
"Eu estive nos dois eventos e vou continuar com a série!
A harmonização que mais me encantou foi a do Camarão sobre Mousse de Namorado, um prato muito delicado, com o Dessilani Gavi!"
Paula Atiê Enófila | Um Olhar sobre os Vinhos da Itália
A primeira edição de Uma Noite na Adega, promovida pelo restaurante Garcia & Rodrigues, teve como tema os vinhos portugueses e já havia sido excelente! (clique aqui para recordar).
A sequência, feito um filme de sucesso, aconteceu na última quinta-feira e foi dedicada aos vinhos italianos, oferecidos pela Porto Leblon. Foi show! A começar pela apresentação que foi confiada ao professor Celio Alzer, da ABS-Rio, o que já é uma garantia de divertidos momentos e muita informação.
Os vinhos em si já eram muito bons, mas a harmonização elaborada pelo chef Christophe Lidy, só fez valorizá-los ainda mais.
A noite iniciou com um Dessilani Gavi 2007, com aromas florais e cítricos e uma boca cremosa e bela acidez. Fez companhia a um maravilhoso Camarão sobre de mousse de namorado e molho de lagostins. Cada vez que o Gavi acabava na taça, o sommelier João Pedro, eficientemente, servia de novo. Eu fiquei só pensando por que não se fazia isso com o camarão também. Como um rodízio, cada vez que eu terminasse o prato, o chef deveria trocá-lo por um novo. Desse jeito, eu comeria uns 10! Mas como não adiantava sonhar, eu fiquei limpando o prato com os pãezinhos do couvert até secar o molho. Muito bom!
O segundo prato da noite, o também admirável Risotto de Pato Confit veio escortado pelo Feudo Montoni del Principato de Villanova 2002, um dos vinhos favoritos do papa atual, cujo nome me foge agora (só lembro de João Paulo II...), que conforme Roberto di Tullio nos confidenciou, comprou 3.000 garrafas do mesmo para a adega do Vaticano. Com certeza, não deve ser para rezar missa! Era um Nero D'Avola, bem potente, encorpado que passa 12 meses em barricas francesas e apresenta aromas de frutas secas e especiarias. Bonzão!
O próximo prato do chef foi o Ossobuco de vitela com polenta branca cremosa e necessitava de um vinho com grande presença para encará-lo e o papel foi bem desempenhado pelo Le Bine Ripasso 2005, um filhote do meu querido Amarone, com aromas de tabaco, frutas maduras e couro, e uma boca macia feito um travesseiro de penas e de grande intensidade.
Na primeira edição da Noite na Adega, alguns participantes manifestaram estranheza pela falta de um vinho para acompanhar a sobremesa. O sommelier João Pedro, que sabiamente não se lixa para a opinião pública, atendeu aos anseios dos enófilos e escalou, desta feita, o Pellegrino Passito di Pantelleria 2006, com uma sedutora cor alaranjada, aromas de pêssego, mel e florais, com bastante corpo, longo final e uma deliciosa acidez para contrabalançar a doçura. Fez uma bela de uma dobradinha com a Trilogia italiana: um tiramisu de peras, uma torta da nonna e uma cassata de nougat.
Embalando as já animadas conversas de fim de festa, o passito se prolongou para acompanhar os petit-fours e o cafezinho, enquanto João Pedro anunciava, para o dia 16 de junho, a terceira edição do evento, cujo tema será os vinhos espanhóis, oferecidos pela Importadora Península. Por favor, não cometam a insanidade de perder essa nova chance de comer bem, beber melhor ainda e se divertir às pampas!
Oscar Daudt |