O restaurante |
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O São Rosas fica localizado na praça central da pequena e encantadora Estremoz |
O prédio é histórico, com linda arquitetura |
Uma dúvida na parede |
A degustação dos vinhos da Margarida e do Thiago |
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A linha Monte dos Cabaços |
A linha Margarida |
A linha .beb |
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A linha .com |
bd: o vinho branco doce de Tiago Cabaço |
Tiago e Margarida Cabaço, os produtores |
O almoço |
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A substanciosa Sopa de Tomates |
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Bochechas de porco preto com marmelo, 3 migas de pão, batata e brócolis |
A foto oficial do encontro |
Herdade das Servas |
A Herdade das Servas, localizada em Estremoz, é uma vinícola recente, de propriedade de uma família que, segundo dizem, elabora vinhos desde 1670! A adega é moderna, de enorme capacidade e, atualmente, produz cerca de 1.200.000 garrafas por ano. Seus proprietários são os irmãos Luís e Carlos Mira.
Aventureiro, contou-me Luis que, há alguns anos, foi visitar Estremoz, pequena cidade do Ceará e decidiu fazer vinho por lá. Dá para imaginar uma coisa dessas? É claro que, com aquele clima implacável, onde faz calor no inverno e pega fogo no verão, não havia a menor possibilidade de dar certo e o empreendimento deu com os burros n'água. (Obs: pesquisando na Internet, não consegui encontrar esse município no Ceará, mas achei outro, chamado Extremoz, no Rio Grande do Norte. Como o município potiguar fica lindeiro ao município de Ceará Mirim, acredito que essa tenha sido a causa da confusão. De qualquer forma, Ceará ou Rio Grande do Norte, as chances de sucesso seriam zero.)
Na degustação, agradou-me bastante o Herdade das Servas Branco 2010, um corte de Roupeiro, Viognier e Verdelho, com aromas cítricos e de maracujá, com uma deliciosa boca que deixa um gostinho de amêndoas como saudades. No terreno dos tintos, o campeão foi mesmo o topo da linha, o Herdade das Servas Reserva, que provamos em uma mini-vertical de 2006 e 2008. Este último era bastante floral, com canela e chocolate branco, precedendo uma boca glicerinada, frutada e muito demorada.
No Brasil, esses vinhos são importados pela Vinhos do Mundo, de Porto Alegre. |
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A entrada da vinícola, em dia de muita chuva |
A Herdade produz 1.200.000 garrafas por ano |
Os vinhos da degustação |
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Luis Mira, proprietário |
Tiago Garcia, o entusiasmado enólogo |
Foto oficial |
Jantar com Luis Duarte |
Grandes vinhos e muita emoção |
Por uma dessas coincidências da vida, no dia em que iria embarcar para o Alentejo, recebi da wine.com.br a seleção de vinhos do mês: Artefacto Syrah e Artefacto Reserva, produzidos pelo famoso enólogo do Alentejo Luis Duarte. Foi difícil resistir a abrir uma das garrafas de imediato, pois sabia que teríamos um encontro com o enólogo-produtor e eu queria antecipar a obra do mestre. Não abri, é claro, mas no jantar realizado no restaurante Luar de Janeiro, em Évora, lá estavam as garrafas me esperando.
Luis chegou ao Alentejo para iniciar o projeto da Herdade do Esporão, onde trabalhou até 2004. A partir daí, passou a prestar consultoria para algumas das mais importantes vinícolas daquela região, tais como Malhadinha, Quinta do Mouro, Herdade Grande, Dona Maria e Herdade São Miguel, dentre muitas outras mais. E, a partir de 2007, iniciou seu projeto pessoal, a Luis Duarte Vinhos, empresa com vinhedos mas sem adega, em que produz rótulos em estilo moderno, concentrados e pungentes.
Enólogo polêmico - não por seus vinhos, mas por sua língua sem freios - Luis comandou a noite com a apresentação de 7 rótulos, harmonizados com histórias divertidas e belicosas. Foi uma noite de grandes emoções que culminou com um assustador rali automobilístico pelas estreitas ruas eborenses.
Os vinhos Artefacto, que tanta curiosidade me despertaram, eram excelentes: o Artefacto Syrah Colheita Seleccionada 2010, cheio de especiarias e untuoso, estagia 9 meses em carvalho americano; já o Artefacto Reserva 2010, corte de Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Aragonês, é atual, fresco e com elegante madeira, refletindo os 12 meses em que repousa em carvalho francês novo. Ambos custam 68 reais na wine.com.br (mas se você for associado, o preço baixa para 54,40) e merecem descansar um pouco mais em garrafa antes de serem consumidos.
Subindo a escada, impressionou-me muito o Rubrica 2009 (o 2008 custa 164 reais na wine.com.br, ou 131,20 para associados), um vinhaço com o complicado corte de Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Aragonês, Syrah e Petit Verdot. Com 9 meses de carvalho francês, é frutado, condimentado e fresco, com boa estrutura tânica e muita elegância e persistência. |
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O enólogo Luis Duarte divertindo-se com seu vinho |
Rapariga da Quinta 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Antão Vaz e Arinto |
Rubrica Branco 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Antão Vaz, Verdelho e Viognier |
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Rapariga da Quinta Colheita Selecionada 2009 Denominação: VR Alentejano Castas: Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet |
Artefacto Syrah 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Syrah |
Artefacto Reserva 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Aragonês |
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Rapariga da Quinta Reserva 2009 Denominação: VR Alentejano Castas: Alicante Bouschet, Aragonês, Touriga Nacional |
Rubrica 2009 Denominação: VR Alentejano Castas: Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Aragonês, Syrah e Petit Verdot |
Qualquer conversa com o enólogo é muito acalorada (foto de Affonso Nunes) |
Ervideira |
O Guia de Enoturismo do Alentejo avisa, em relação a uma visita à Ervideira: "Se tiver sorte, poderá ser Duarte Leal da Costa a guiá-lo na visita..." E nós tivemos essa sorte e fomos recebidos por esse produtor entusiasmado e divertido, um verdadeiro show man da vinicultura. Foi, com certeza a mais animada e carinhosa recepção que tivemos por lá. Quando, em determinado momento, comentei que nunca havia feito uma degustação em taças pretas, foi como oferecer um pirulito a uma criança. E lá se foi ele, com alegria juvenil, a preparar a "pegadinha". Voltou com duas taças para cada um, de diferentes formatos, para adivinharmos o que havia dentro. O desastre foi absoluto e ninguém conseguiu adivinhar que os dois vinhos eram o mesmo e que esse era rosé. A expressão de Duarte se iluminou com seu sucesso...
Esta propriedade elabora vinhos desde 1880, conforme se pode confirmar pelos desgastados e desbotados rótulos expostos na sala de degustações. A produção, no entanto, passou por alguns percalços, quando em 1954 o avô de nosso anfitrião desistiu do negócio de vinhos e, pior ainda, quando a propriedade foi perdida durante a Revolução dos Cravos. Mas tal qual um fênix, a vinícola renasceu em 1988 apostando na modernização dos processos. Aliás, não são necessários mais do que 5 minutos para perceber a paixão de Duarte pela mais avançada tecnologia de produção: ele é a própria versão vinícola de um "nerd". Com 110ha em Vidigueira e 50ha em Reguengos, a Ervideira produz, atualmente, 700.000 garrafas por ano, com capacidade para produzir o dobro disso.
Atendendo à curiosidade geral, provamos, ainda de barrica, um varietal de Perrum, casta bastante aromática, bem mineral mas que se desvanece no exato instante que entra na boca. Só em corte mesmo... Mas bom, prá lá de bom, era mesmo o Conde d'Ervideira Reserva Branco 2010, um 100% Antão Vaz, untuoso, encorpado, com muitas frutas tropicais no paladar, fresco e que repousa 6 meses em barricas novas de carvalho húngaro - outra preferência declarada do produtor.
Fomos ainda brindados com um autêntico almoço alentejano - daqueles que se come sem parar, descontroladamente - festivamente precedido por um caldo verde que esquentou o espírito e o corpo naquele dia frio. Reinava à mesa a simpática matriarca, D. Maria Isabel, que do alto de seus 84 anos, aproveitava a presença de convidados, para convencer seu filho de que precisava trocar o carro por um com maior potência... Mas potente mesmo era o Conde d'Ervideira Private Selection 2008, corte de Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet, com estágio de 12 meses em barricas francesas novas. Com muita estrutura, mastigável e ao mesmo tempo elegante, era novinho em folha e bem merece passar mais alguns anos descansando até atingir seu ideal.
No Brasil, os vinhos são distribuídos pela Mr. Man, uma importadora que desenvolve um bom trabalho em São Paulo, mas que ainda não descobriu que existe o Rio de Janeiro.
(*) - Um amigo português preveniu-me de que em terras lusitanas o termo nerd tem uma conotação negativa. Aqui no Brasil, no entanto, quer designar apenas aquele garoto apaixonado por computadores e foi nesse sentido que a palavra foi utilizada. |
A visita |
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Duarte Leal da Costa, proprietário da Ervideira |
A Ervideira elabora vinhos desde 1899 |
A degustação em taças pretas derrubou todo o mundo |
Os vinhos |
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Os espumantes da Ervideira |
O Invisível (Aragonês vinificado em branco) e o varietal Antão Vaz 2010 |
Conde d'Ervideira Reserva Branco 2010 Denominação: DOC Alentejo Castas: Antão Vaz |
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O Vinha da Ervideira Tinto 2009 e o Conde d'Ervideira Reserva Tinto 2009 |
A linha varietal |
Conde d'Ervideira Private Selection 2008 Denominação: DOC Alentejo Castas: Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet |
O almoço |
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Uma mesa alentejana, com certeza... |
O panelão de caldo verde |
Orelhas de porco: bem que tentei, mas não consegui engolir... |
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Porco preto enrolado em toucinho |
Arroz doce com geléias de Antão Vaz e de Touriga Nacional |
A mesa festiva, destacando-se ao fundo a simpática D. Maria Isabel, a matriarca da família Leal da Costa |
José Maria da Fonseca |
Em 1986, a gigante José Maria da Fonseca, primeira vinícola portuguesa de vinhos de mesa, localizada na Península de Setúbal, adquiriu a alentejana José de Sousa Rosado Fernandes. A José de Sousa respira tradição, com seus 4 lagares de pisa a pé e uma grande quantidade de ânforas de barro e tudo indica que a troca de dono não alterou os métodos de produção, visto que até hoje os vinhos mais importantes são fermentados nessas ânforas.
Pela primeira vez, tive a oportunidade de conhecer um verdadeiro menir - daqueles que o Obelix levava nas costas - e que foi encontrado nos vinhedos da empresa e hoje é orgulhosamente exibido no museu da vinícola.
A divisão da produção entre brancos e tintos é absurdamente desproporcional: enquanto por lá se produz 800.000 garrafas de tintos, a quantidade dos brancos é de apenas 30.000, resumindo-se ao Montado Branco 2010, um esquisito corte de castas improváveis: Alva, Tamarez e Rabo de Ovelha.
Mas é claro que é nos tintos que a José de Sousa mostra toda a sua força. Dois deles merecem registro especial: o José de Sousa Mayor 2007, elaborado com um corte em que predomina a Grand Noir, casta que nos foi apresentada como rara e em extinção, mas que o Google me informa que é um simples sinônimo da popular Baga da Bairrada. Sei lá quem tem razão...(*) E também com a predominância dessa polêmica casta, o J 2009, ícone da vinícola, é pisado a pé em antigos lagares e fermenta nas talhas de barro, para depois repousar, mais modernamente, em cascos de carvalho francês novo, por 12 meses. Não resisti e comprei uma garrafa para me deleitar por aqui, lendo um livro do Asterix.
Esses vinhos são importados pela Inovini, novo nome da Importadora Aurora.
(*) - Do enólogo Paulo Amaral, recebi o esclarecimento - fartamente documentado - mostrando que a casta Grand Noir não é a mesma Baga. |
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O enólogo Paulo Amaral |
A famosa adega de talhas, onde os vinhos continuam a ser fermentados, como no tempo dos romanos |
O tonel nº 1 da José de Sousa |
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Um autêntico menir (daqueles que o Obelix carregava...) que foi encontrado nos vinhedos |
Montado Branco 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Alva, Tamarez e Rabo de Ovelha |
Montado Tinto 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet |
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José de Souza 2009 Denominação: VR Alentejano Castas: Grand Noir, Trincadeira e Aragonês |
José de Souza Mayor 2008 Denominação: VR Alentejano Castas: Grand Noir, Trincadeira e Aragonês |
J 2009 Denominação: VR Alentejano Castas: Grand Noir, Touriga Franca e Touriga Nacional |
Adega Cooperativa de Redondo |
Fundada em 1956, por um grupo de 14 produtores, a Adega Cooperativa de Redondo impressiona por seu porte atual. Hoje, com cerca de 200 associados, oscila entre o 2º e o 3º lugar dentre as maiores cooperativas portuguesas. Sua estonteante produção atinge as 15 milhões de garrafas por ano, o que significa que, em uma semana, a ACR engarrafa mais, por exemplo, do que a Herdade do Mouchão produz o ano inteiro. Dentre suas marcas, duas se destacam: a Porta da Ravessa, o vinho mais vendido em Portugal, e o Real Lavrador, posicionado na 4ª colocação dos rótulos mais vendidos. É mole?
Os tanques de fermentação são incontáveis, muito altos e construídos sob medida para a Cooperativa. os depósitos de vinhos - verdadeiros iglus - escondem sua enorme capacidade por baixo da terra. É interessante saber como são construidos: primeiro infla-se um balão gigantesco, com capacidade para 300.000 litros e se recobre com uma espessa parece de concreto quase que totalmente subterrânea. Quando o concreto seca, o balão é esvaziado e está pronto mais um dos depósitos branquinhos feito neve.
O enólogo residente, Pedro Hipólito (o mesmo da Herdade da Mingorra, que visitamos no dia seguinte), nos contou que a estratégia da Cooperativa é produzir vinhos simples e honestos, bem feitos, e em grande quantidade. Seu trabalho deve ser ininterrupto, mas mesmo assim ele encontra tempo para produzir alguns rótulos da mais alta estirpe, com produções relativamente ínfimas de 5.000 garrafas. Perguntei como ele encaixava essa produção naquele oceano de vinhos, já que isso não teria importância para uma vinícola daquele porte, que nem tem a experiência necessária para comercializar tão pequenas quantidades. Ele respondeu que não encaixava e que quando a direção se dava conta, os vinhos já haviam sido produzidos. Pareceu-me mais um brinquedo para o enófilo.
Os vinhos da ACR são trazidos para o Brasil pela Importadora Barrinhas, que pelo jeito vem fazendo um trabalho elogiável, já que é impossível encontrar um supermercado que não venda essas conhecidas marcas. |
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A sede da poderosa Cooperativa |
Os "iglus", enormes tanques para armazenagem de vinhos: o que aparece é só a ponta do iceberg, pois a maior parte é subterrânea |
Na ACR, tudo é gigantesco, como esses altíssimos tanques |
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A entrada da cave |
Muitas e muitas barricas |
Os brancos da degustação |
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Reserva ACR Tinto 2009 Denominação: DOC Alentejo Castas: Trincadeira, Aragonês e Alicante Bouschet |
Rotulagem especial para o mercado brasileiro do campeão de vendas Real Lavrador |
O jantar oferecido em Redondo, no simpático restaurante O Barro |
Herdade da Mingorra |
Quando estávamos chegando à Herdade da Mingorra, perguntei a Maria Amélia o que significava esse nome. Ela não tinha ideia, o que só fez aumentar a curiosidade. Ao chegar à vinícola, na primeira oportunidade que tive, perguntei à bela e simpática Sofia, qual o significado daquela estranha palavra. Ela ensaiou não saber e depois, meio constrangida, explicou que era "o membro viril da criança". Ou, em outras palavras, o pintinho!
Sofia é filha do proprietário Henrique Uva - existe nome mais apropriado para um produtor de vinhos? - e comandou uma organizadíssima degustação que passeou por toda a carteira da Herdade, cujo enólogo é o mesmo Pedro Hipólito que havíamos encontrado na noite anterior, na Adega Cooperativa de Redondo. O início já agradou em cheio, com um Espumante Mingorra Bruto 2009, elaborado pelo método clássico com as uvas Antão Vaz, Arinto e Verdelho. Excelente, com aromas cítricos e de frutas tropicais e uma boca fresca, amanteigada e seca.
Após os dois primeiros brancos, eis que surge um rosé, sem que tivéssemos experimentado o Alfaraz Reserva Branco 2010, que eu tanto aguardava. Tirei satisfações da suave Sofia, mas fiquei sabendo que ele estava na fila, esperando passar os rosados, eis que sua grande estrutura poderia derrubá-los feito garrafas de boliche. E quando ele finalmente chegou, esbaldei-me com sua untuosidade, frescor e elegância. Show de bola!
Na gama superior dos tintos, dois vinhos de nomes curiosos: o Uvas Castas e o Vinhas da Ira 2006. O primeiro é um daqueles vinhos rejeitados pela legislação portuguesa, tendo em vista ser um corte de Alentejo com Douro. Com isso, ele não pode exibir sua origem e nem sua safra. Mas com um jeitinho bem à brasileira, os produtores incluíram então no rótulo um código AL DO/05. Para bom entendedor, duas letrinhas bastam!
O segundo vinho deriva de um perrengue entre o produtor e um jovem enólogo, há alguns anos, sobre arrancar ou não umas vinhas velhas. Henrique fincou o pé, as videiras foram preservadas e de suas uvas saem o irado vinho, o mais importante da casa. Como resultado, um vinho de cortar com faca, com muito corpo e inebriantes aromas de alcatrão, louro e goiabada.
Concorrendo com a Ervideira na categoria de Miss Simpatia, a Herdade da Mingorra nos proporcionou igualmente uma recepção cheia de deferências e atenções, recebendo-nos para um almoço na espetacular residência da família, que surgiu de um galpão que foi transformado em salas grandiosas, de bela arquitetura e polvilhada de objetos de design e peças antigas, remetendo à caça que é praticada nas terras da herdade. E como se o almoço fosse pouca coisa, ainda fomos mimados com 3 garrafas de vinho e mais uma de azeite.
A Herdade, insatisfeita com seu importador atual, está à procura de um novo nome para representar seus vinhos aqui na terra tupiniquim. Os pretendentes são benvidos... |
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A Herdade oferece belas paisagens |
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Fomos ciceroneados pela bela Sofia Uva |
A linha completa de vinhos |
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Uvas Castas 2005 Denominação: Vinho de mesa Castas: Alentejo 50% (Aragonês, Alfrocheiro e Alicante Bouschet) e Douro 50% (Tinta Barroca e Tinta Roriz) |
Vinhas da Ira 2005 Denominação: VR Alentejano Castas: Aragonês, Alfrocheiro, Alicante Bouschet e Touriga Nacional |
Mingorra Vinho de Uvas Sobreamadurecidas 2010 Denominação: Vinho de mesa Castas: Sémillon |
O almoço |
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As indefectíveis entradas alentejanas |
Porco preto com batatas |
Feijoada de lebre |
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Torta de amêndoas |
No dia de São Martinho, 11/nov, a tradição é comer castanhas |
A bela sala de estar da Herdade |
Herdade Grande |
A Herdade Grande, situada na sub-região de Vidigueira, é mais uma das vinícolas daquela região que conta com a consultoria do famoso enólogo Luis Duarte. Com 60 hectares de vinhedos e uma produção de 350.000 garrafas/ano, é uma vinícola em ascenção. Este ano, seu proprietário António Lança tem motivos para ficar sorrindo sem parar, de orelha a orelha: seu vinho Herdade Grande Reserva 2008 foi escolhido como o grande vencedor da categoria tintos pela conceituada Confraria dos Enófilos do Alentejo, uma premiação que ocorre de 3 em 3 anos apenas.
António nos convidou para uma prova em barricas, onde podemos atestar o potencial dos vinhos desta última safra. Impressionou-me bastante um estruturadíssimo Antão Vaz e também um delicioso Verdelho.
Mas, na degustação em garrafas, a vinícola cometeu um pecado imperdoável, que praticamente invalidou a prova. O primeiro branco servido chamou-me a atenção pelos marcantes aromas florais, artificiais, com uma intensidade que eu não conseguia recordar ter experimentado antes. Veio o segundo vinho e os aromas concentrados - e agora já enjoativos - se repetiram. Mas foi quando chegou o terceiro vinho, dessa vez um tinto, apresentando os mesmos aromas dos brancos, é que me ligou a luz vermelha. Algo ali estava estranho demais. Decidi cheirar uma taça vazia e - bingo! - lá estavam aqueles insuportáveis aromas de produtos químicos. O que aconteceu é que as taças estavam emborcadas na toalha de mesa e guardavam seus aromas, provavelmente de amaciante de roupas.
Eu fiquei sem saber o que fazer, pois não tinha coragem de avisar aos anfitriões, tão cheios de solicitudes e salamaleques. Discretamente, parei de provar. E foi só quando o enólogo decidiu começar a beber, no penúltimo rótulo, que ele se deu conta dos indevidos aromas e cochichou a seu colega: "Os primeiros aromas que se sentem são os da toalha de mesa!" Eu, que estava perto, aproveitei a oportunidade para conversar com ele e pedir uma taça não contaminada. Mas a essa altura já era tarde demais e a degustação já tinha ido para o brejo. Felizmente, a interminável gentileza do anfitrião nos presenteou a todos com uma garrafa de seu vinho campeão, o que nos possibilitará degustá-lo em condições mais apropriadas.
Aqui no Brasil, esses vinhos são trazidos pela Global Wines. |
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O proprietário António Lança |
Os vinhedos da Herdade |
A foto do grupo |
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Os vinhos de entrada da Herdade |
A linha Condado das Vinhas |
A linha Herdade Grande |
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O Herdade Grande Reserva, safras 2007 e 2008 |
Dia de São Martinho: castanhas portuguesas |
Orgulhoso, António exibiu o Prêmio de Excelência, da Confraria dos Enófilos do Alentejo, que foi conferido ao Herdade Grande Reserva 2008 |
Herdade do Rocim |
Nossa guia, Maria Amélia, sabiamente deixou para o gran finale a Herdade do Rocim, a mais bela vinícola que visitamos no Alentejo. Depois dela, nenhuma outra instalação teria graça. Construída em 2007, com projeto do arquiteto Carlos Vitorino, a vinícola foi um presente que a enóloga Catarina Vieira recebeu de seu pai. Que paizão!
Localizada na sub-região de Vidigueira, não há palavras que consigam descrever à altura a beleza do prédio e de sua decoração. O pé-direito é altíssimo, as paredes são quase sempre nuas, aqui e alí pontilhadas por uma obra de arte grandiosa, ou por citações de grandes poetas, transmitindo atualidade e cultura. Cercado de grandes talhas centenárias, um moderno lagar de mármore se exibe, branquinho, utilizado para a elaboração dos vinhos de mais alta gama. O prédio parece imaculado e a impressão que se tem é a de estarmos em uma UTI hospitalar de alta tecnologia. A preocupação com a limpeza é tanta que os visitantes não podem nem visitar a adega e a sala de barricas, limitando-se a admirá-las à distância.
O enoturismo foi pensado como uma peça chave do projeto e a médio prazo deve-se construir um hotel de charme por ali. Por enquanto, os visitantes podem desfrutar do moderníssimo wine bar, podendo beber os vinhos no pátio interno nas noites quentes de verão. Para visitas, a herdade funciona todos os dias do ano, atendendo à demanda espontânea. Mas se o visitante desejar almoçar, deve fazer uma reserva antecipada e irá pagar cerca de 25 euros por um almoço completo com degustação de 5 vinhos. É por coisas assim que a demanda de visitantes vem aumentando 100% a cada ano.
Mas de nada adiantaria tudo isso, se não houvessem vinhos de qualidade para fundamentar o empreendimento. Com a palavra o crítico Rui Falcão: "... identifico um crescendo de saber, conhecimento e proficiência... Aguardo com cada vez mais curiosidade as cenas dos próximos capítulos." Na degustação que precedeu um maravilhoso jantar, nós tivemos a possibilidade de constatar a qualidade apontada.
O branco que mais me agradou foi o Olho de Mocho Reserva 2010, 100% Antão Vaz, que pôde mostrar toda a estrutura e mineralidade dessa casta, em que 40% do vinho foi fermentado e "batonado" por 5 meses em barricas novas francesas e americanas. O resultado final, nem preciso dizer, era um misto de corpo, frescor e elegância de tirar o chapéu. Já na categoria tintos, foi um pouco mais difícil escolher o melhor, mas minhas preferências ficaram com o Olho de Mocho Reserva 2009, um cortado de Syrah, Touriga Nacional e a indefectível Alicante Bouschet, que hoje em dia parece estar presente em todos os vinhos do Alentejo. Após 12 meses em carvalho francês (80%) e americano (20%) e descansando por mais 6 meses na adega, o vinho sai da garrafa exalando aromas de frutas maduras, especiarias e elegante madeira, com uma boca carnuda, redonda, fresca e frutada.
A Importadora Premium, de Belo Horizonte, é quem traz esses vinhos para o Brasil. |
A bela vinícola |
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A majestosa entrada |
O pátio interno e o restaurante |
O lagar de mármore |
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Citações pelas paredes |
Talhas centenárias |
Muitas obras de arte |
A degustação e o jantar |
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Rocim Branco 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro |
Olho de Mocho Reserva Branco 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Antão Vaz |
Olho de Mocho Rosé 2010 Denominação: VR Alentejano Castas: Touriga Nacional, Syrah e Aragonês |
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Mariana 2008 Denominação: VR Alentejano Castas: Aragonês, Trincadeira, Alfrocheiro e Alicante Bouschet |
Rocim Tinto 2007 Denominação: VR Alentejano Castas: Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet |
Olho de Mocho Reserva 2009 Denominação: VR Alentejano Castas: Syrah, Touriga Nacional e Alicante Bouschet |
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Vale da Mata 2008 Denominação: VR Lisboa Castas: Aragonês, Syrah e Touriga Nacional |
Ana Moreira, responsável pelo enoturismo, comandou a degustação |
Prato de frios e queijos alentejanos |
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Sopa de cação |
Bochechas de porco preto com migas e batatas |
Pijama |
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