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Restaurantes

Primeiro Mundo
O Mr. Lam, restaurante chinês do empresário Eike Batista, é uma das casas mais sofisticadas do Rio de Janeiro. Referência nacional e internacional, atrai turistas que já chegam a nossa cidade com a determinação de conhecê-lo. Também, pudera, pois a localização é uma das mais invejadas, de frente para a deslumbrante Lagoa Rodrigo de Freitas; os salões são amplos e as mesas mantêm confortável distância entre si; a decoração é imponente e elegante, sem cair na tentação das lanterninhas orientais; o serviço é impecável e amistoso; e a gastronomia é elaborada por legítimos chefes chineses, que fazem uma fusão com os requintes exigidos pelo consumidor ocidental.

Como se essas vantagens fossem poucas, em um estudo que realizamos há 2 anos, a casa ficou posicionada em 3º lugar, no Rio de Janeiro, na classificação dos restaurantes com os melhores preços de vinhos da cidade (clique aqui para conferir).

Numa demonstração de respeito a seus clientes, o Mr. Lam é um dos raros restaurantes cariocas que adota uma política de transparência total. Parece coisa de primeiro mundo: tanto o cardápio quanto a carta de vinhos estão livremente disponibilizados com seus preços na Internet para quem quiser consultar (que eu consiga lembrar, a única outra casa de nosso balneário com essa mesma política é o Térèze).

Muito além do espumante
Sempre à frente de seu tempo, o Mr. Lam passou a oferecer a seus clientes uma carta de vinhos brasileiros, apelidada de Adega X Brasil. O X, todos devem saber a quem se refere...

Em contraste com os demais restaurantes da cidade, que incluem em sua carta um ou outro espumante e, no máximo, um vinho tinto nacional - só para dizer que têm - a nova carta é bastante variada e oferece 7 espumantes, 4 brancos, 1 rosé e 15 tintos. São opções para todos os bolsos, com preços que começam em 85 reais e chegam a uma estratosfera tropical de 305 reais. A produção brasileira ocupa um lugar de destaque na carta de vinhos, estando exibida na primeira página, chamando a atenção dos consumidores.

A escolha dos rótulos foi um trabalho a quatro mãos - ou melhor, a duas bocas - do gerente geral Eder Heck e do sommelier Marcelo dos Santos, que definiram vinhos das mais prestigiadas vinícolas brasileiras: Casa Valduga, Cave Geisse, Chandon, Dom Cândido, Don Abel, Lídio Carraro, Luiz Argenta, Maximo Boschi, Miolo e Villa Francioni.

Eder contou-me que ficou, ele mesmo, surpreso com a excelente aceitação que esses vinhos tiveram entre os clientes do restaurante e que, com isso, já teve de pedir muitas reposições. Entusiasmado, planeja uma breve expansão, incluindo rótulos da Salton e "aquele vinho da Kombi" (leia-se Routhier & Darricarrère, de Rosário do Sul).

Novidades no cardápio
Assim como os vinhos, o cardápio também passou por um renovação, com o lançamento de diversas criações e o restaurante convidou-me para conhecer tanto uns, quanto outros.

Na seção líquida, nem é necessário falar sobre o Cave Geisse Nature Terroir 2009 (R$169), que muitos consideram como o melhor espumante do Brasil. Minha inveja, como gaúcho, são os vinhos brancos de Santa Catarina e o Villa Francioni Chardonnay 2012 (R$110) era um monumento à elegância e à harmonia. Para acompanhar o frango, lá pelas tantas chegou o Casa Valduga Reserva Espumante Blush 2011 (R$95), com uma belíssima cor - agora é minha vez - de matar de inveja os catarinenses, 25 longos meses com as leveduras e muito frescor e borbulhas de alta qualidade. Para finalizar, um susto: o Lidio Carraro Tannat 2008 é um bom vinho, mas não vale o preço de R$305.

As novidades do cardápio eram muitas e provamos diversas delas, iniciando com os Rolinhos Tropicais, bastante delicados, com uma finíssima massa de arroz e recheados com creme branco, camarões, manga e maçã. Um adeus aos já manjados Rolinhos Primavera!

A Sopa de Pequim não é para qualquer um: com shiitakes chineses, legumes e tofu, é uma delícia, mas vem apimentada prá valer; eu gosto assim, mas meu gosto por pimenta está alguns decibéis acima da média. E como se fosse para tripudiar, ainda vem acompanhada de um pratinho com pimenta Xpock, a mais ardida do mundo. Eu coloquei uma gotinha mínima para provar e quase fiquei sufocado, tossindo sem parar. Portanto, cuidado...

Criativos, aromáticos, bonitos e gostosos, os Maracanã Prawns chegam com a missão definida de conquistar os turistas da Copa: camarões empanados, com molho de espumante nacional, suco de laranja e um perfume de baunilha que inebria a mesa. E, para o verão que já chegou, um espetacular Frango Lima-Limão, fatias empanadas com farinha de arroz, com maravilhosa acidez e que também é preparado com molho de espumante. Mas o sucesso das novas criações é mesmo o Cordeiro de Pequim, marinado com vinho tinto e temperado com gengibre e cebolas. Um espetáculo!

Como todos sabem, de sobremesas eu passo ao largo, e foi o que eu fiz com a Nuvem, um algodão doce que só de olhar já eleva as taxas de glicose. Mas não resisti ao Kaboomm, nome bastante inadequado para uma sobremesa delicada, elegante e quase sem açúcar: encimada com diferentes especiarias, a cada garfada oferece sabores distintos e surpreendentes. É como se fosse várias sobremesas em uma só.

Oscar Daudt
14/12/2013
Os vinhos
Cave Geisse Nature Terroir 2009
R$169
Villa Francioni Chardonnay 2012
R$110
Casa Valduga Reserva Blush 2011
R$95
Lidio Carraro Tannat 2008
R$305
As novidades no cardápio
Rolinho Tropical
Recheado com creme branco, camarões, manga e maçã
R$34 (4 unidades)
Sopa de Pequim
Com shiitake chinês, legumes, tofu, e pimenta negra chinesa
R$69 (para 4 pessoas)
Os mais corajosos podem temperar a sopa com a pimenta Xpock, a mais forte do mundo. Um verdadeiro vulcão!
Sui Lon Po
Pastéis de carne de porco e nirá cozidos no vapor
R$26 (4 unidades)
Maracanã Prawns
Camarões agridoces levemente empanados, salteados com cebola e pimentões e regados com molho de espumante nacional, suco de laranja e um leve perfume de baunilha
R$95
Frango Lima-Limão
Lâminas de peito de frango levemente empanadas com farinha de arroz, servidas ao molho de limões brasileiros e espumante
R$66
Cordeiro de Pequim
Finas tiras de pernil de cordeiro marinadas com vinho tinto, gengibre e alho, salteadas com cebola e cebolinha
R$82
Nuvem
Mini-arroz, produzido por pequenos agricultores no Vale do Paraíba, mergulhado em creme de baunilha fresca ao toque de lascas de limão, algodão doce artesanal e flores comestíveis coloridas
R$38
Kaboomm
Terrine de coco queimado com uma suave cobertura de capim limão fresco em diferentes nuances, com toques de pimenta, curry, erva doce, acompanhada por sorvete de gergelim negro
R$39
         
Comentários
André Luiz de Oliveira
Provador de Café
Itaperuna
RJ
14/12/2013 Que bom, alguma coisa do Eike Batista ainda se mantém... Fico com pena de ver muita gente torcendo contra quem é bem sucedido...

Achei engraçado sua reação com a pimenta Xpock... Ainda não experimentei, mas tenho paixão por pimentas fortíssimas... já deixei baianas perplexas...

Ótima e descontraída matéria, meu amigo, e digo que tenho paixão pelo espumante Casa Valduga Reserva Blush... uma jóia que cabe no bolso direitinho, com elegância!

Abraços
Maze Bellobom
(via Facebook)
Rio de Janeiro
RJ
14/12/2013 Realmente, é espetacular.
Antonio Carlos Ferreira Lopes
Administrador
Rio de Janeiro
RJ
14/12/2013 Oscar,

Como sempre mais uma matéria "deliciosa".

A Casa do Sardo também apresenta seus preços no cardápio embora eu não tenha certeza de que estejam atualizados.

Antonio Carlos, que bom, eu não sabia. É mais um passo nessa luta pela transparência. Mas o Mr. Lam está à frente, pois a Casa do Sardo não exibe a carta de vinhos. Abraços, Oscar
Johnson Rogenski
Enófilo
São Paulo
SP
15/12/2013 Caro Oscar,

Aqui em São Paulo temos os mesmos 2 problemas:

  • Sem preços na Internet
  • Falta de vinhos nacionais nas cartas, e caros.

    Em falando de espumantes nacionais, fica o recado para os amigos: espumante "Campos de Cima"; para se ter uma ideia da qualidade, no último Concurso de Espumantes Brasileiros, em Garibaldi, de 259 amostras, somente duas receberam a medalha Gran Ouro:

  • Campos de Cima Brut (tradicional)
  • Decima Brut Rosé (Charmat)

    O espumante Campos de Cima Extra Brut também é maravilhoso. O preço: R$ 40,00 qualquer um dos dois (Vinícola em Itaqui- RS).
  • Vinicius Toledo
    Enófilo
    São Paulo
    SP
    31/12/2013 Caro Oscar

    Gostei muito do texto como um todo! Só ouso discordar de uma pequena informação que você deu!

    Você disse que uma determinada pimenta a "xpock", seria a mais ardida do mundo, porém, segundo a escala do farmacologista Wilbur Scoville, que é considerada oficial para se classificar pimentas, quanto à sua ardência, nos traz a seguinte classificação:

  • 1º - em primeiríssimo lugar temos a Trinidad Scorpion Butch T, desenvolvida numa empresa australiana em abril de 2011 com base em um fruto de Trinidad e Tobago com nada menos do que 1.107.000 de pungência;
  • 2º- Bhut Jolokia com 1.001.000, também conhecida como pimenta-fantasma. É da família das nagas, nativa da Índia e de Bangladesh e cultivada há séculos;
  • 3º- 7 Pot Barrackpore, com 987.000, mais uma variedade resultado de cruzamentos entre híbridos. Barrackpore é uma cidade da Índia, mas a pimenta 7 Pot é originária de Trinidad e Tobago;
  • 4º- Moruga Laranja com 981.000 de pungência, parece um pimentão retorcido. Também de Trinidad e Tobago, é usada industrialmente para fazer pós superpicantes;
  • 5º- A moruga vermelha tem 952.000 de picância. Como sua parente laranja, é moída e transformada em pó, esta variedade é bem popular no Haiti.

    Agora esta que voce mencionou, não consegui encontrar nenhum material sobre ela na internet, você sabe algo mais sobre esta pimenta?

    Abraços
    Vinicius Toledo

    Vinícius, muito interessante essa informação que você passou. Eu nem sabia que existia essa classificação de pungência.

    Eu vendi o peixe que o restaurante me informou. Agora fui procurar na Internet e também não achei nada sobre a pimenta Xpock. Estou achando mais confiável acreditar nessa sua escala. Abraços, Oscar
  • Vinicius Toledo
    Enófilo
    São Paulo
    SP
    03/01/2014 Pois é Oscar, estava esperando uma resposta sua para tecer um comentário.

    Para mim, em verdade o garçom do restaurante pronunciou de forma um tanto quanto errônea o nome chipotle! Chipotle é um tipo de pimenta seca (às vezes também chamado de chilpoctle ou chilpotle em espanhol). A palavra raiz, chilpoctli (ou também pochilli), surgiu inicialmente entre os falantes de Náhuatl, um dos muitos idiomas autóctones ainda vivos no México, sendo que o termo chil = chile e poctli = fumo. Portanto, essencialmente, este termo significa pimenta fumada.

    Normalmente utiliza-se a variedade jalapenho de Capsicum annuum, mas outros tipos também podem e são utilizados em sua preparação. A cor do chipotle é de uma característica castanho pronunciadamente escuro. Comercialmente, o chipotle pode ser encontrado em pó, como pasta ou mesmo com as pimentas inteiras em molho chipotle, tanto em jarros de vidro como enlatados. O Chipotle é utilizado em pratos de carne, como a carne de frango, de porco e de vaca. Ele também pode ser utilizado em certos pratos de peixe, por exemplo, misturado-o com maionese e atum (enlatado) na preparação de sanduíches diversos. Em termos de ardência fica um pouco abaixo da nossa malagueta que tem algo em torno de 60 mil de pungência!

    Abraços e até mais...
    Vinicius Toledo
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)99636-8643 - [email protected]