
É cada vez mais animadora a participação dos vinhos brasileiros em nosso mercado. Muito embora ainda subsista um preconceito incompreensível em relação à nossa produção, a situação vem melhorando de forma sensível. Mais e mais restaurantes incluem rótulos nacionais em suas cartas, cada vez mais importadoras incluem esses vinhos em sua carteira: Casa do Porto, Decanter, Everest, Mistral, Porto Mediterrâneo, Vinci e Vinhos do Mundo são alguns dos principais exemplos.
Boa parte dessa inédita aprovação pode-se creditar aos Circuitos Brasileiros de Degustação, promovidos pelo IBRAVIN, e que percorrem as cidades brasileiras em sucessivas edições, apresentando a excelência de nossos vinhos. Em poucos dias, serão realizada edições desses imperdíveis eventos em Belo Horizonte, no próximo dia 2, e no Rio de Janeiro, no dia 4.
Entretanto, o marco mais simbólico dessa nova era aconteceu esta semana, no sofisticado Cipriani Ristorante, do Copacabana Palace Hotel, quando o chef Nicola Finamore promoveu um jantar de adesão, harmonizando sua impecável gastronomia, do início ao fim, com os vinhos mais emblemáticos do Miolo Wine Group - que, apesar do nome, é brasileiro da gema. Foi uma noite requintada, concorrida, deliciosa e... de lavar a alma.
A noite iniciou com um coquetel regado ao espumante Bueno Cuvée Prestige Brut, que acompanhou uma incessante sequência de salgadinhos e ainda se prolongou até as mesas para escortar a primeira entrada.
Há cerca de um ano, fiz uma matéria sobre o Quinta do Seival Alvarinho 2011 (clique aqui para recordar), que escolhi como o melhor branco brasileiro. Pois foi bom provar, durante o jantar, a edição 2012 do mesmo vinho, que continua passando 10 meses em barricas novas de carvalho francês e entrega muito equilíbrio e elegância na taça. Para os apreciadores de um bom branco, é imperdível!
A sequência aconteceu com o Testardi Syrah 2012, um belo vinho com um rótulo feinho toda a vida. Elaborado no Vale de São Francisco, é fermentado e estagiado por 12 meses em carvalho francês, e apresenta os tradicionais condimentos da casta, bem adaptada às terras tropicais.
Para completar o (meu) jantar, escortando um filé mignon com shiitake e "gotas" de gorgonzola, muitas gotas do Lote 43 2011, a mais nova safra deste que é um dos vinhos brasileiros mais respeitados. 2011 é a primeira safra a estampar a tão batalhada DO Vale dos Vinhedos. É um clássico corte de Cabernet Sauvignon com Merlot e dizem que esta nova edição têm mais Merlot do que as anteriores, mas eu não consegui descobrir os percentuais nem na garrafa, nem na página da Miolo. Estruturado, vigoroso e harmonioso, já demonstra o grande vinho que será daqui a alguns anos.
O jantar dos outros continuou com a sobremesa acompanhada pelo RAR Gewürztraminer 2011, vinho da promissora região de Campos de Cima da Serra. Parcialmente botrytizado, é um vinho meio-doce, o que me impede de me manifestar sobre ele.
Oscar Daudt
28/06/2013 |