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Pelo terceiro ano consecutivo, aqui no ENOEVENTOS, tenho o prazer de apontar os destaques, na minha modesta opinião, do ano que passou. Apenas três prêmios: vinho do ano, barato do ano e vinícola do ano.
O prêmio Vinho do ano é conferido, simplesmente, ao melhor rótulo degustado em 2011, entre os vinhos disponíveis no Brasil, independentemente do preço. Neste ano, o campeão vem da França, mais especificamente, da Borgonha, terra de grandes vinhos e pequenas joias.
O prêmio Barato do ano é conferido ao rótulo que melhor traduz a surrada (e muitas vezes mal usada) expressão custo-benefício. Pelo segundo ano consecutivo, um vinho chileno leva a honraria. Desta vez, um surpreendente riesling, que vem do vale do Maule, feito por uma vinícola pequena, integrante do MOVI (Movimento dos Vinhateiros Independentes do Chile).
O prêmio Vinícola do ano é conferido à adega que apresentou, no mercado brasileiro, o melhor portfólio, com grandes vinhos. Neste ano, a vencedora (uma pequena vinícola piemontesa) ainda por cima consegue entregar bons rótulos a um preço acessível.
Confira, abaixo, os melhores do ano de 2011. |
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Vinho do ano |

DOMAINE TRAPET LATRICIÈRES-CHAMBERTIN GRAND CRU 2007
Vinícola familiar, de viticultura biodinâmica e produção artesanal, a Domaine Trapet é uma das joias da Borgonha - e, por que não, de toda a França. Este Latricières, em especial, é quase uma dádiva. A etimologia já é um mistério. Para alguns, poetas provavelmente, a origem é alemã e significa 'pequenas maravilhas'. Outros, mais realistas, enxergam na crueza do solo a verdadeira raiz do nome. 'La Tricières' significa 'terra pobre'. Independente da origem do nome, o vinho está mais para pequena maravilha. Nariz rico e fino, com notas de cereja, framboesa, morango e evolução para pimenta branca, alcaçuz e um toque de couro. Na boca, elegância é a chave. Tem mais estrutura e corpo do que o primo Chapelle-Chambertin, muito volume, é sedoso, com taninos macios e um final interminável. Um vinho de excelência, uma experiência rara.
Nota: 10
Preço médio: R$ 880
Importador: Grand Cru |
Barato do ano |

MELI RIESLING 2010
Treze hectares de terra no vale do Maule, no Chile, plantadas com carignan com mais de 60 anos de idade e um pouco de riesling. Este é o projeto tocado por Adriana Cerda, uma das mais destacadas enólogas chilenas, e os quatro filhos. Este riesling, o branco da casa, é um achado. No nariz, notas de lima, casca de laranja, pêssego e um leve toque de mel. Na boca, a acidez generosa e a estrutura firme sinalizam um longo potencial de guarda. Seco, fresco e com um final longo e com um toque cítrico. Uma das melhores barganhas disponíveis no mercado brasileiro. A Meli é uma vinícola que faz parte do MOVI, o movimento dos vinhateiros independentes do Chile.
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 36
Importador: La Charbonnade |
Vinícola do ano |

Uma vinha, um vinho. Este é um dos lemas da Piero Busso, pequena e familiar vinícola piemontesa, cuja origem remonta a uma Itália ainda em reconstrução pós-Segunda Gerra Mundial, em 1953. Outro mantra repetido à exaustão pelo pessoal da vinícola é de que "os vinhos são um reflexo do seu território". Entender esta filosofia ajuda muito a decifrar os vinhos da Piero Busso.
São poucos rótulos. Apenas dez, sendo cinco deles exportados para o Brasil. Pudera. A azienda tem apenas 10 hectares de vinhas e uma produção total de 45 mil garrafas. O estilo dos vinhos é bem definido. Nada de super extração, nem de concentração ao extremo. O norte é a elegância. Para atingir o objetivo, o cuidado vem desde a vinha, com a colheita manual feita por parcelas, quando a maturação fenólica da uva está completa. Não por acaso, o pessoal da Piero Busso considera a época da vindima como um 'outro Natal'.
Na cantina, cada parcela é vinificada em separado, depois os vinhos estagiam em grandes toneis de carvalho - exceção feita a parcelas especiais de determinados vinhedos, que passam por pequenas barricas. A preocupação é não esconder a fruta característica de cada vinhedo, passando demais o vinho por madeira.
Muito se fala do conceito de vinho de terroir. Talvez porque esteja na moda. Ou mesmo seja uma eficaz maneira de marcar presença em um mercado competitivo e cada mais ávido por diferenciais. Mas o fato é que os vinhos de Piero Busso são, efetivamente, vinhos singulares, de terroir.
Abaixo, os vinhos da Piero Busso disponíveis no Brasil, através da importadora Mercovino.
Piero Busso Langhe Nebbiolo 2008
Piemonte, Itália
Deste vinho são produzidas apenas 5,3 mil garrafas. As uvas vêm de uma vinha de 1,1 hectares em Neive. Estagia por oito meses em tonéis de carvalho. É limpo no nariz, com notas florais e de frutas frescas. Na boca, tem médio corpo, bastante equilíbrio, taninos finos, bom volume e um final muito agradável.
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 115
Piero Busso Dolcetto D'Alba Majano 2009
Piemonte, Itália
Produzido com uvas vindas de um vinhedo de apenas um hectare, com idade que varia entre 15 e 30 anos. Sem passagem em madeira, é um vinho fresco, leve e pra lá de saboroso. No nariz, frutas vermelhas frescas, com um pequeno toque floral. Na boca, combina leveza e elegância, com uma acidez gostosa que convida a outro gole. Tipo de vinho que a garrafa vai embora sem que ninguém se dê conta. Como costuma dizer o grande Jose Paulo Schiffini, este é um tinto para comprar a caixa.
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 73
Piero Busso Barbera D'Alba Majano 2007
Piemonte, Itália
Barbera de alta qualidade, com estágio de 10 meses em tonéis de carvalho e produção de 8,5 mil garrafas. Nariz intenso, com notas marcadas de cereja, amora e cassis. Na boca, tem bom corpo, volume, taninos finos e um final longo e frutado.
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 91
Piero Busso Barbaresco Mondino Cru 2007
Piemonte, Itália
Ótimo Barbaresco deste excelente produtor piemontês. Nariz limpo e rico, com notas de frutas vermelhas frescas, um toque floral, com especiarias e evolução para cogumelos, fumo e café. Na boca, tem bom corpo, volume, textura, acidez bem marcada, taninos finos e um final longo e com um toque de especiarias.
Nota: 9
Preço médio: R$ 182
Piero Busso Barbaresco San Stefanetto Cru 2006
Piemonte, Itália
Uma das joias da coroa da Piero Busso, este é um Barbaresco de primeira linha. Produzido com uvas cuja idade varia entre 25 e 50 anos, estagia por 18 meses em madeira, sendo 70% em tonéis e apenas 30% em barricas de carvalho. No nariz, é rico e limpo, com frutas vermelhas, especiarias e evolução para alcatrão, cogumelos e tabaco. Na boca, é encorpado, com taninos finos, acidez no ponto, volume e um final longo e elegante.
Nota: 9,5
Preço médio: R$ 291 |
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