 Segredos de Mendoza
Colleen Clayton é uma americana da Califórnia que há seis anos saiu de Los Angeles e se mudou para a Argentina para trabalhar no comércio de vinhos como representante de vinhos italianos para a América do Sul. Como ficou radicada no coração da indústria vitivinícola de nossos hermanos, é lógico que com seus contatos e amizades, começou a descobrir a produção menos conhecida daquela região, elaborada em vinícolas de garagem, em pequenas quantidades e de consumo interno.
Detentora desse inestimável conhecimento, Colleen - que visita o Brasil com bastante frequência - achou que seria uma boa oportunidade de negócio trazer esses vinhos para o nosso mercado. Em novembro do ano passado, ela apresentou os vinhos da Vinos de los Andes (clique aqui para recordar), para divulgar que estava em busca de um importador. Tudo indica que a estratégia funcionou e a Importadora Aurora, em breve, estará trazendo esses rótulos para o Brasil. (A Importadora Aurora solicitou o esclarecimento de que essa informação não procede. Não há nem nunca houve negociação com essa vinícola.)
E esta semana, continuando com sua pregação, Colleen nos apresentou os rótulos de outra pequena empresa, a Bodega Caelum, de Tupungato, um projeto familiar que conta em sua linha com apenas 4 rótulos. E para ninguém reclamar de falta de vinhos, trouxe embaixo do braço as novas safras da já agora conhecida Vinos de los Andes.
Foi uma festa, em todos os sentidos: bons vinhos, boa comida, o ambiente sofisticado do Mr. Lam, e muita diversão com o contagiante alto astral de Colleen. Com alguns vinhos, o grupo de especialistas presentes se dividiu em multiplas opiniões - como soe acontecer - mas houve algumas unanimidades. O primeiro vinho, por exemplo, o Caelum Rosado 2009, um corte igualitário de Malbec e Cab Sauv, era muito lindo! Com a cor de casca de cebola encantou a todos com seu agradável frescor, delicado nariz floral muito difícil de encontrar em tal corte, e um perfeito equilíbrio. O preço não está ainda definido, mas pelas indicações do importador deve se situar abaixo dos 30. A se confirmar tal faixa de preço, é prá comprar de caixa!
O segundo vinho, o Caelum Chardonnay 2009, sem madeira, me agradou em cheio. Claro, depois dessa ditadura de Chardonnays barricados, encontrar tanta fruta e frescor é um prazer. Mas nem todos demonstraram tanto entusiasmo quanto eu, e houve quem reclamasse do excesso de acidez.
Com a chegada do Caelum Cab Sauv 2009 foi a minha vez de desgostar. Não preciso nem dizer que é um vinho jovem, sem madeira, frutado e tânico. Mas as vozes mais ligadas ao negócio, enxergaram ali uma boa chance comercial. O último vinho da bodega foi o Caelum Malbec 2009, que foi degustado em companhia do seu colega Los Quimiles Malbec 2008, derrotando-o na opinião de todos, sem dó nem piedade.
Oscar Daudt |