
Semana passada, um dos programas foi provar o melhor vinho do mundo, segundo a revista Decanter: o Faustino I Gran Reserva 2001. E decidi que o ambiente deveria estar à altura de um vinho assim importante. Como, no dia anterior, havia estado em um entardecer à beira da piscina do Copacabana Palace, a inspiração foi imediata e escolhi o Cipriani como cenário para a prova. Belíssima escolha, pois foi um jantar perfeito, tanto os vinhos quanto a gastronomia.
Feita a reserva com o sommelier Ed Arruda, decidi levar, além do vinho premiado, um branco para iniciar os trabalhos. Éramos apenas dois, com dois vinhos para beber, uma conta que fica sempre muito além do recomendável.
Para nossa surpresa, Ed nos recebeu com um espumante que estava à altura do momento. Bem que eu tentei argumentar que já tínhamos trazido vinho demais, mas sem muita convicção, pois como recusar um Champagne La Grande Dame 1998? Principalmente por que eu nunca havia bebido esse vinho tão exclusivo. A noite prometia...
O branco que se seguiu foi um vinho que eu havia comprado recentemente em Nova Iorque: o Manincor Lieben Aich Sauvignon 2009 é elaborado no Alto Adige, em Caldaro, pelo mestre do biodinamismo, Helmuth Zozin. O vinho estagia em carvalho por 10 meses, junto com as borras finas, e tem uma acidez poderosa embalada por uma mineralidade que divide com a fruta o papel principal. A madeira era apenas um mero detalhe e a elegância servida é dificilmente encontrada nos Sauvignon Blanc do Novo Mundo.
Já a estrela da noite, o Faustino I Gran Reserva 2001 foi tema de uma matéria específica publicada semana passada (clique aqui para ler).
Há poucas semanas, a cozinha do Cipriani mudou de comando: saiu o italiano Nicola Finamore e assumiu o seu conterrâneo Luca Orini (foto à direita). Até recentemente, Luca era o responsável pela cozinha do luxuoso Grand Hotel Timeo, em Taormina, um dos hotéis do grupo Orient Express, também proprietário do Copacabana Palace.
Quando contei que havia jantado ano passado na espetacular varanda de seu ex-restaurante, com vista para o Etna, o chefe ficou até um pouco nostálgico. Senti que aquele era o momento, contei quais vinhos iríamos beber e deixei tudo em suas mãos. Que ele mandasse a melhor harmonização!
Para acompanhar o Sauvignon Blanc, o chefe escolheu um Tartare de atum vermelho com laranja - que deliciosa combinação! - um Carpaccio de camarão levemente marinado e um clássico da cozinha italiana, o Vitello tonnato.
Mas foi na hora do "melhor vinho do mundo" que o chefe se excedeu e serviu um Risotto de trufas brancas, que foi uma das coisas mais espetaculares que já comi até hoje, perfeito em todos os sentidos. Não sei quem alavancava mais o outro, se o vinho ou se a comida. Só sei que foi um daqueles momentos que não se quer e nem se pode esquecer.
Como ainda havia vinho no decanter, Luca nos brindou com um exótico Tagliatelle de chocolate, sutilmente temperado com manteiga e sálvia. Era o requinte da simplicidade.
Nem me perguntem quanto custou essa esbórnia, pois na hora da conta, muito compreensívelmente, eu já estava prá lá de Taormina, dançando à sombra do vulcão...
Oscar Daudt
15/12/2013 |