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Análises de preços

Vinhos bons e baratos
O atento e colaborativo leitor Rafael enviou-me a cópia de uma interessante matéria sobre vinhos portugueses. Publicado na revista Tentações, o artigo compila os 50 melhores vinhos portugueses por menos de 5 euros. Para montar esse painel, a revista convidou um time de respeito: os críticos Aníbal Coutinho e João Paulo Martins, os sommeliers Rodolfo Tristão e Manuel Moreira e o diretor da Revista de Vinhos Luís Ramos Lopes. Esse grupo selecionou 27 tintos, 17 brancos, 3 rosés, 2 espumantes e um Moscatel, com preços que variam desde €1,89 até €4,99. Ou seja, em bom português, de cerca de R$5,52 até R$14,57. E a pergunta que não quer calar é: "De que tanto reclamam esses portugueses?".

Mas mais interessado do que conhecer quais os 50 vinhos escolhidos, eu fiquei curioso em saber por quanto esses vinhos baratinhos são vendidos em nosso mercado.

Quando eu faço a análise de preços das importadoras, procuro sempre comparar os vinhos de mais alta gama, visto que esses são mais fáceis de serem encontrados nos Estados Unidos, minha base de comparação. Com isso, nunca havia feito uma análise e desconhecia o quanto pagamos, aqui no Brasil, por vinhos - digamos - de entrada. Essa era a oportunidade de ouro!

Dos 50 vinhos listados na matéria, encontrei 24 a venda por aqui, seja diretamente nas importadoras que exibem seus preços, seja em lojas virtuais independentes. Conferir as diferenças entre os preços cobrados em Portugal e o quanto pagamos aqui em Pindorama, me fez concluir que necessito, urgentemente, iniciar meu curso de controle da raiva. É para levar qualquer um à loucura!

Na amostra estudada, nossos preços variam de 2,6 vezes a mais até quase 8 vezes a mais do que o preço no mercado português. O grande anti-campeão é o vinho Marquês de Marialva Branco, da Bairrada, que custa na Terrinha a merreca de €1,89 (equivalente a apenas R$5,52) e que aqui no Brasil escorcha os consumidores pelo absurdo de R$41,79!

Confira na tabela abaixo a comparação completa entre os preços dos 24 vinhos analisados:

A matéria original
Quem quiser conhecer os 50 vinhos que foram escolhidos, basta clicar aqui.

Oscar Daudt
03/07/2013
Comentários
Carlos Alberto Amorim Jr.
ABS - Brasília
Brasília
DF
03/07/2013 SOCORRO....
Reginaldo Schiavini
Estudante de Doutorado
Lisboa
Portugal
03/07/2013 Pois é amigos. Saúdo ao autor desta tabela.

Moro aqui há dois anos e me dá um arrepio na espinha quando chegar a hora de voltar e me deparar com esta absurda aberração, onde há vários vilões - pois não se engane quem pensa que é só o governo brasileiro.

Este são vinhos do meu dia a dia e nunca bebi tanto vinho bom e barato como aqui. Espero que o tal acordo feito com a Dilma sobre o problema dos vinhos portugueses no Brasil surta efeito o mais rápido possível. Dai veremos se a margem de lucro dos distribuidores e restaurantes... também vai baixar!
André Luiz de Oliveira
Enófilo
Itaperuna
RJ
03/07/2013 Pude ver isso em Portugal, em 2005... Gosto demais do Tons de Duorum e do verde Muralhas...

Mas ao mesmo tempo, vi que a "recíproca é verdadeira", pois uma garrafa de 51 tem preço de cachaça de verdade nos supermercados de lá rsrsrsrs

Abraços amigo!
Rogério Serra
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
03/07/2013 Oscar,

Ai Jesus! O que é isso! Opa!

Abs,
RS
Joice Lavandoski
Estudante Doutorado em Enoturismo
Lisboa
Portugal
03/07/2013 Agradeço a Deus por estar em Portugal e beber estes vinhos a qualquer hora. Quero ver a depressão que vai bater quando eu tiver que encarar a realidade dos vinhos no Brasil, quando voltar. Vou sofrer...

Parabéns, Oscar, pela ideia!
Jose Mario Barbosa
Enófilo
Niterói
RJ
03/07/2013 Gostaria de ouvir a justificativa dos importadores...
Paulo Bouzan
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
03/07/2013 Mais uma vez dirão que a culpa é dos altos impostos. Mas claro que a margem de lucro absurda não será questionada.

Mesmos zerando os impostos, continuariam caros em relaçao ao custo original.
Francisco Gonzalez
Analista de sistemas
Rio de Janeiro
RJ
03/07/2013 Muito interessante Oscar,

Sempre ouvimos os empresários reclamarem dos impostos. Como o imposto é igual para todos, o que justifica a discrepância de preços? Parece mais uma questão de ganância, ou então, testar o limite que o consumidor está disposto a pagar.

O seu trabalho é uma beleza, estou quase saindo em passeata com uma faixa: preços de Portugal no Brasil!
Luiz F. Braga Neto
Professor
Rio de Janeiro
RJ
04/07/2013 Ótima publicação, meu caro Oscar. Isto acontece não só em Portugal, mas em toda a Europa.

É um escândalo o que é cobrado por uma garrafa de vinho no Brasil, seja vinho nacional ou importado. E não são os impostos (não há impostos de 657%).

Um abraço.
Israel Souza
Consultor
Araruama
RJ
04/07/2013 Caro Oscar,

Mais uma vez parabéns pelo seu trabalho. Esse comparativo mostra o que o governo federal esta fazendo com os importados no Brasil. Desde janeiro vigora ama alíquota de ICMS de 4% de um estado para estado. Isso faz que aqui no RJ que não tem substituição tributária, o comerciante pague de diferença de ICMS mais 22%. Se for nos estados que tem a substituição tributária, a coisa fica pior pois tem estado em que chega a 50% a alíquota, como o caso de SP, e aí para pior.

Os nacionais também são tachados e com a tal substituição tributaria, no Espírito Santo, a tal substituição chega a 75% para os nacionais e 50% para os importados, inviabilizando o vinho nacional. Brasil dos impostos que a mídia não divulga.

Abraços e mais uma vez parabéns.
Roberto Wanderley
Médico
Recife
PE
04/07/2013 Oscar, faltou nesta lista, por mim comprovado em Janeiro/2013, quando passei 20 dias em Portugal:

  • .com, de Tiago Cabaço = 3,75 Euros
  • .beb, também de Tiago Cabaço = 7,50 Euros (o que fugiria desta lista, mas dá raiva pelo preço)

    Abraços!
  • Rafael Mauaccad
    Enófilo
    São Paulo
    SP
    04/07/2013 Oscar,

    O Brasil necessita ser redescoberto urgentemente. Anda-se na contramão dos preceitos econômicos, e perguntam-se os motivos das razões do baixo crescimento, e blá, blá, blá....

    Este é mais um dos exemplos estarrecedores que nos defrontamos:-grandes volumes de um produto vendidos com altas margens nos preços, paradoxal! Só explicado pela situação de monopólio ou pela de cartelização, não será necessário ser pós graduado em economia para responder. No livre mercado em competição, grandes volumes de um produto são comercializados com baixas margens nos preços, explicado pela teoria da elasticidade de preços em micro economia.

    A sensação de desconforto sempre está presente quando da aquisição de um vinho no Brasil, e não sabemos apontar a causa. Hoje, na avaliação deste quadro, concretiza-se a razão deste mal estar,e de agora em diante será difícil nos defrontarmos com esta realidade sem a compulsão de dar um BASTA !!

    Obrigado ao EnoEventos por estampar em suas páginas esta doída realidade.

    Forte abraço.
    Por um problema técnico, a maior parte dos comentários enviados no dia 04/07 foram perdidos. Pedimos desculpas aos leitores e solicitamos que aqueles que não tiveram seus pontos de vista publicados, se possível, reenviem seus comentários. A livre opinião dos leitores é um dos aspectos mais importantes de nosso portal.
    Osmir Avila Abrantes
    Enófilo
    Cascavel
    PR
    05/07/2013 Estive em Lisboa, em abril, e comprovadamente os vinhos portugueses nos supermercados de lá são muito baratos.

    Portanto, Oscar, o que é que você acha de pedirmos ao Ministro da Previdência e aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados para trazerem, pelo avião da FAB, muitos exemplares destes vinhos. Acredito que não teria o custo do frete e nem os impostos, se os vinhos vierem com eles e nem seriam considerados pela alfandega.

    Abraços
    Osmir
    Antônio José Brambilla
    Importador
    05/07/2013 Prezado Oscar,

    Na realidade, a coisa é mais grave ainda, pois os preços em Portugal são de venda ao consumidor ou, como se diz em Portugal, PVP. O preço que o importador paga na vinícola é no mínimo 20% a menos, sem considerar ainda que sobre o vinho exportado não incide o IVA (13% para vinhos de mesa e 23% para o vinhos fortificados).

    Os impostos realmente são altos. Inclusive, para piorar, o imposto cobrado pelos estados (ICMS), com a substituição tributária, agravou mais ainda os preços ao consumidor. Mas não justifica esta diferença de seis ou até sete vezes mais.

    Como exemplo, segue uma simulação de importação de um vinho de EU$2,00, que com câmbio de R$2,933, é igual, arredondando, a R$5,87. Vezes 14.000 garrafas = R$82.180,00, preço da mercadoria (FOB) a ser retirada na vinícola em Portugal.

    Entre impostos federal, estaduais, taxas diversas, seguro e frete, sem contar permanência prolongada no porto (ex: greve ou atraso para descarregar o navio, etc...), o vinho chega ao importador por R$192.000,00, ou seja o custo é de a R$13,71 a unidade. A partir deste custo, o importador calcula suas margens de venda. Qualquer dúvida favor entrar em contato.

    Atenciosamente,

    Antônio José Brambilla

    Obrigado, Antônio, por essa aula prática! Abraços, Oscar
    Carla Castro Salomão
    AZAVINI
    Rio de Janeiro
    RJ
    05/07/2013 Bom dia Oscar e todos - excelente iniciativa.

    Este é o ponto que me levou a criar o Azavini- e nestes últimos 8 anos juntamos 16 vinícolas portuguesas e 1 espanhola ao grupo, com a proposta de exatamente trazer vinhos e azeites, excelentes e a preços imbatíveis.

    Contornadas as dificuldades do lado dos fornecedores, deparamos com imensas outras do lado da distribuição aqui - impostos DESIGUAIS e em cascata, uma rede difícil de desembaraçar, e MARGENS inaceitáveis, que temos muita dificuldade em negociar. Juntos, estes aspectos agem em parceria para dificultar enormente o acesso dos brasileiros aos bons produtos, sem terem que pagar tanto! Anos de trabalho que se perdem em parcerias infrutíferas e uma base de consumidores que poderia ser muito maior. Todos saem perdendo.

    Carla, muito interessante. É animador ler uma importadora escrevendo isso... Abraços, Oscar
    Nilton Santos
    Antropólogo
    Rio de Janeiro
    RJ
    05/07/2013 Caro Oscar,

    Muito bom o seu post. Lembrei-me, imediatamente, de uma matéria que saiu na Revista de Vinhos (julho de 2012), de Portugal, com vinhos custando até quatro euros. Foram 80 tintos elencados no ranking da revista portuguesa. Aqui um link ilustrativo.

    Amplexos cordiais,
    Nilton Santos
    Carla Castro Salomão
    AZAVINI
    Rio de Janeiro
    RJ
    08/07/2013 Oscar, apenas um detalhe: não sou importadora! Represento os interesses dos produtores no Brasil.

    Abraço, Carla.
    Felipe
    Engenheiro e Enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    09/07/2013 Absurdo. O Chaminé já me custou metade do cobrado na loja Bebida Online.

    Fica mais barato viajar e trazer de lá, pagando excesso de bagagem.
    Pedro Figueiredo
    Produtor de vinho
    Silgueiros
    Portugal
    15/07/2013 Viva Oscar!

    Nós sentimos e muito por não pertencer ao Mercosul. As taxas e impostos aos vinhos que vem da Comunidade Europeia nos cilindram. Se tivéssemos o nivel de impostos iguais ao do Mercosul, estariam aí, bebendo os nossos vinhos, bem mais baratos.

    Nós já fazemos uns preços especiais para poderem absorver parte dos impostos e transporte.

    Aproveito para clarificar que o preço do Quinta da Falorca Tinto, cá em Portugal é de € 7,5 e não € 4,29. O preço deve ter sido retirado de alguma promoção. Aconteceu uma, num grande Supermercado. Deve ter sido isso.

    Abraço. Pedro

    Pois é, Pedro, infelizmente mas não é só imposto, não. Há dois anos, fiz uma matéria comparando os preços dos vinhos argentinos aqui no Brasil e em Buenos Aires. Era mais barato pagar passagem de avião, 4 diárias de hotel, almoços e jantares, diversão e comprar os vinhos na Argentina do que comprá-los aqui no Brasil (clique aqui para ler). E eles fazem parte do Mercosul. Abraços, Oscar
    Epaminondas Amorim
    Jornalista
    Rio de Janeiro
    RJ
    15/07/2013 Obrigado, Oscar, pelo belo exercício da crítica.
    Vinicius Lento
    Enófilo
    Londrina
    PR
    16/07/2013 Amigos,

    Taí uma triste constatação. Está cada vez mais difícil beber vinhos no Brasil. Fazem de tudo pra que desistamos, lamentavelmente.

    Abs,
    Vitor
    loucoporvinhos.blogspot.com.br
    Fábio Paceli Anselmo
    ABS - Brasília
    Brasília
    DF
    05/08/2013 Caro Oscar,

    Além dessa absurda diferença de preços entre os países produtores e o Brasil, há outros absurdos observados entre os preços em países produtores e cidades como Nova York e Londres, por exemplo.

    O Don Melchor, em Santiago, custa em torno de 120 dólares (estranhamente no free-shop do aeroporto de Santiago custa 132 dólares). Em Nova York é encontrado por 68 dólares. Dá pra entender?
    Osvaldir Francisco Castro
    Profeessor Universitário e Enófilo
    São Josá do Rio Preto
    SP
    14/08/2013 E precisa de comentário? Que vergonha!!!
    José Carlos Ferreira Loja
    Comerciante de vinhos
    Rio de Janeiro
    RJ
    14/10/2013 Por que tais assuntos tão QUENTES como este, não é feito um estudo completo sobre custos de cada garrafa:

  • preço do vinho
  • transporte do vinho
  • impostos
  • armazenagem no porto
  • transporte do porto para o importador
  • distribuição para os pontos de vendas

    Não é difícil de calcular com os dados que qualquer importadora gostaria de demonstrar.

    Agora calcular que em Portugal é barato isso é óbvio, mas por favor dividir o custo da passagem pelo vinho pago...

    José Carlos, o dia em que você encontrar alguma importadora ou alguma loja de vinhos que esteja disposta a divulgar sua contabilidade, por favor me avise. Todos querem reclamar de seus custos, mas não há ninguém disposto a abrir suas contas.

    Quanto a sua sugestão de dividir o custo da passagem, eu já publiquei uma matéria demonstrando matematicamente que era mais barato viajar a Buenos Aires ou a Nova Iorque, pagando passagem, hotéis, restaurantes 5 estrelas e comprar os vinhos por lá do que simplesmente comprar os mesmíssimos vinhos aqui no Brasil. Clique aqui para melhor conhecer a tragédia dos preços dos vinhos no Brasil.
  • EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]