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Esta é uma seleção dos melhores vinhos que provei em 2010. Todos os anos degusto tecnicamente mais de 5 mil vinhos e seleciono os 200 melhores.
Este ano comemoro com vocês a 10ª edição deste trabalho, os Top-200 - Os Melhores Vinhos do Ano. Esta lista, que há muito já se tornou referência no mercado, continua, desde seu nascimento, com os mesmos critérios e o mesmo objetivo: ser um serviço aos leitores. O fato é comprovado pela grande visitação que as 9 listas anteriores recebem diariamente em meu site, no link www.mardevinho.com.br/vinhos.
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Objetivo |
O objetivo deste trabalho é oferecer um panorama do que há de novo e de bom no mercado, proporcionando ao leitor opções de compra para todos os gostos, bolsos e ocasiões.
É importante frisar que não são "os melhores vinhos do mundo", pois este tipo de lista se repetiria, com poucas variações, ano após ano, contendo nomes que dispensam apresentações, mas requerem saldo bancário.
Esta também não é simplesmente uma lista dos "meus prediletos do ano", pois assim eu teria que incluir grandes ícones de safras antigas, mas esta informação seria pura soberba e de pouca utilidade ao leitor.
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Critérios |
Os critérios desta seleção são os mesmos há 10 anos: em primeiro lugar só concorrem os vinhos que provei, eu mesmo, entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010. A preferência nos vinhos selecionados é para as novidades, as safras recentes e para os provados às cegas.
Todos os selecionados estão presentes no mercado brasileiro e se destacaram dentro de suas categorias de preço, tipo (tinto, branco etc) e estilo (corpo, região, idade etc). Não coloco vinhos que não estejam disponíveis no Brasil, pois seria injusto com os leitores publicar vinhos com preços em euros, por exemplo.
Este ano coloquei, no entanto, vários vinhos de safras que ainda não chegaram, mas que estão a caminho (como referência, coloquei os preços das safras anteriores, que poderão variar).
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Os números da seleção de 2010 |
Os números dos Top-200 de 2010 mostram alguns avanços em relação aos anos anteriores.
Número de vinhos avaliados: cerca de 5.800
Países representados: 17
Vinícolas e importadoras representadas: 72
Os 200 selecionados dividem-se em:
38 Brancos
9 Rosés
9 Doces e Fortificados
13 Brasileiros (tintos e brancos)
7 Espumantes Brasileiros
10 Espumantes do Mundo
114 Tintos
Este ano provei muitos vinhos fora do Brasil, que infelizmente não chegam aqui, e também muitos vinhos de safras antigas, alguns de mais de 100 anos, também não disponíveis. Outras curiosidades provadas foram vinhos de origens pouco comuns, mas que prometem ser boas opções em nosso mercado no futuro, como Bulgária, México, Marrocos e Grécia. O ano foi muito bom também para os vinhos brasileiros, que começam a chamar a atenção do mundo.
Estou muito otimista para 2011 e curioso para saber o que terei na minha lista do ano que vem! |
Os Melhores Vinhos Brancos de 2010 |
Por vezes já ouvi a frase: "Não entendo muito de vinho, mas uma coisa eu já aprendi: vinho bom é vinho tinto", o que é um lamentável equívoco. Posso dizer que o oposto seria a verdade: os maiores entendedores são os maiores apreciadores de vinhos brancos.
O pouco prestígio que os brancos ainda gozam no Brasil é um fenômeno incompreensível para a maioria dos produtores estrangeiros que nos visitam. Afinal, o país é majoritariamente tropical e os peixes, frutos do mar, frutas e saladas têm papel importante em nossa culinária. Hoje a oferta de brancos importados já é grande, com qualidade, preço atraente e diversidade. O consumidor já reconhece isso e aos poucos os caldos amarelos entram na moda, embora ainda exista muito preconceito.
Para quem ainda não gosta dos brancos, sugiro dar chance a alguns dos vinhos selecionados este ano. Lembre que alguns fatores ajudarão muito a seu vinho branco ficar mais agradável: a harmonização com um prato compatível (um prato de peixe, por exemplo), a temperatura adequada (cerca de 10°C) e taça certa, em forma ovalada.
Quem quiser ler mais sobre porque beber vinhos brancos leia o texto: "10 motivos para gostar de vinhos brancos", clicando aqui.
Dentre os brancos selecionados este ano, há opções de R$ 34,90 a R$ 580,00, em uma ampla gama de estilos. Tenho certeza que algo a seu gosto estará entre eles.
Temos fresquíssimos sauvignon blancs e vinhos verdes, perfumados torrontéses e gewürztraminers, sedosos rieslings, gordos chardonnays de várias origens, e algumas ousadias como um godelho espanhol, um branco grego da uva assyrtico, um impressionante alvarinho do Tejo e um pouco conhecido branco português de exuberante mineralidade (Quinta de Foz de Arouce). Completam a lista alguns consagrados senhores de sotaque francês, como o Les Vieux Clos, um Chassagne Montrachet, um Mersault e o Silex, um de meus brancos prediletos.

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Os Melhores Vinhos Rosés de 2010 |
Planeta à parte no universo de Baco, os rosados são pouco conhecidos, subestimados e subexplorados na eno-gastronomia. Para redimir-nos deste pecado, realizei em fevereiro de 2010 a MAIOR PROVA DE ROSÉS JÁ REALIZADA NO BRASIL. Avaliei às cegas nada menos que 93 vinhos de 12 países e selecionei os que estão aqui hoje. Esta grande prova rendeu 3 matérias que podem ser lidas em:
Planeta Rosa - Parte 1
Planeta Rosa - Parte 2
Planeta Rosa - Parte 3
Existe uma "má fama" histórica e errônea dos rosés. Isso leva anos para ser mudado, mas aos poucos chegamos lá. A gama de estilos de rosados é imensa, vai dos extremamente leves, aos quase tintos. Esta gama de estilo se traduz em uma vasta versatilidade à mesa, indo do aperitivo, à paella, dos frutos do mar aos pratos orientais, passando por Tailândia, ao Japão e China e chegando a cozinha regional brasileira, da moqueca ao vatapá. A única dica em relação aos rosados é buscar safras recentes, com o máximo de 3 anos de idade. São poucos os rosados que envelhecem bem.
Na lista deste ano, a supremacia é da Provence, com vinhos de extrema leveza e elegância. Para os que buscam o estilo mais frutado, os exemplares da Argentina, Bordeaux ou Espanha serão mais adequados. Quem busca algo diferente, experimente um rosado da Córsega, um francês com sotaque italiano, unindo a leveza gaulesa com a aptidão gastronômica da bota.

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Os Melhores Vinhos Doces e Fortificados de 2010 |
Vinhos doces têm sido esquecidos pelo grande mercado nas últimas décadas. Talvez como uma reação contra o abuso dos líquidos meio-doces de baixa qualidade que inundaram as taças dos anos 1970-1980. Muitos esquecem, no entanto, que a maioria dos connaisseurs do mundo antigo gostava de líquidos açucarados.
No Egito, onde o vinho foi a bebida da elite, encontrou-se no túmulo de Tutancamon diversos vasos com a inscrição "vinho doce". Em toda a história do nobre fermentado, os exemplares doces exercem grande fascínio e são muitas vezes descritos como de meditação religiosa, de prazeres filosóficos ou até como luxuriantes ou sensuais. Da classe dos vinhos doces despontam alguns dos maiores rótulos do mundo, como o Château d'Yquem, branco doce da região francesa de Sauternes, em Bordeaux.
Nunca é demais lembrar que aqui falamos de vinhos doces naturais, cujo açúcar vem diretamente da frutose da uva. Nesta categoria incluo também os vinhos fortificados, do tipo Porto, que recebem adição de aguardente vínica durante sua fermentação. Este expediente os torna bastante alcoólicos e normalmente com alguma doçura.
Este ano, o destaque na lista coube a Portugal, país que possui o maior patrimônio mundial em vinhos fortificados, onde figuram não apenas o Porto, mas também o Madeira e os magníficos Moscatéis.

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Os Melhores Vinhos Brasileiros de 2010 |
Há quinze anos acompanho de perto a evolução do vinho brasileiro, organizando provas sistemáticas, às cegas, de seus vinhos de destaque. Vou repetir mais uma vez meu refrão: "o vinho brasileiro melhora a cada ano", complementando que a melhora é lenta, que a qualidade é uma estrada de quilômetros em que percorremos centímetros a cada safra.
Gradualmente a indústria nacional progride. A cada grande prova como esta surgem boas surpresas, novos produtores com vinhos interessantes e novos rótulos de produtores já com prestígio. Há também o outro lado da moeda: produtores que pararam no tempo, e ano a ano cometem os mesmos erros.
Este ano provei algumas centenas de vinhos brasileiros, em várias provas. A maior delas reuniu 80 tintos brasileiros, de 34 produtores e foi MAIOR PROVA DE TINTOS BRASILEIROS já realizada individualmente por um crítico isento. Este material pode ser lido em duas matérias, nos links:
Maior prova de tintos brasileiros - Parte 1
Maior prova de tintos brasileiros - Parte 2
Em minha seleção final de tintos e brancos, com 13 vinhos, mantive apenas um vinho de cada vinícola, tentando retratar o que temos de mais representativo em termos de castas e regiões. Assim tivemos: 2 merlots, 1 tannat, 1 ancelota, 1 teroldego, 1 chardonnay e 7 vinhos de corte.

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Os Melhores Espumantes Brasileiros de 2010 |
Muito já se falou, no Brasil e no exterior, sobre a qualidade de nossos espumantes e a "vocação brasileira para a produção de espumantes". Vou concordar e discordar: sim, produzimos alguns ótimos espumantes, mas nossa produção de vinhos não se resume apenas às borbulhas, temos também potencial para tintos, brancos e rosés.
Este ano provei várias dezenas de espumantes brasileiros, em várias ocasiões. A maior destas provas aconteceu em novembro, à 4 mãos com Charles Metcalfe, e englobou 33 espumantes, com um resultado muito positivo.
Leia mais detalhes sobre esta prova em:
Passaporte para o espumante brasileiro

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Os Melhores Espumantes do Mundo de 2010 |
Nesta categoria competem espumantes de todo o mundo, exceto Brasil. Aqui podemos nos deliciar com Champagnes (França), Cavas (Espanha), Franciacortas (Itália) e estupendos espumantes portugueses, por exemplo.
O 3b Brut Nature é uma excelente compra, com qualidade bem acima do preço. Com excepcional regularidade em sua qualidade, o Ferrari é um clássico italiano. O Champagne Belle Époque é puro charme engarrafado, onde o encanto começa na inconfundível decoração de sua garrafa. Absoluto, o Champagne Krug Clos du Mesnil é a nobreza em forma de espuma, e este 1998, é um bebê, que ainda deve viver muitos anos.

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Os Melhores Vinhos Tintos de 2010 |
O Brasil é uma das mais ricas esquinas do planeta Baco. A variedade de vinhos disponíveis aqui é imensa. Fala-se que algo em torno de 30 mil rótulos de 20 países são importados para o Brasil. O país campeão no quesito diversidade é os EUA, onde aportam nada menos que 80 mil vinhos diferentes de todo o mundo.
Dos vinhos que passeiam pelas taças tupiniquins a maioria é de tintos. Arquétipo de vinho, os tintos dominam o mercado brasileiro e representam cerca de 80% do consumo total de vinhos.
Navegando neste Mar de Vinho selecionei este ano 114 tintos. Nesta lista há opções de 13 países e mais de 40 castas e 50 regiões representadas, entre R$ 29,83 e R$ 2.150,00.
Há aqui de tudo um pouco. Nas castas representadas temos uma longa lista de nomes: Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Baga, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Carignan/Cariñena, Carménère, Corvina, Garnacha/Grenache, Graciano, Malbec, Malvasia Nera, Merlot, Monastrel/Mourvedre, Montepulciano, Nebbiolo, Negroamaro, Nero d´Avola, Petit Verdot, Pinot Noir, Primitivo, Rufete, Sangiovese/Sangioveto, Sousão/Vinhão, Syrah/Shiraz, Tannat, Tempranillo/Aragonês/Tinta Roriz/Tinta Del País/Tinta de Toro, Teroldego, Tinta Grossa, Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira.
Quem provar estes 114 vinhos, além das cepas já citadas, poderá descobrir outras, menos comuns, como: Rubin, Xinomavro, Limnio, Bovale Sardo, Bobal e Grand Noir. Até uvas brancas estão aqui presentes, como Viognier e Muscadelle, misturadas às tintas. Sem falar em castas literalmente desconhecidas, não identificadas, como nos vinhos de "vinhas velhas".
A lista de preços, estilos, regiões, castas, safra é ampla e representa uma volta ao mundo dos aromas e sabores. Tenho certeza que entre os vinhos selecionados haverá algo adequado para você. Até 2011!

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