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Comentários |
Abilio Cardoso Jr Dentista e enófilo Brasília DF |
28/08/2009 |
César, estive com alguns amigos no Tour Mistral e para a maioria do grupo o produtor destaque do evento foi um espanhol.
Na ilha de Mallorca , com uvas autóctones, a Anima Negra produz o AN/2. vinho elegante, com aromas de bosque, custo acessível, sem a infeliz padronização que constatatamos em alguns produtores.
Só esta descoberta, já que não conhecia vinhos de Mallorca, já valeu a ida ao Tour.
Abraço Abilio |
Cesar Galvão EnoEventos Rio de Janeiro RJ |
31/08/2009 |
Caro Abilio,
Vc tem razão em afirmar q o destaque do evento foi a Ànima Negra, apesar da presença de outros grandes produtores italianos, portugueses e do Novo Mundo. Este produtor faz vinhos apaixonantes, de uma complexidade e elegância surpreendentes, se considerarmos que a ilha de Mallorca não tem tradição nem na própria Espanha.
Bom, se não vc não leu, aí vai o link para uma coluna sobre a Ànima Negra, meu segundo artigo aqui no Enoeventos!
http://www.enoeventos.com.br/colunistas/cesar/cesar002.htm
Forte abraço, Cesar |
Rafael Mauaccad Enófilo São Paulo SP |
31/08/2009 |
Caro César,
“Penso nos pequenos mistérios. Os enigmas triviais nos levam à pergunta: acasos, coincidências, sincronicidades?” (Ignácio de Loyola Brandão).
Jantei nesta última quinta-feira com minha filha mais nova Luisa, formada em publicidade pela FAAP. Abri um bordeaux genérico, de bom produtor e safra, Chateau Bastian 2005, (não fique bravo Schiffini!) e começamos a por os assuntos em dia, quando lá pelas tantas ela me questiona, por que você comprou este bordeaux e não outro rótulo? Sem esperar minha resposta ela prontificou: “é o branding, pai! O vinho está ligado à cultura do país de sua origem, você tem identificação e admiração pela cultura francesa, que os franceses tanto sabem valorizar e divulgar”.
Nossa conversa aí enveredou pelos conceitos de branding, marketing, projeções, escolhas, atratividades e estratégias de negócios. Brilhante aula daquela que há vinte e três anos atrás eu carregava no colo!
Transcrevo alguns conceitos publicados sobre o assunto:
“Branding é um trabalho de construção de uma marca junto ao mercado. Cria-se uma imagem que possa ser reconhecida por todo o mercado, de forma que o produto que seja rotulado por aquela marca transmita confiança ao consumidor, fazendo-o preferir o produto de marca, do que outro produto sem marca” (PICCAGLIA Eliel, 2008).
“Branding também é o conjunto de ações ligadas à administração das marcas. Tomadas com conhecimento e competência, essas ações levam as marcas além de sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura, influenciando e simplificando as nossas vidas, num mundo de relações cada vez mais confusas, complexas e desconfiadas” (MARTINS José Roberto, 2006).
“Marketing é feito para resolver demandas mercadológicas, ou seja, cuidar da oferta do produto, da promoção, do ponto de venda e para criar estratégias para potencializar os negócios, está orientado para o consumidor. Branding é bem mais anterior. Está relacionado com a estratégia do negócio da empresa, o que envolve a cultura, o posicionamento e a identificação” (DEOS Luciano, 2009).
Tento elucidar seu questionamento, partindo desta linha divisória que foi o Tratado de Tordesilhas de 1494 entre Portugal e Espanha, que dividiu os domínios descobertos e a descobrir daqueles paises no Novo Mundo. Estamos separados físico e culturalmente desde lá, com aproximações diplomáticas, comerciais e culturais de pouca eficácia na transferência de valores para identificação mútua entre seus povos. O primeiro passo, à obrigatoriedade do ensino da língua espanhola em nosso país é de implantação recente.
Minhas duas filhas estudaram desde o Infantil até a conclusão do Segundo Grau no Colégio Miguel de Cervantes, binacional, tendo também como mantenedor o Ministério da Educação e Cultura de Espanha, e pude presenciar nesses quinze anos, a passagem dos conhecimentos e valores daquele país. Lembro com saudades das festas da Hispanidad, das Olimpíadas Estudantis, das Noites Culturais, do Tablao Flamenco, e não podendo faltar da enogastronomia espanhola. O aculturamento leva tempo.
Se a imagem da Espanha tradicional não obteve a repercussão desejada, a Espanha moderna após a integração na Comunidade Européia, brilha aos olhos do mundo com seus ícones do cinema: Pedro Almodóvar, Penélope Cruz, Javier Barden, Antônio Banderas; do teatro: Fernando Arrabal; das artes plásticas: Picasso, Miro; da arquitetura: Gaudi; do esporte: Fernando Alonso e Rafael Nadal; da gastronomia: Ferran Adriá e outros magos; sem computar os galácticos do Real Madri e do Barcelona. Os Ministérios de Relações Exteriores de ambos os paises haverão de promover eventos como “O Ano do Brasil na Espanha” e “O Ano da Espanha no Brasil”, para fortalecimento dos laços culturais, comerciais e turísticos. O vinho virá a reboque, e terá seu esperado, desejado e merecido lugar de destaque, com representações de relevância nos principais estados brasileiros, com a demonstração de sua importância para a manutenção das trocas comerciais entre os dois paises.
Ainda nesta quinta-feira, obtive a indicação de uma tasca espanhola, aberta recentemente no bairro da Chácara Santo Antônio (onde localiza-se o consulado americano), o MARIPILI – diminutivo de Maria Del Pilar, bem espanhol, não!? Fui conhecê-lo no sábado à tarde, é um boteco madrilenho, oferece tapas, pratos simples e bons vinhos e espirituosos espanhóis, despojado na decoração e na cozinha, dá a sensação de estar em Madri. Conheci o proprietário Dario Taibo, enófilo e diretor da Sociedade da Mesa, que é um clube de vinhos, e os seleciona para os seus associados. Publica um informativo mensal “Sociedade da Mesa” (www.sociedadedamesa.com.br), e me confidenciou quem será o entrevistado do próximo número, pasme: Oscar Daudt. Não preciso dizer que o papo rolou entre finos, claretes e robles até o final da tarde.
“Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem!!” (domínio popular).Saúde/ Salud Rafael |
Cesar Galvão EnoEventos Rio de Janeiro RJ |
05/09/2009 |
Caro Rafael,
Assino em baixo tudo o q colocaste em teu comentário. Só não estou convencido de que essas sejam as únicas razões para não consumirmos mais vinhos de origem espanhola. Me explico.
Assim como tuas filhas, estudei em escola religiosa espanhola, de forte influência catalã, uma vez que as freiras todas eram de lá e do País Vasco. Desde então, pude notar que eu e minha irmã fomos educados quase que num mundo paralelo, pois as outras crianças - e adultos tb! - de nada entendiam sobre os costumes daquele país, e nós absorvendo aquilo tudo nas primeiras idades. Certamente esse foi um dos fatores que me levaram a ser tão apaixonado, não somente pelos vinhos, mas pela cultura espanhola.
Com isso e após viver em Espanha, já adulto, pude concluir que o brasileiro médio ainda pensa que lá só se dança flamenco e as mulheres andam com leques e castañolas, como as gitanas no imaginário popular. A esmagadora maioria despreza que aquele pequeno país tb tem suas particularidades regionais, culturais e políticas, constituindo várias "nações" dentro de um país. Imaginar que em España não se tenha bons vinhos é muito fácil para a maioria.
Mas, sabemos que não estamos falando do brasileiro médio. Esse não bebe vinho e, quando bebe, buscou em algum supermercado, comprando os chilenos e argentinos de preço mais em conta. Além do mais, o brasileiro só vai descobrir o vinho de fato quando as instituições de ensino e grupos de degustação não mais parecerem um clube fechado e, principalmente, se ele tiver acesso a bons vinhos a preços mais honestos do que os praticados atualmente.
Hoje, quem dita a moda de vinhos frequenta eventos, jantares harmonizados, se aventura nas prateleiras de delicatessens, é capaz de estourar o orçamento com uma garrafa dos sonhos, prioriza a compra de vinhos durante uma viagem, compra livros, participa de cursos e grupos de degustação... Esse não tem, ou não deveria ter, problemas - ou seria preconceito? - em relação ao país de origem do vinho.
Pensando bem, acho que é isso mesmo. Preconceito. Admitir que o "novo" pode ser melhor que o "velho". Poucos admitem que um novo Ribera del Duero, apenas para citar uma região de vinhos fantásticos, é melhor que um famoso Bordeaux ou toscano de renome. Já vi degustadores experientes intimidados com isso. Seria o tal branding, que tua filha tão oportunamente citou?
Quem me conhece, sabe que sou um "Indiana Jones" dos vinhos, que os procuro em países de pouca tradição no mundo vinícola, principalmente no Leste Europeu e Oriente Médio. Assim, perdi o medo de provar, descobrindo que ali na esquina pode ter um país que seja a bola da vez.
Um grande abraço, Cesar
P.S.: Seguro que hay brujas...:) |
Wilker Boaventura Carneiro Administrador de empresas Feira de Santana BA |
12/09/2009 |
Cesar,
Tive hoje a grata satisfação de conhecer o EnoEventos, através da reportagem com o Daudt na edição mensal da Sociedade da Mesa. Logo de cara, tive a curiosidade de ler sua matéria por também ser um grande torcedor dos vinhos espanhóis.
Aprecio muito o PROTOS, e numa viagem a Barcelona, tive a oportunidade de conhecer o DON FAUSTINO, recordo-me que fiquei realmente maravilhado. Gostaria de obter informação sobre esse vinho e alguma dica de como poderia adquirí-lo aqui no Brasil se for possível.
Desde já agradeço e parabenizo pela materia.
Wilker B Carneiro Feira de Santana - Bahia |
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