin Litoral Vineyard 2003. Embora o primeiro tenha seus deliciosos aromas, elegância e blá-blá-blá, foi o segundo que me encantou, com seus aromas complexos, opulentos, terrosos, com morango e uma boca elegante e persistente. Simplesmente o melhor do almoço. Nunca pensei que, dos vinhos da Maria Luz, eu poderia gostar mais de um tinto! Mas foi o que aconteceu... E-S-T-U-P-E-N-D-O!
Com a sobremesa, veio o Casa Marin Casona Vineyard Gewürztraminer 2006, que infelizmente foi detonado por ela. Ano passado, o João Souza, do Terzetto, fez uma muito melhor escolha, com uma sobremesa leve para acompanhar esse vinho sutil. A explosão açucarada do Brioche Bostock foi um sortilégio!
E quando eu pensei que tudo havia terminado, ainda compareceu o Cartagena Cabernet Sauvignon 2006. Não sei nem dizer como era: passei! Também, já estava com dia ganho!
Oscar Daudt |