
Em busca dos mercados emergentes |
Mais uma grande feira de vinhos em busca da conquista de nosso mercado, tão limitado, mas com tão grande potencial. Desta feita, a Gambero Rosso Top Italian Wines Road Show foi uma feira itinerante que, significativamente, viajou pelos mais importantes mercados emergentes do mundo. Confiram só: Mumbai, Cingapura, Seul, Moscou, São Paulo e Rio de Janeiro. Os produtores europeus, realmente, estão indo à luta... E repararam só como apenas o Brasil teve a honra de sediar o evento em duas cidades?
Foi um acontecimento especialíssimo, em que nomes consagrados da vinicultura italiana alinhavam-se a ilustres desconhecidos, porém todos eles com a chancela do Gambero Rosso, o mais respeitado guia de vinhos daquele país. Eram mais de 50 expositores confortavelmente distribuídos no salão do Sheraton Vidigal.
O ponto alto da tarde carioca foi a realização de duas Master Classes, com a degustação dirigida de vinhos tre bicchieri apenas, com a apresentação do editor do guia Marco Sabellico e do jornalista Marcelo Copello, e contando também com a eficiente tradução simultânea da sommelière Alessandra Rodrigues.
Eu estava inscrito nas duas edições, mas fui abatido logo na primeira. Também, pudera, cada uma delas apresentava nada menos do que 25 vinhos! E sem baldinho... Por menos que eu tenha bebido de cada amostra, saí de lá trocando as pernas e decretei não ter condições de participar da segunda aula.
Na primeira classe, tinha de tudo: de grandes ícones até vinhos apenas medianos. E aqui cabe explicar que os critérios para a premiação dos vinhos adotados pela equipe do Gambero Rosso é o de classificá-los comparativamente aos vinhos do mesmo tipo. Não se comparam, por exemplo, os grandes Barolos do Piemonte com os desprestigiados Proseccos do Veneto. Por um lado, é uma boa medida que valoriza a diversidade da produção italiana, mas pode causar estranheza saber que um grande Brunello di Montalcino recebe o mesmo número de "bicchieri" que um duvidoso Lambrusco da Emilia Romagna.
Dizer que os destaques da prova foram o Gaja Sperss Langhe Nebbiolo 2007 e o Sassicaia 2008 é quase um exercício de futilidade. Prefiro destacar, dentre os brancos, o Volpe Pasini Zuc di Volpe Sauvignon Blanc 2010, elegante vinho do Friuli, de excelente acidez, e o Nals Magreid Punggl 2010, a expressão do que um Pinot Grigio do Alto Adige pode oferecer de melhor. Este último está em busca de importador em nossas terras e é uma belíssima aquisição para qualquer catálogo.
Dentre os tintos, vibrei como o Barolo Bricco Pernice 2006, potente e sutil ao mesmo tempo, e com o Tenute Donna Olga 2006, um Brunello gigantesco que também procura representante aqui nos trópicos. Importadores, correi!
Fiquei muito feliz ao ganhar de presente a edição 2012 do guia. Comparando-se com a edição do ano anterior, o número de produtores e de vinhos analisados permaneceu rigorosamente o mesmo. No entanto, os Tre Bicchieri foram distribuídos de forma mais parcimoniosa, com a premiação de apenas 375 rótulos, contra os 402 de 2011.
Quando fiz uma avaliação do guia de 2011 (clique aqui para recordar) reclamei da novidade daquele ano, que foi a criação da categoria Tre Bicchieri Plus, na qual o editor-chefe Daniele Cernilli listou seus 32 vinhos preferidos, criando, na prática, uma categoria Quattro Bicchieri. Um ano se passou, o antigo editor se demitiu e a incômoda categoria, em boa hora, desapareceu da edição 2012.
E para quem está curioso, os destaques de 2012 foram:
Melhor Tinto: Sardus Pater Carignano del SulcisSup. Arruga 2007
Melhor Branco: Umani Ronchi Verdicchio dei Castelli di Jesi Classico Superiore Vecchie Vigne 2009
Melhor Espumante: Ferghettina Franciacorta Extra Brut 2005
Melhor Doce: Roeno Cristina Vendimia Tardiva 2008
Vinícola do Ano: Tasca d'Almerita
Melhor Relação Qualidade/Preço: Gianfranco Paltrinieri Lambrusco di Sorbara Leclisse 2010
Viticultor do Ano: Sergio Mottura e Giuseppe Russo
Vinícola Emergente: Mattia Barzaghi
Prêmio pela Viticultura Sustentável: Alois Lageder
Oscar Daudt
28/04/2012 |